Entre os tratamentos contra a obesidade, a cirurgia bariátrica tornou-se referência quando o Índice da Massa Corporal (IMC) ultrapassa o valor de 40 (obesidade mórbida). De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), 160 mil bariátricas são realizadas anualmente no país.
20% dos pacientes voltam a engordar
Procedimento que leva em conta aspectos sociais e psicológicos e requer reorganização de padrões alimentares e comportamentais, a cirurgia bariátrica apresenta resultados visíveis para a maioria dos pacientes, embora entre 15 a 20% deles recuperem parte do peso perdido. “É comum o ganho de até 10% do peso, mas os quilos podem aumentar em até 20% do excesso retirado, explica o cirurgião do aparelho digestivo, Rodrigo Barbosa.
Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva e médico dos hospitais Sírio Libanês e 9 de Julho, em São Paulo, Barbosa alerta ser preciso verificar alguns parâmetros. Dentre eles: se foi pessoa atingiu a meta estipulada antes da operação; os níveis dos marcadores de saúde como colesterol e glicemia; a reincidência de doenças ou problemas relacionados à obesidade.
Cirurgia não pode ser refeita
A diminuição drástica de massa muscular, que é perdida com o excedente de massa gorda, faz o corpo gastar menos calorias e estocar gordura. Para Barbosa, é importante rever os aspectos relacionados e não apenas o número de quilos identificados na balança para definir a estratégia e reverter o problema. “Não dá para refazer a mesma cirurgia, mas corrigir o fator causador do reganho de peso”, garante.
Dentre as opções terapêuticas, estuda-se a associação da bariátrica com o uso de medicação para diabetes (inibidoras de apetite) em situações de pós-operatório. Quando a bariátrica é do tipo “sleeve” (cirurgia que utiliza uma microcâmera para guiar o grampeamento da parte vertical do estômago), a resolução é simples, mas requer acompanhamento psicológico, nutricional e endocrinológico do paciente.
Cirurgia funciona como reeducador alimentar
Além de reduzir o estômago, o desvio no intestino funciona como um reeducador alimentar, devido à difícil aceitação de carboidratos simples ingeridos. Ou seja, é comum os pacientes terem náuseas, vômitos, calafrios na tentativa de ingestão desses alimentos.
São duas opções viáveis para quem já se submeteu à bariátrica: estender o desvio do intestino ou utilizar plasma de argônio: o primeiro apresenta baixo índice de sucesso caso haja manutenção de hábitos alimentares ruins e o segundo é endoscópico, diminuindo o calibre das emendas entre o estômago e o intestino realizadas na bariátrica e garante que o paciente coma menos durante algum tempo.
“Nenhum procedimento irá funcionar, porém, sem mudança de comportamento associado à obesidade, como a qualidade da alimentação e a atividade física de rotina. Voltar a ter saúde e recuperar a autoestima requer preparo psicológico para o paciente bariátrico”, finaliza Barbosa.