A Caixa Econômica Federal liberou na segunda-feira (27) os saques para trabalhadores que estão recebendo o auxílio emergencial por meio da poupança social digital. Para evitar aglomerações, a Caixa estabeleceu um calendário para quem necessitar sacar, em espécie, o auxílio direto da poupança digital:
27 de abril – para os nascidos em janeiro e fevereiro
28 de abril – para os nascidos em março e abril
29 de abril – para os nascidos em maio e junho
30 de abril – para os nascidos julho e agosto
4 de maio – para os nascidos em setembro e outubro
5 de maio – para os nascidos em novembro e dezembro
Apesar disso, a reclamação de grande parte dos trabalhadores que necessitam do benefício é que nem ao menos tiveram suas solicitações aprovadas no aplicativo do banco.
O tema voltou aos trending topics do Twitter durante esta semana. Uma das reclamações é que quando as pessoas que estão com a situação “em análise” ligam para o 111 da Caixa e são informadas que não são aptas a receber o benefício.
Mãe e filha tem benefício negado
É o caso da fotógrafa Aleksandra Jady Almeida Lucena, de 28 anos, moradora de Santarém, no Pará. A profissional relatou à reportagem do nd+ que fez o cadastro dela e da mãe, a costureira Marlete Almeida Lucena, de 61 anos, no dia 7 de abril, porém, a situação seguia “em análise” no aplicativo até a terça-feira (28).
“Na última quinta-feira (23) tentava entrar no aplicativo e dava como se eu não tivesse cadastro. Quando fui refazer já tinha algumas informações, parecia que tinham perdido uma parte dos meu dados. Fiz novamente e até hoje (28) estou em análise”, relata a fotógrafa.
Na terça a profissional ligou para o número 111 para tirar dúvidas sobre o benefício. Porém, para a surpresa da profissional, foi informada que ela não atendia os requisitos para receber o auxílio.
“Liguei para saber a situação da minha mãe e foi dita a mesma coisa”, afirmou.
Questionada se havia sido dado um motivo para a recusa do benefício, a fotógrafa afirmou que apenas uma gravação informou que ela não estaria apta.
“Enxergo a situação como desorganização e descaso. Desorganização por fazer aplicativos sem muitas explicações e descaso porque não ligam para o povo, acho que em todos os aspectos”, reclama.
Artesã catarinense segue em espera
A artesã de Florianópolis, Mariana de Souza, de 34 anos, segue o mesmo problema. Ela afirmou à reportagem que fez o cadastro no início do mês e há cerca de duas semanas recebeu uma mensagem afirmando que haveria alguns erros no cadastro.
“Aparecia uma mensagem genérica no aplicativo que poderia ter CPF de algum óbito, datas e nomes não correspondentes, mas não informava o real motivo. Refiz o cadastro há quatros dias, e agora segue em análise”, relatou a artesã.
Reclamações em todo o país
Sarah Soares da Silva, de 24 anos, é moradora de Caucaia, no Ceará, e está desempregada há três anos. Ela relatou à reportagem que fez o cadastro pelo aplicativo no dia 7 de abril e até a quarta-feira (29), a aprovação seguia “em análise”.
“Já saiu o recadastro para várias pessoas, e o meu não sai da análise. É um descaso muito grande, é angustiante e torturante”, reclama Sarah.
A forma para obter respostas acabou sendo através das redes sociais.
“Ninguém dá uma resposta concreta, só falam que nessa semana saí, e nunca chega nessa semana, nas redes sociais é o único lugar que podemos aparecer para quem sabe cobrar uma posição”, alega.
A carioca Nathalia Meirelles, de 21 anos, é mais uma que segue o problema. Ela tem uma filha de cinco meses e está afastada do mercado de trabalho desde a gestação. Ela fez a inscrição para receber o auxílio ainda no início de abril, mas até esta quarta-feira, seguia sem respostas.
“Eu acredito que muitas pessoas que não precisavam acabaram se cadastrando e consequentemente atrasando o lado de quem precisa de verdade”, afirma Nathalia.
Para a moradora da capital Fluminense, não é o momento de apontar a culpa apenas no Governo Federal.
“Se a gente não se preocupa com o próximo, não adianta só culpar o governo. Ouvi muitas pessoas que se cadastraram e conseguiram o auxílio, outras que tem boa situação de vida e também conseguiram”, relata.
Contraponto
A reportagem entrou em contato com a Caixa Econômica Federal e a instituição informou que conforme determina o Decreto 10.316/2020, que regulamenta o Auxílio Emergencial, a análise de elegibilidade dos cidadãos inscritos no Cadastro Único até o dia 20 de março 2020, sendo beneficiários ou não do Bolsa Família, é feita de forma automática pela Dataprev.
Segundo a nota, essa instituição do Governo Federal é a responsável por verificar se o cidadão cumpre todas as exigências previstas na lei, independentemente da atualização do cadastro.
A Caixa ressaltou ainda que após a consulta, se o retorno da análise da Dataprev for “Dados inconclusivos”, o cidadão pode realizar uma nova solicitação. Caso o resultado for “Benefício não aprovado”, a pessoa poderá contestar o motivo dessa não aprovação ou realizar uma correção de dados através de nova solicitação.
Essas solicitações devem ser pelo APP Caixa Auxílio Emergencial ou pelo site auxilio.caixa.gov.br.