Se antes moradores de Presidente Getúlio tentavam entender a tragédia que destruiu dezenas de casas e matou 18 pessoas, agora a ficha caiu. Um mês depois da enxurrada, estão na fase de tentar buscar maneiras de reconstruir novos lares, mobiliar as casas a partir do zero e seguir em frente. Difícil é olhar o pouco que restou sem deixar o desânimo tomar conta.
Maria Ewers, 51, ainda chora ao olhar o terreno vazio na Rua Getúlio Vargas, a principal do bairro mais atingido, o Revólver. Antes, ele abrigava a casa em que ela vivia com o marido, um jardim florido, área externa com piscina e uma oficina mecânica, que trazia o sustento da família. Apenas a piscina não foi levada pela avalanche de lama que desceu dos morros que circundam a cidade.
No terreno de Maria o cenário já está diferente em comparação ao dia 17 de dezembro, quando tudo aconteceu. O pouco que restou da casa foi demolido, o container arrastado para o outro lado da rua foi devolvido ao lugar, a terra e entulhos acumulados foram retirados por caminhões.
No Centro, os únicos indícios de que houve a tragédia são algumas marcas nas paredes, que denunciam a altura a que a água chegou, pequenos volumes de terra amontoados em alguns cantos e uma poeira baixa, que é combatida com vassouras e caminhões-pipa.
O prefeito Nelson Virtuoso calcula que 90% das limpezas nas ruas foram concluídas, mas os serviços de reconstrução devem durar pelo menos um ano. Foram quase 40 pontes destruídas, 14 mil metros quadrados de pavimentação, tubulações entupidas ou arrancadas pela força da água, espaços como escolas e unidades de saúde tomados pela lama e veículos municipais totalmente danificados. Prejuízo de cerca de R$ 25 milhões, conforme o levantamento mais recente da prefeitura.
— Tem lugares que estamos conseguindo chegar somente agora, então esse valor provavelmente vai aumentar, infelizmente o estrago foi muito grande — constata Virtuoso.
Além disso, há estabelecimentos que mudaram de local. Uma farmácia fechou e concentrou o atendimento em apenas uma loja. Formalmente nenhum negócio foi encerrado até o momento, mas os prejuízos com mercadorias perdidas e danos já são estimados pela Associação Empresarial e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Presidente Getúlio: quase R$ 30 milhões.
Para minimizar o impacto, o governo do Estado oferece linhas de crédito de R$ 30 mil a R$ 200 mil a juro zero. O Recomeça SC disponibilizará R$ 30 milhões aos empreendedores atingidos pela tragédia nas três cidades do Alto Vale.
Veja, em fotos, como estava Presidente Getúlio na semana da tragédia e nesta terça-veira (12), quase um mês depois do ocorrido:
Antes e depois de Presidente Getúlio