RECEBA NOTÍCIAS NO SEU WHATSAPP
CLIQUE AQUI
As cenas registradas no Afeganistão desde o último fim de semana têm surpreendido pessoas ao redor do mundo. Neste domingo (15), o grupo fundamentalista islâmico Talibã voltou ao poder do país asiático, dominou a capital Cabul e causou a fuga de civis daquele território.
Imagens que circulam em veículos de imprensa e nas redes sociais mostram a intensa movimentação que ocorreu nesta segunda-feira (16), no aeroporto internacional de Cabul. Pessoas invadiram a pista e tentaram entrar nos aviões; em alguns vídeos é possível ver que afegãos se penduravam em aeronaves na tentativa de deixar o local.
Entre os anos de 2010 e 2011, o catarinense Alexandre Danielli conheceu bem de perto os desafios enfrentados pela população afegã diante do Talibã – grupo que segue as diretrizes radicais da Sharia, o conjunto de leis islâmicas. Morador dos Estados Unidos desde 2002, Alexandre, que nasceu em Joaçaba, se tornou Fuzileiro Naval em 2008 e foi enviado para a guerra junto às forças militares norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os militares estiveram no Afeganistão durante os últimos 20 anos.
Segundo Alexandre, o território afegão é um local estratégico para o terrorismo. “O Afeganistão era o terreno dos terroristas. Eles treinavam lá, vendiam drogas e com a ocupação, acabamos com tudo isto”, conta.
No regime imposto pelo Talibã a população é submetida a uma série de restrições religiosas, culturais e sociais. Alexandre relata que, durante os meses em que esteve no Afeganistão, entendeu a forma de domínio do grupo fundamentalista.
“O Talibã domina pelo medo, tortura, vingança e ameaças. As mulheres têm menos valor do que um animal para eles.”
De acordo com o veterano de guerra, o medo é o grande causador do desespero dos afegãos e o grande motivador para que as pessoas queiram sair da região.
“As pessoas estão fugindo do país pelo medo. A tortura é uma assinatura muito forte do Talibã e quem aceitou ajuda ou ajudou a OTAN irá sofrer”, explica.
Conflito complexo no Afeganistão
Além do Afeganistão, Alexandre esteve em missões no Iraque, Irã, Paquistão, Quirguistão e Yemen. Entre os anos de 2010 e 2011, os mais violentos do conflito, o Fuzileiro conta que perdeu vários companheiros em combates contra os grupos fundamentalistas.
“Fiquei 8 meses na guerra do Afeganistão; 2010 e 2011 foram os anos mais violentos. Houve muito combate e perdi muitos colegas”.
Questionado sobre possíveis soluções para a região, Alexandre afirma que esse é um problema que está longe de ser resolvido. Ele conta que a população do país sustenta conflitos de séculos e rixas entre famílias, o que colabora com o clima de hostilidade entre os grupos.
“Quando a gente recrutava algum jovem para virar soldado afegão, a família rival deles mandava o filho para virar Talibã. Eles não admitiam as famílias estarem no mesmo grupo”, explica.
“A OTAN ou a ONU deveriam manter tropas por lá definitivamente. A caça ao Talibã, Al Qaeda e ISIS deveria ser constante”, finaliza.
Em abril de 2019, Alexandre Danielli foi entrevistado por Danilo Gentili, no programa The Noite. Confira:
Alerta internacional
Nesta segunda-feira (16), Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, se pronunciou e afirmou que as autoridades do Afeganistão não quiseram reagir contra o grupo extremista. Biden disse que não se arrepende de ter tirado os militares norte-americanos do Afeganistão e que civis americanos terão auxilio para sair da região.
“Autorizei 6.000 soldados dos EUA a se deslocarem para o Afeganistão para ajudar na partida do pessoal civil dos EUA e Aliados do Afeganistão – e para evacuar nossos aliados afegãos e afegãos vulneráveis para a segurança fora do país.”
No último domingo, Malala Yousafzai, ativista, defensora da educação de meninas e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, se pronunciou por meio das redes sociais e demonstrou grande preocupação com o retorno do Talibã ao Afeganistão.
“Assistimos em completo choque enquanto o Taleban assume o controle do Afeganistão. Estou profundamente preocupado com as mulheres, as minorias e os defensores dos direitos humanos. As potências globais, regionais e locais devem exigir um cessar-fogo imediato, fornecer ajuda humanitária urgente e proteger refugiados e civis”, afirmou.
POR: CAMILLA MARTINS – SCC10
SIGA AS REDES SOCIAIS DA RÁDIO EDUCADORA: INSTAGRAM, FACEBOOK e YOUTUBE.