Rui Car
01/12/2021 14h50

JEC define modelo de clube-empresa e pode vender até 90% de suas ações; entenda

Comissão que estudou detalhamento da Sociedade Anônima do Futebol apresentou cronograma de ações para começar a receber investimentos em breve

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Comissão que estudou a SAF no JEC apresentou os detalhes em evento realizado na Acij (Foto: Reprodução / SouJEC)

Comissão que estudou a SAF no JEC apresentou os detalhes em evento realizado na Acij (Foto: Reprodução / SouJEC)

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O JEC está no processo para implementação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) e vai se tornar clube-empresa. Os detalhes foram apresentados na noite desta terça-feira (30), em evento aberto a comunidade, na Acij. Uma comissão formada por conselheiros do clube já vem há quatro meses estudando e ouvindo especialistas no assunto, para formatar um plano que se adeque às realidades do Tricolor. No modelo considerado ideal por essa comissão, o JEC SAF poderá ter até 90% de suas ações vendidas para investidores, enquanto 10% ficam com o clube associativo, como forma de segurança do JEC para proteger sua marca, cores, símbolos e história. 

O líder da comissão que estudou o assunto no clube é o conselheiro – especializado em Gestão do Esporte – Geraldo Campestrini. Em entrevista exclusiva à CBN Joinville, Campestrini destacou que é importante ter calma, mas que o processo está em andamento com foco total no bom desenvolvimento do clube.

 

O que a gente propõe é que o clube tem a cabeça no lugar, possa fazer essa abordagem ao mercado de forma consistente e de forma a proteger o clube, achar o bom investidor, maus investidores no futebol existem aos montes“, disse Campestrini ao jornalista Yan Pedro. 

 

A lei da SAF apresenta três modelos que podem ser seguidos. A criação de uma SAF do zero; a migração completa da associação em SAF e o terceiro cenário, que foi o escolhido pelo Joinville: separar o clube associativo do departamento de futebol. Desta forma, o JEC passará a ter seu futebol dividido em ações que serão administradas em um modelo híbridro, enquanto a associação segue com seus sócios, como é hoje. As ações do futebol poderão ser compradas por grandes grupos empresariais e também por investidores menores. De acordo com a comissão que analisou o assunto, o JEC classificou como “investidores qualificados” aqueles que tem experiência no futebol, já investem em ligas europeias de ponta ou em franquias esportivas nos Estados Unidos. Segundo Geraldo Campestrini, investidores desta natureza tem o perfil ideal, já que não visam apenas o lucro, mas também levam em conta o processo de desenvolvimento das marcas em que investem. 

 

DIVISÃO DE PODER

 

De acordo com a legislação federal, a SAF deve destinar 20% das receitas e 50% dos eventuais lucros para a associação pagar dívidas passadas. Desta maneira, o saneamento dos débitos vai ocorrendo ao mesmo passo em que o clube consegue se estruturar. A comissão planeja que um Conselho de Administração da SAF seja criado para acompanhar e fiscalizar os trabalhos. 

 

Além dos qualificados, investidores minoritários também poderão aportar recursos no clube. Isso abre espaço para que a comunidade joinvilense, com empresários e torcedores, também possam ser acionistas e façam parte da administração do JEC. Essa participação minoritária, como forma de proteção às finanças do clube, será limitada a até 2% como Pessoa Física e 5% como Pessoa Jurídica. Dessa forma, a divisão das ações dentro do Tricolor ficaria da seguinte maneira: 

 

– JEC CLUBE ASSOCIATIVO: 10%

– INVESTIDOR QUALIFICADO: 51%

– INVESTIDOR MINORITÁRIO: 39%

 

Outros clubes brasileiros, como Botafogo e Cruzeiro, por exemplo, também estão estruturando suas SAFs, mas com modelos que dificilmente atrairão investidores. As propostas destes dois clubes deixam o controle majoritário nas mãos do clube associativo e não de quem está aportando recursos. A proposta do JEC vai no sentido contrário, o investidor terá total liberdade para fazer a gestão do futebol e marketing do clube, o que facilita a busca por interessados. O trabalho da comissão tricolor, neste momento, será de formalizar pontos que sejam interessantes para o investidor e seguros para a manutenção da identidade do clube.

 

A comissão tem uma ideia de proteger o Joinville Esporte Clube […], trazer investidores qualificados, que entendam de futebol e possam potencializar todas as oportunidades que o JEC apresenta, e ao mesmo tempo ter uma participação da comunidade, através de ações em que o torcedor e o empresariado local possam participar dessa transformação“, explicou Campestrini. 

 

CRONOGRAMA

 

A partir de agora, o JEC passa para a etapa de firmar parceria com uma consultoria especializada, que vai auxiliar na formatação do novo modelo de negócio, na definição da valoração do clube e, também no futuro, vai ser um parceiro importante para captar os investidores no mercado. Ao mesmo passo, internamente, o clube trabalha na remodelação dos seus estatutos e adequação legal para que o Joinville Esporte Clube se transforme em “Joinville Esporte Clube SAF”. 

 

Com o novo modelo de gestão e governança, a ideia é profissionalizar os processos internos para consolidar uma credibilidade junto a eventuais investidores. E com a SAF criada, a lei permite que o clube (mesmo sem ter investidor definido) já faça negociações de suas dívidas com financiamentos e pagamentos facilitados. 

 

A última etapa deste processo é de fato ir ao mercado em busca de grupos especializados que queiram investir no futebol do JEC para se tornar o controlador de maior poder no clube. Esta etapa, segundo o conselheiro Geraldo Campestrini, pode levar alguns anos e não precisa ser feita às pressas. Segundo ele, o simples fato da implementação da SAF e da profissionalização dos processos já pode ajudar o clube a caminhar melhor nos próximos anos. O processo de implementação está em andamento e, com o decorrer das etapas, alguns detalhes ainda podem ser alterados, mas de modo geral, a SAF no JEC deve seguir estes caminhos. 

A comissão projetou uma ordem quatro anos, pelo menos, pra transição pra profissionalização e começar a receber investimentos […]. E a gente tem um desenho que até abril ou maio o JEC já está apto, possivelmente, a se converter em sociedade empresarial no modelo da SAF“, apontou Campestrini. 

Fonte: Jota Deschamps e Yan Pedro / CBN Joinville 95,3 FM / NSC Total
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