Rui Car
15/04/2024 08h39

Conflito entre Irã e Israel pode impactar economia catarinense

Diplomacia internacional entra em ação para evitar nova guerra, que normalmente resulta em crise econômica global

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Plataforma de petróleo (Foto: Correio SC)

Plataforma de petróleo (Foto: Correio SC)

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O amplo ataque do Irã a Israel, no sábado (13), com mísseis e drones, em resposta ao bombardeio de Israel à embaixada do país na Síria no começo do mês, trouxe nova preocupação ao mundo. Isso porque o efeito principal pode ser uma nova crise econômica global, com impactos na economia catarinense. Para o economista-chefe da Federação das Indústrias de SC (FIESC), Pablo Bittencourt, os reflexos imediatos são a alta do preço do petróleo e do dólar.

 

Os reflexos econômicos serão basicamente os seguintes: no curto prazo, o preço do petróleo sobe e o real desvaloriza (com a alta do dólar) na próxima semana. Deverão se manter mais altos do que atualmente nas semanas seguintes, talvez meses. A depender da intensidade, pode sim limitar a queda da taxa de juros. E, no longo prazo aumenta a chance de divisão geopolítica internacional em torno dos Estados Unidos e China“, analisou Pablo Bittencourt.

 

A preocupação imediata de alta do petróleo é porque um terço da produção mundial da commodity passa pelo Estreito de Ormuz, na região do conflito. Analistas avaliam que o preço do barril de petróleo tipo brent, que custava até a última semana em torno de US$ 90 no mercado mundial, pode subir para US$ 100 ou até mais (alta de 11%). Mas a maioria é cautelosa porque a economia mundial não está aquecida.

 

O aumento do petróleo no mercado internacional força reajuste dos combustíveis, o que gera inflação. E o dólar alto também é inflacionário. Isso impede o Banco Central de baixar ainda mais os juros e vai causando uma crise em cascata porque a inflação tira poder de compra do consumidor.

 

Esse efeito perverso afeta a economia do país de um modo geral, incluindo a de Santa Catarina. Como o mesmo efeito acontece nos outros países, o setor produtivo do Estado poderá enfrentar dificuldades para vendas tanto no mercado interno quando no mercado externo caso o conflito não se encerre com esses dois ataques entre as partes.

 

Mas para o setor público ocorre inicialmente uma vantagem, que é o aumento da arrecadação em função da alta dos preços. Isso ficou claro em 2022 com a guerra na Ucrânia, quando motivou até corte de alíquotas de impostos de combustíveis no Brasil.

 

Uma nova guerra é mais um entrave e prolonga o baixo nível de atividade econômica, problema que vem desde a guerra da Ucrânia, e que dura mais de dois anos em diversos países. O conflito da Faixa de Gaza também trouxe preocupações, mas com menores efeitos na economia global.

 

Por isso, desde que souberam das dimensões do ataque a Israel, organismos internacionais e países se empenham pelo fim do conflito. Entre os que entraram em ação pela paz neste domingo estão o G7, Grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

 

O problema também será levado à Organização das Nações Unidas (ONU). Se os ataques pararem agora, os efeitos econômicos serão menores. Mas se continuarem e limitarem o transporte de petróleo, os riscos de crise se acentuarão.  

 
Fonte: Estela Benetti / NSC Total
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