Representante da Geração 2000 de Santa Catarina, o artista Sérgio Adriano H abre a mostra individual “Não Consigo Respirar”, no sábado (11), na Fama (Fábrica de Arte Marcos Amaro) Museu, em Itu, interior de São Paulo.
Criado em 2018 pelo artista e colecionador que lhe empresta o nome, a Fama é um prestigiado espaço de arte contemporânea. Sérgio tem vinte anos de carreira, inserido em coleções públicas e privadas, em acervos de museus importantes do Brasil.
Além disso, o artista é objeto de estudos e pesquisas publicados. Com mais de 100 exposições individuais e coletivas, referência no cenário brasileiro de arte contemporânea afrodescendente. Conquistada pelo edital da instituição, o artista prevê a inclusão de uma obra no acervo.
Quando decidiu viver de sua arte, em 2013, Sérgio Adriano traçou um plano que prevê, entre outras estratégias, estar em constante movimento e viver entre a catarinense Joinville, sua cidade natal, e São Paulo, onde no seu apartamento mantém a Residência Artística Diva 44.
Ressignificação e apropriação
Ele se expressa por meio de fotos, objetos, instalações e performances. A exposição “Não Consigo Respirar” é produzida pela Galeria Choque Cultural e tem curadoria de Claudinei Roberto da Silva.
Na apresentação, Claudinei diz que a obra de Sérgio Adriano H é uma das mais contundentes no cenário contemporâneo da arte afro-brasileira.
“De modo substantivo, procura refletir sobre os danos que o racismo estrutural vem secularmente causando aos negros e negras do Brasil. São várias as estratégias a que o artista recorre para dar expressão estética a sua indignação ética”.
O curador explica ainda que o corpo do próprio artista é “acionado e oferecido nu em performances” onde se discute a coisificação de homens e mulheres na história dos herdeiros da diáspora afro atlântica no país.
Claudinei selecionou 10 trabalhos: entre os inéditos, está o que dá nome à mostra, “Não Consigo Respirar”, uma instalação com duas frases recortadas em placa de acrílico: “Nasceu Preto, Viado e Pobre” e “Deve Ter Feito Algo Muito Grave na Outra Vida”.
Ao se apropriar das últimas palavras de George Floyd, negro norte-americano que em 2020, nos Estados Unidos, foi algemado, jogado ao chão e sufocado até a morte por um policial branco, Sérgio Adriano se preocupa com o drama dos rejeitados.
Os outros trabalhos de 2021 são da série “Sonho”, onde o artista borda a palavra em um pano de chão, “História do Brasil – Verde e Amarela”, um objeto de parede, e “Meritocracia”, um objeto.
De 2018, inclui a fotografia “Quem É Quem no Brasil”, e de 2019, objetos da série “Guia dos Bens Tombados do Brasil”, da “Enciclopédia da Beleza Feminina” e “Brasil, Brasileiro”.
Fonte: ND+