Rui Car
04/08/2023 10h50

Fóssil de baleia gigante descoberto no Peru pode ser de espécie mais pesada que já viveu na Terra

Com 20 metros de comprimento e pesando até 340 toneladas, animal supera a massa de qualquer mamífero ou vertebrado aquático conhecido

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P. Colossus teria vivido há cerca de 30 milhões de anos atrás (Arte: Reprodução / Alberto Gennari)

P. Colossus teria vivido há cerca de 30 milhões de anos atrás (Arte: Reprodução / Alberto Gennari)

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Em estudo científico publicado na Revista Nature, nesta quarta-feira (2), paleontólogos italianos detalham a descoberta de um fóssil que seria o novo candidato a animal mais pesado que já viveu na Terra: se trata da Perucetus colossus, nome científico dado para a espécie que seria ancestral das baleias. O animal, que teria vivido há cerca de 30 milhões de anos e pesaria até 340 toneladas, ultrapassa a massa de qualquer mamífero ou vertebrado aquático conhecido. A baleia colossal peruana teria também uma média de 20 metros de comprimento e uma cabeça desproporcionalmente pequena.

 

De acordo com os pesquisadores, apenas alguns dos maiores espécimes de baleia azul podem ter rivalizado com o peso do Perucetus – que recebe esse nome pois os ossos fossilizados da criatura foram desenterrados em deserto no sul do Peru. De acordo com o Guinness World Records, a maior baleia azul já registrada pesava 190 toneladas. No entanto, mesmo essas espécimes não são mais encontradas nos dias atuais, devido à intensa pesca comercial do animal nos últimos anos.

 

O Perucetus teria sido menor que a baleia azul, mas muito mais pesado (Arte: Reprodução / Giovanni Bianucci)

 

De acordo com o artigo, o Perecetus pertencia à família dos Basilosauridae, o primeiro grupo de mamíferos completamente aquáticos de que se tem notícia. O longo comprimento não foi exatamente uma novidade, mas essa é a primeira evidência de que eram tão pesados.

 

Diferentemente das baleias azuis, que são até mesmo maiores em tamanho, ultrapassando os 20 metros, o ancestral peruano teria vértebras muito maiores e muito mais densas, fazendo do Perecetus um animal “compacto” e mais inchado que seus irmãos de espécie.

 

Apesar do tamanho descomunal, essa característica os tornaria nadadores pouco ágeis e, por isso, uma alimentação baseada em peixes é pouco provável.

 

Segundo os autores, existem algumas teorias sobre o padrão alimentar dos animais, todas especulativas, mas uma chama atenção: a de que o Perecetus seria um animal necrófago, ou seja, se alimentava de carcaças subaquáticas de algum outro gigante – o que alimenta a possibilidade da existência de animais ainda maiores.

 

Outra característica curiosa dos gigantes é a cabeça inesperadamente pequena. Enquanto essa parte do corpo representa cerca de um terço da massa das maiores baleias contemporâneas, a do Perecetus não chegava a 10% do peso total do animal.

 

Primeira evidência do animal gigante foi descoberta em 2010 (Foto: Giovanni Bianucci / Divulgação)

 

O fóssil foi descoberto em 2010, após o grupo internacional de cientistas passar décadas investigando o deserto em busca de ossos do animal. De lá para cá, foram necessários muitos estudos arqueológicos, paleontológicos, históricos e biológicos para compreender toda a complexidade do Perecetus.

 

Para bancar a manutenção da pesquisa, o grupo organizou uma campanha de financiamento coletivo, que almeja alcançar 25 mil francos suíços (equivalente a R$ 136 mil). O objetivo agora é dar continuidade às escavações, para encontrar fósseis mais completos e que possibilitem um melhor estudo da anatomia, ou até mesmo a descoberta de outros animais do mesmo período.

 

As vértebras encontradas estão em uma exibição temporária no Museu de Lima, capital do Peru. 

 

Para comemorar a descrição na revista científica, o fóssil está exposto temporariamente na capital peruana (Foto: Rodolfo Salas-Gismondi / Niels Valencia / Divulgação)

 
Fonte: Diário Catarinense / NSC Total
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