Rui Car
04/02/2023 09h09

Fotógrafo catarinense registra imagens incríveis de galáxias e estrelas

Com a ajuda de um telescópio e uma câmera, o fotógrafo costuma fazer os registros do espaço da cidade onde mora, Joinville

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Fotos: Luiz Ricardo Pereira / Divulgação

Fotos: Luiz Ricardo Pereira / Divulgação

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Galáxias, estrelas e nebulosas são alguns dos corpos celestes registrados nas astrofotografias de Luiz Ricardo Pereira. Com a ajuda de um telescópio e uma câmera, o fotógrafo costuma fazer os registros do espaço da cidade onde mora, Joinville, no Norte do estado.

 

Conhecida por ser uma cidade chuvosa, o fotógrafo de 33 anos afirma que realizar este tipo de fotografia em Joinville é um desafio. “O céu aqui raramente fica aberto o suficiente para permitir tirar as fotos”, comenta.

 

As fotografias registradas por Luiz são chamadas de “objetos de céu profundo”, ou seja, coisas que estão longe, fora do sistema solar, como as nebulosas, galáxias e estrelas.

 

Foto do céu do hemisfério sul em Urubici, feita sem telescópio. A fotografia se tornou contracapa da Revista brasileira de Astronomia em agosto de 2022 – Foto: Luiz Ricardo Pereira/Divulgação/ND

 

Por estarem tão distantes e no meio do “céu escuro”, não podem ser realizadas a qualquer momento. A presença de nuvens e luz atrapalha o registro, explica Luiz, inclusive o brilho da lua.

 

Para a astrofotografia de objetos de céu profundo, como de nebulosas, a lua interfere muito. Quanto mais próximo da lua cheia, mais ela brilha. E portanto, mais o brilho da lua atrapalha na captura dos objetos. Isso significa que quanto mais próximo da lua nova, que é quando a lua está sem brilho nenhum, ou quase sem brilho, melhor pra nós astrofotógrafos”, cita.

 

Eclipse lunar parcial, registrado em 16 de Julho de 2019. “Foi o primeiro eclipse que consegui observar e registrar com o telescópio. Um evento desses é indescritível”, conta Luiz. – Foto: Luiz Ricardo Pereira/Divulgação/ND

 

O equipamento também precisa ser adequado. O especialista explica que, em vez de “lentes objetivas”, é necessário utilizar o telescópios. Além disso, é necessário paciência, já que, para fazer um único registro, o fotógrafo pode levar horas.

 

Equipamento utilizado por Luiz para fazer os registros – Foto: Luiz Ricardo Pereira/Divulgação/ND

 

Luiz explica que, na fotografia de locais escuros, é preciso que o fotógrafo ajuste o tempo de exposição da lente. Ou seja, ao dar o “clique” para capturar a fotografia, a lente fica aberta e entra mais luz, deixando a imagem mais clara.

 

Em uma fotografia do dia a dia, esse tempo de exposição aplicado pode ser bastante curto, de um segundo, por exemplo. Na astrofotografia, são horas.

 

 

Para fazer um registro da nebulosa de Gabriela Mistral, por exemplo, foram quase 4 horas de exposição. “Ou seja, são quase 4 horas apontando o telescópio e a câmera para a nebulosa e capturando a luz dela, para fazer este registro”, afirma.

 

Porém, para evitar passagens de nuvens, aviões e pássaros, o fotógrafo faz várias fotos de tempos mais curtos e, posteriormente, junta todos os registros em um programa de computador.

 

Nós separamos a exposição total em várias fotos de menor duração. Ainda usando essa foto da Gabriela Mistral como exemplo, foram 23 fotos de 10 minutos cada uma, que, somadas através de um programa de computador, dão 3 horas e 50 minutos de exposição total”, explica.

 

A paixão pelo hobby

 

Apesar de levar a atividade muito a sério, a astrofotografia, hoje, é um hobby para Luiz, que trabalha como gerente de relacionamento em uma empresa da cidade. O morador de Joinville se dedica aos registros do espaço há, pelo menos, quatro anos.

 

Primeiro eu me interessei pela astronomia amadora. 2009 foi o ano internacional da astronomia, promovido pela Unesco e houveram várias campanhas de divulgação. Eu fui fisgado por uma delas! Conheci a astronomia por programas que passavam na antiga TV Escola. Ainda em 2009 eu comprei um kit para construir um telescópio amador em casa, e aí já era, foi paixão”, lembra.

 

Messier 42, a Nebula de Órion – Foto: Luiz Ricardo Pereira/Divulgação/ND

 

Foram alguns anos observando o céu a olho nu, com o telescópio que montou em casa até começar as fotos. No início, Luiz apontava a câmera no telescópio e fotografava a lua e alguns planetas que, segundo ele, são alvos mais fáceis.

 

Eu comecei mais sério mesmo na astrofotografia em 2019, quando comprei os primeiros equipamentos dedicados a isso. Mas é só hobby mesmo, embora seja um hobby bem sério”, brinca.

 

Prestigiado

 

O hobby já rendeu frutos. Uma fotografia registrada em Urubici foi contracapa da edição de agosto da Revista Brasileira de Astronomia.

 

Além disso, algumas das fotos feitas por Luiz estão fazendo parte da exposição de astrofotografia feitas por catarinenses no Observatório Astronômico de Videira.

 

Messier 16, a Nebulosa da Águia e os Pilares da Criação!Registro feito em Julho de 2022. Conforme Luiz, a Nebulosa da Águia (Messier 16, NGC 6611) é um jovem aglomerado estelar aberto localizado na constelação de Serpente.Fica a 7000 anos-luz da terra, e pode ser vista a olho nu em locais de céu escuro, embora de forma bem tênue.Foram necessárias3 horas de exposição para completar o registro. – Foto: Luiz Ricardo Pereira/Divulgação/ND

 

Fonte: Fernanda Silva / ND+
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