O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com o Instituto Cultural Mauricio de Sousa, lançou uma revista em quadrinhos sobre o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres. O lançamento faz parte das ações do governo federal no mês da mulher
O quadrinho foi lançado nos formatos físico e digital e é destinado, sobretudo, ao público infanto-juvenil. A ‘Turma da Tina’ aborda a igualdade dos direitos de mulheres e homens e como enfrentar os vários tipos de violência sofridas por mulheres e meninas na sociedade brasileira.

Foto: @mauricioaraujosousa / Instagram
Os personagens de Mauricio de Sousa estão em uma aula na faculdade aprendendo exemplos de violência mental, física, econômica e sexual contra as mulheres, que podem ser praticadas de muitas formas.
No gibi, a professora de história dona Ruth explica aos alunos que a violência doméstica é praticada em vários contextos. Dentro e fora da casa da vítima, por familiares e amigos e pelo agressor que mantém ou teve relação íntima com a mulher, como o ex-companheiro ou marido.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Nos desenhos, Mauricio de Sousa mostra as limitações impostas pela violência às mulheres e que essa brutalidade pode resultar no crime de feminicídio, previsto desde 2015 no Código Penal brasileiro, quando uma mulher é assassinada pelo fato de ser mulher.
Os exemplos citados no gibi têm o proposito de ajudar a sociedade a identificar comportamentos considerados aparentemente corriqueiros e normais como verdadeiras formas de violência.
Outra lição é a do personagem Ivo, que sente um ciúme descontrolado da namorada. Ivo é aconselhado a procurar ajuda profissional especializada para que entenda que não existe propriedade de um homem sobre uma mulher.
No final das 20 páginas, os personagens Tina, Rolo, Pipa, Zecão e outros se transformam em agentes multiplicadores das informações de paridade de gênero de direitos e enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres.
Maria da Penha e a revista de Mauricio de Sousa
Maria da Penha participou de forma remota, por videoconferência, do lançamento da revista em quadrinhos “Turma da Tina” pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“Esse é um sonho muito antigo, uma revista em quadrinhos do Mauricio de Sousa abordando o tema de enfrentamento à violência doméstica contra mulher. Sempre acreditei no poder da educação, formal e informal. Não foi à toa que fundei o Instituto Maria da Penha, em 2009”.
Maria refletiu que ainda há muito a ser conquistado no enfrentamento à violência contra a mulher. “Nosso foco de atenção deve ter maior engajamento da população para sermos mais fortes no enfrentamento, assim como resistir à proliferação da intolerância que nos mata”.
Na sua fala, ela defendeu que o caminho da superação passa pela educação. “Acreditamos que a cultura machista e patriarcal, a cultura da violência, precisa passar impreterivelmente pela educação para ser modificada a médio e longo prazos”.

Maria da Penha participou online do lançamento do Gibi (Foto: Marcus Iahn / MJSP / Reproduçāo)
Como a maioria das mulheres que sofrem violência doméstica são mães, Maria da Penha ainda lançou luz ao impacto causado aos filhos das vítimas da violência doméstica. “Por omissão, a violência promove o aumento incessante dos órfãos, nossas filhas e filhos, vítimas invisíveis da violência doméstica”.
Maria da Penha destacou que ela própria teria deixado três órfãs, se não tivesse sobrevivido às graves agressões.
A segunda das três filhas de Maria da Penha, Claudia Fernanda Veras, é autora do livro ‘Sou Filha da Lei, Sou Filha do Rei’. Uma história de superação, perdão e liberdade. Na obra, Claudia Fernanda fala da violência doméstica sob a ótica dos filhos das vítimas.