Rui Car
08/03/2023 16h00 - Atualizado em 08/03/2023 16h06

O que se sabe sobre o projeto que visa um trem-bala no Brasil?

Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou a construção de um trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro

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Fotografia meramente ilustrativa de trem-bala alemão (Foto: Getty Images)

Fotografia meramente ilustrativa de trem-bala alemão (Foto: Getty Images)

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No fim do mês de fevereiro, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou a construção de um trem-bala que conecte o movimentado eixo Rio-São Paulo, o que pode ser feito pela empresa TAV Brasil.

 

Prevista para ter 380 quilômetros de extensão, a linha ferroviária contará com pelo menos quatro paradas, cada uma em uma cidade diferente: São Paulo, São José dos Campos (SP), Volta Redonda (RJ) e Rio de Janeiro.

 

Através do trem-bala, esse trajeto poderá ser feito em apenas 90 minutos, com os vagões podendo chegar a velocidades de 350 km/h. Para desviar da já superlotada superfície, a ideia é que a rota seja, principalmente, subterrânea.

 

Para colocar em perspectiva, uma viagem de carro pelo mesmo trecho duraria 4 horas caso fosse feita sem paradas e mantivesse uma velocidade média de 100 km/h. De avião, por sua vez, a distância é cruzada em 50 minutos ou menos.

 

Além disso, a ferrovia será conectada com linhas previamente existentes da CPTM, segundo revelou Bernardo Figueiredo, o presidente da TAV Brasil, em entrevista à Folha de São Paulo. 

 

De onde vem o dinheiro? 

 

Se tudo correr como planejado, o ambicioso projeto entrará em funcionamento em dezembro de 2032. Antes disso, porém, precisa reunir um investimento de 50 bilhões de reais para as obras serem iniciadas.

 

De acordo com o portal Show Me Tech, o capital inicial da TAV é de 100 mil. Para financiar sua iniciativa, assim, ela pretende atrair uma série de investidores. Entre eles, estão recursos nacionais públicos, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e investidores gringos.

 

Neste segundo grupo, em particular, chamam atenção as empresas chinesas, que, não é de hoje, se mostram dispostas a financiar os empreendimentos de infraestrutura na América Latina em troca de parcerias comerciais.

 

O transporte de alta velocidade da China, vale mencionar, é um destaque mundial: em dezembro de 2021 o país asiático alcançou a marca de 40 mil quilômetros de trilhos para trem-bala, tornando sua rede ferroviária a maior do planeta. 

 

Vale a pena ver de novo 

 

Um detalhe relevante a respeito do empreendimento que conectará duas das cidades mais importantes do país é que ele não é uma ideia nova, muito pelo contrário — surgiu em 1996, na época estando nas mãos da VALEC, empresa pública que posteriormente se juntaria à Infra S.A., também uma estatal.

 

No passado, já havia cinco interessados [em financiar o trem-bala]. Não foi adiante por uma decisão política“, afirmou Bernardo Figueiredo à Folha. 

 

Um dos principais motivos pelo qual o projeto não vingou em anos anteriores foi a oposição por parte de companhias de ônibus e avião que atuam no eixo Rio-São Paulo. A instalação de uma linha ferroviária na mesma área, afinal, diminuiria a demanda por seus serviços. 

 

Outro fator importante a ser considerado é a flutuação do preço das passagens aéreas. Elas estão em período de alta, tornando menos viável o cruzamento da região pelos ares, mas sempre é possível que ocorra uma nova baixa, tornando incerta a quantidade de passageiros que de fato usarão o trem-bala após sua inauguração em 2032. 

 

Questões como essas levam analistas da área a questionarem se a iniciativa realmente trará o retorno financeiro necessário para que seja economicamente sustentável no longo prazo. 

 

Também segundo o Show Me Tech, a previsão é que o ambicioso modo de transporte só deixe o papel daqui a dois anos. Neste meio-tempo, a TAV precisa negociar com prefeituras para decidir os locais de passagem da rota, e, muito mais importante, terminar de garantir o comprometimento dos investidores que irão bancar as obras. 

 

Fonte: Ingredi Brunato / Aventuras na História
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