A final do Campeonato Catarinense, vencida pelo Criciúma, registrou o terceiro menor público entre os 12 Estaduais que terminaram neste último fim de semana.
O estádio Augusto Bauer, com capacidade para apenas cinco mil pessoas, recebeu 4.978 torcedores na final entre Brusque e Tigre. Quase a capacidade máxima do local, no entanto, muito pouco diante do tamanho dos dois finalistas e do que a maior competição de Santa Catarina pede e merece.
“O público baixo da final do Catarinense é basicamente culpa dos dirigentes que poderiam prever no regulamento final em estádio de maior capacidade”, opina o colunista do Grupo ND, Fábio Machado.
Para o também colunista do Grupo ND, Eduardo Florão, a situação passa por um conjunto de ações que possam melhorar e valorizar a competição em si.
“A primeira reflexão tem que ser a taxa de preenchimento dos estádios no Estadual. Um campeonato não se faz apenas de final. O quanto o estadual iria evoluir por exigir que um clube jogue a final fora de seu estádio caso ele não comporte o público mínimo permitido? Antes de exigir final em estádio com pelo menos 10 mil, tem que trabalhar para resgatar o Campeonato Catarinense. Não é momento de mais exigências vazias. Vazia, aliás, como a grande parte das arenas no estadual”, afirma.
Dentre todos os Estaduais que terminaram neste último fim de semana, apenas o Campeonato Mato-Grossense e o Tocantinense receberam menos gente que em Santa Catarina.
Na Arena Cuiabá, 4.295 pessoas acompanharam a vitória do Dourado por 1 a 0 sobre o União Rondonópolis. Já no Campeonato Tocantinense, 2.359 pessoas estiveram no estádio Ribeirão na vitória do Tocantinópolis por 4 a 3 sobre o Capital.
Vale ressaltar que o Tocantinópolis não cobra ingresso de mulheres e crianças e foi divulgado pelo clube apenas o público pagante da partida.
Problema estrutural
A reportagem do Arena ND+ esteve no estádio Augusto Bauer no último fim de semana acompanhando a decisão do Campeonato Catarinense. E a palavra “estrutura” foi a que mais ecoou no local.
Tanto os torcedores locais, quanto os visitantes reclamaram sofre os problemas estruturais do estádio.
O Brusque manda seus jogos na casa do Carlos Renaux, o mais antigo de Santa Catarina, praticamente desde sua fundação, em 1987. Em ascensão institucional, sobretudo, nos últimos quatro anos, o Quadricolor clama por um novo espaço para mandar seus jogos e acomodar seus torcedores.
Para o caminhoneiro Danilo Teixeira, 52 anos, que é torcedor do Brusque, já passou da hora do clube ter um local mais condizente com seu atual tamanho.
“Eu cheguei aqui ao meio-dia, consegui entrar só depois das 14h30, e ainda vi algumas pessoas que chegaram depois de nós entrarem antes”, reclamou.
A fila para o banheiro foi outro momento de muita indignação dos torcedores presentes. Com apenas dois para atender mais de 60% da ocupação, a cena era de filas intermináveis para o banheiro.
“Se o Brusque quer mesmo ser maior do que isso, tem que investir em um lugar próprio, que atenda seu torcedor melhor. Agora se o clube quer ser pequeno pode deixar assim”, desabafou um torcedor que pediu para não ser identificado.

Apenas um banheiro para atender mais de 50% da torcida do Brusque (Foto: Ian Sell / ND)
Santa Catarina comportaria um estádio maior?
Em termos de tamanho, fica inviável para Santa Catarina, como um todo, “competir” em termos de público com grandes centros.
A Arena Condá, em Chapecó, por exemplo, é o maior estádio do Estado, comportando pouco mais de 20 mil torcedores.

Foto: Leandro Schmidt / Prefeitura de Chapecó
Em termos de comparação, o estádio Olímpico Regional, do Cascavel, equipe que disputa a Série D do Campeonato Brasileiro, recebeu 26.155 torcedores na final contra o Athletico-PR na última semana.
Ou mesmo o estádio Mangueirão, no Pará, que recebe Remo e Paysandu, ambos da Terceirona do futebol nacional, que suporta mais de 50 mil pessoas e recebeu mais de 30 mil no último fim de semana.
O maior público do Campeonato Catarinense, por exemplo, foi de 16.796 em Criciúma 1×0 Brusque pelo jogo de ida da final.
Vale ressaltar, no entanto, as questões estruturais do próprio Estado. A maior cidade de Santa Catarina (Joinville), tem cerca de 600 mil habitantes, a região da Grande Florianópolis, cerca de 1 milhão. Seria viável um estádio maior?
“As oscilações dos nossos clubes nos Campeonatos Brasileiros criam esse efeito ‘sanfona’ entre os torcedores que ora pegam junto com a equipe e ora se afastam. Com exceção do Criciúma, nenhum time do Estado consegue ocupar todos os espaços das arquibancadas”, opina Machado.
Finais dos Estaduais do último fim de semana:
Campeonato Carioca
Fluminense 4×1 Flamengo – Estádio do Maracanã
Público: 65.075 – renda de R$ 4.810.051
Campeonato Cearense
Ceará 2×2 Fortaleza – Arena Castelão
Público: 56.491 – renda de R$ 1.393.204
Campeonato Mineiro
Atlético-MG 2×0 América-MG – Mineirão
Público: 55.989 – renda de R$ 3.712.855,65
Campeonato Gaúcho
Grêmio 1×0 Caxias – Arena do Grêmio
Público: 51.556 – renda de R$ R$ 4.130.552
Campeonato Paulista
Palmeiras 4×0 Água Santa – Allianz Parque
Público: 41.444 – renda de R$ 3.583.469,93
Campeonato Paranaense
Athletico-PR 0x0 Cascavel – Arena da Baixada
Público: 34.396 – renda de R$ 1.350.605
Campeonato Alagoano
CRB 1×0 Asa – estádio Rei Pelé, em Maceió (AL)
Público: 14.728 – renda de R$ 287.828
Campeonato Goiano
Goiás 3 (4) x (5) 1 Atlético-GO – estádio da Serrinha, em Goiânia
Público: 12.084 – renda de R$ 184.600
Campeonato Paraibano
Sousa 1 (2) x (4) 0 Treze – Estádio Antonio Mariz
Público: 9.108 – renda de R$ 114.790
Campeonato Catarinense
Brusque 0x1 Criciúma – Estádio Augusto Bauer
Público: 4.978 – renda de R$ 222.985
Campeonato Mato-Grossense
Cuiabá 1×0 União Rondonópolis – Arena Pantanal
Público 4.295 – renda de R$ 50.820
Campeonato Tocantinense
Tocantinópolis 4×3 Capital – Estádio Ribeirão
Público: 2.359 – renda de R$ 25.810
Fonte: ND+