Rui Car
09/10/2021 11h31

JEC quer evitar demissões e busca vaga na Copa do Brasil para salvar 2022

Com dívida de R$ 50 milhões, presidente do clube comenta os desafios da equipe

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Após trágica eliminação na Série D no último fim de semana, o Joinville ficou sem calendário nacional em 2022 e busca saída na conquista de uma vaga na Copa do Brasil para melhorar a situação financeira e seguir vivo no ano seguinte. Para isso, o clube precisa vencer a Copa Santa Catarina. 

Com uma dívida avaliada em mais de R$ 50 milhões acumulada de anos anteriores, Charles Fischer, presidente do JEC, diz que, pelo menos até o final do ano, demissões não estão nos planos da diretoria Tricolor. 

 

Charles reconhece que a situação, que já estava ruim com a falta de público na Arena, se complicou ainda mais após a eliminação dentro de casa para o Uberlândia (MG). Ele aponta que o ideal seria uma redução na folha salarial, que atualmente beira os R$ 350 mil, mas explica que o corte de jogadores implica também em pagamentos de rescisões. Se a ideia for diminuir os gastos, diz, “mandar embora” não seria uma resolução, mas a criação de mais um problema. 

 

Vamos continuar com o time principal, alguns [jogadores] têm contrato para vencer no final de novembro. Muitos falam “demitam”, mas os profissionais que estão aqui têm seus direitos e o clube tem que honrar. Não adianta demitir para depois vir mais uma conta igual a que estamos pagando até hoje, de 160 ações trabalhistas que foram movidas durante as gestões anteriores. Não é assim que funciona, temos que ser pessoas honradas“, declara o presidente. 

 

Se eu colocar a emoção na frente da razão, além de estar destruindo um projeto que segue vivo, que é de conquistar a Copa do Brasil – uma disputa de meio milhão de reais – a folha alta permanece, mesmo mandando atletas embora“, conclui.

 

Dilema

 

Até o final da Copa SC, portanto, a ideia é de que todos permaneçam na equipe, inclusive o técnico Leandro Zago. Posteriormente, o clube fará uma reformulação para decidir quem fica e quem sai do elenco. 

 

Para conquistar uma vaga na Copa do Brasil e arrecadar R$ 650 mil para os cofres Tricolor, o JEC precisa vencer pelos menos três partidas das quatro rodadas restantes da competição estadual, já que perdeu por 2×1 na estreia para o Caçador fora de casa e, na sequência, empatou por 1×1 com Avaí e perdeu por 3×0 dentro da Arena para o Figueirense. 

 

Charles afirma que, mesmo em uma situação complicada, o sonho segue vivo, mas é preciso cautela e cuidado na gestão. Neste cenário, o clube cai em um dilema: montar um time competitivo, mas com a folha salarial reduzida. 

 

Se conseguir esta vaga [na Copa do Brasil] ou não, será feita uma restruturação. Precisamos de um time forte, fazer uma campanha digna, mas a folha salarial vai ter que diminuir muito. Mas como é um tiro curto, de quatro meses, o planejamento é conseguir uma receita maior para um time mais forte na Copa SC“, planeja. 

 

O que faltou

 

Com uma campanha até então impecável no Campeonato Brasileiro da Série D e classificação emocionante para as oitavas de final nos pênaltis contra o Bangu, o JEC começou a tropeçar justamente na primeira partida contra o Uberlândia, no Parque Sabiá, quando perdeu a invencibilidade de 16 jogos. 

 

Com o resultado, o time voltou à Joinville com a responsabilidade de vencer por dois de diferença e avançar para as quartas de final. A equipe de Zago até começou bem e marcou duas vezes, mas sofreu um gol ainda na primeira etapa. Com a finalização do tempo normal, o clube perdeu nos pênaltis por 3×1. 

 

Foi trágico. Faltou fazer mais gols no tempo normal, para evitar os pênaltis. A equipe foi bem no campeonato, mas tivemos tempo de sobra para fazer mais um gol, fazer algo a mais no segundo tempo para permanecermos na competição“, desabafa. 

 

Com o coração partido após o adeus inesperado à Série D, Charles diz que compartilha do mesmo sentimento de tristeza que os torcedores, mas aponta que a culpa do clube ter ficado de fora do calendário nacional de 2022 não foi da partida disputada sábado (02). 

 

Eu estou arrasado, é como se tivesse perdido um parente muito próximo. Mas a minha consciência está tranquila, porque fora de campo fizemos de tudo. O nosso grande problema foi no Campeonato Catarinense. Os atletas da época e comissão técnica, têm culpa por não estarmos na Série D. Lá, nós falhamos“, afirma. 

 

“Não existe mágica”

 

Apesar de reconhecer os erros e existirem planos para uma possível volta por cima, o presidente afirma que “não existe mágica”. O clube seguirá trabalhando com a profissionalização de atletas e gestão e estuda aderir à SAF (Sociedade Anônima do Futebol) – lei que permite que os times se enquadrem como clube-empresa e possam, por exemplo, pedir recuperação judicial e negociarem suas dívidas por meio da Justiça. 

 

Charles Fischer diz que o conselho de futebol do JEC tem se reunido semanalmente para tratar do assunto, mas que a SAF não pode ser colocada como uma “solução imediata”. 

 

No meio dessa tragédia toda, teremos tempo para nos planejarmos melhor e avaliar a questão com calma. No final do ano que vem, pretendemos apresentar a ideia do projeto. O que for melhor para o clube, sempre terá meu apoio. Neste meu último ano [à frente do JEC], não quero passar vergonha, quero pelo menos devolver o clube onde ele estava, na Série D“, finaliza.

 

Volta do público

 

Neste sábado (09), às 15h, o JEC enfrenta o Marcílio Dias, na Arena Joinville, pela quarta rodada da Copa Santa Catarina. A partida marcará a volta do público à Arena. 

 

Nas próximas rodadas, o Joinville enfrente o Juventus, em casa; o primeiro colocado, Hercílio Luz, fora de casa; e, para finalizar, o Criciúma, fora de casa. O clube precisa fazer seis dos nove pontos que serão disputados. 


Por: Sabrina Quariniri / A Notícia / NSC Total

Foto: Vitor Forcellini / JEC / Arquivo

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