Rui Car
28/01/2021 11h44

Técnicos da Chape: da ascensão nacional com apostas ao título da Sula sob o comando de Caio Júnior

Dal Pozzo e Louzer são responsáveis por acessos, mas Mauro Ovelha detém recorde de tempo

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Foto: Infoesporte

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As últimas décadas da Chapecoense foram marcadas principalmente pela ascensão no cenário nacional. De um clube sem divisão, virou figura constante na Série A. Além disso, conquistou o maior título da história do futebol catarinense, a Copa Sul-Americana de 2016, sob comando de Caio Júnior.

 

Neste processo, o Verdão contou com apostas certeiras em técnicos pouco conhecidos, como Gilmar Dal Pozzo, que levou a Chape da Série C para a Série A e detém o recorde de jogos (98), mas também viu a reconstrução após a tragédia ser comandada por Vagner Mancini.

 

ge fez o levantamento de todos os treinadores que passaram pela Arena Condá desde 2003. O complemento das informações contou com a ajuda do pesquisador Rodrigo Fazollo.

 

2003 – 2006: Falta de calendário e técnicos pouco conhecidos

 

Uma época em que a Chapecoense quase fechou as portas. Mesmo assim, chegou a disputar um título estadual em 2004 sob o comando do ainda desconhecido técnico Roberto Cavalo. Ele fazia sua segunda passagem, depois de comandar o time em 2003. O clube foi para o quadrangular final, mas acabou atrás de Figueirense e Atlético de Ibirama.

 

Outros nomes pouco conhecidos também comandaram a Chape no período. De Amauri Knevitz a Paulo Sérgio, então treinador do Tiradentes de Tijucas. China teve uma passagem relâmpago de 15 dias e foi demitido após cinco jogos sem vitórias.

 

Amauri Knevitz foi um dos técnicos da Chapecoense em meados dos anos 2000 — Foto: Reprodução EPTV

Amauri Knevitz foi um dos técnicos da Chapecoense em meados dos anos 2000 (Foto: Reprodução EPTV)

 

Em 2005, após a reunião de um grupo de empresários que assumiram a direção da Chapecoense, o clube começou a se reconstruir com a chegada do técnico Agenor Piccinin.

 

2007 – 2012: títulos estaduais com Piccinin e Ovelha e passo para o cenário nacional

 

No final de 2006, Piccinin conquistou a Copa Santa Catarina. Competição regional, sem grande pompa e nem recompensa, ela serviu para dar forma ao time que viria a ser campeão estadual em 2007 após jejum de 11 anos.

 

Foi o primeiro passo para a Chapecoense começar a crescer no cenário nacional. Participou da Copa do Brasil no ano seguinte, já sob comando de Luiz Carlos Cruz, que ficou no cargo por dois meses.

 

Mauro Ovelha, Agenor Piccinin e Gilmar Dal Pozzo foram homenageados pela Chapecoense em 2015 — Foto: Cleberson Silva/Chapecoense

Mauro Ovelha, Agenor Piccinin e Gilmar Dal Pozzo foram homenageados pela Chapecoense em 2015 (Foto: Cleberson Silva/Chapecoense)

 

No período, a Chape voltou a disputar finais do estadual. Em 2009, perdeu a taça com Mauro Ovelha. O treinador ficou até o início de 2010, mas retornou para conquistar o primeiro título estadual e o acesso da Série D para a Série C, ambos em 2011. Somando as duas passagens, foram 27 meses no clube e 84 jogos disputados.

 

2012 – 2016: Dal Pozzo é nome de ascensão nacional, e Caio Júnior comanda glória continental

 

Nome desconhecido, Gilmar Dal Pozzo foi contratado sem grande empolgação depois de alguns trabalhos em clubes do interior do Rio Grande do Sul. Venceu a desconfiança com trabalho e levou a Chapecoense da Série C para a Série A em dois anos. É o técnico que fez mais jogos pelo clube desde 2003: 98.

 

O profissional deixou o Verdão depois de um início ruim no Brasileiro. O clube manteve o perfil de técnicos menos badalados e com menor demanda de investimento. Vinicius Eutrópio teve participação especial no elenco que mais tarde foi eternizado pelo título da Sul-Americana.

 

Caio Júnior morreu na tragédia aérea de 2016 — Foto: Márcio Cunha/Chapecoense

Caio Júnior morreu na tragédia aérea de 2016 (Foto: Márcio Cunha/Chapecoense)

 

Com Guto Ferreira, o time do Oeste conquistou o título estadual de 2016, mas perdeu o treinador para o Bahia na metade da temporada. Então, buscou Caio Júnior, que conquistou o principal título verde e branco: a Sul-Americana do mesmo ano. O técnico foi uma das vítimas fatais da tragédia aérea da Colômbia.

 

2017 – atualmente: reconstrução com Mancini e aposta certeira em Umberto Louzer

 

A reconstrução após o acidente passou pelas mãos de Vagner Mancini. Com um elenco completamente reformulado e pouco tempo de preparação, ele conquistou o inédito bicampeonato estadual (2017) e foi bem no debute verde e branco na Libertadores. O clube, porém, não se classificou por uma escalação irregular do zagueiro Luiz Otávio. O comandante saiu após sete meses, com 52,90% de aproveitamento.

 

Vagner Mancini e Gilson Kleina comandaram a Chapecoense após tragédia — Foto: Sirli Freitas/Chapecoense

Vagner Mancini e Gilson Kleina comandaram a Chapecoense após tragédia (Foto: Sirli Freitas/Chapecoense)

 

Eutrópio voltou, mas, sem conseguir se firmar, ficou só dois meses e abriu caminho para Gilson Kleina, que assumiu a 10 jogos do fim da Série A e com a meta de evitar o rebaixamento. Ele conseguiu mais que isso. Com seis vitórias e quatro empates, a Chape acabou o campeonato em oitavo lugar e na zona de classificação para a pré-Libertadores. Foi a melhor campanha do clube no Brasileirão. No total, Kleina esteve à frente da equipe por 10 meses.

 

Claudinei Oliveira é outro técnico que salvou a Chapecoense de um rebaixamento, em 2018, e detém o segundo melhor aproveitamento do período, com 55%, atrás apenas de Umberto Louzer (o atual, com 65,28%). Depois, com Ney Franco e Marquinhos Santos, a Chape não conseguiu evitar o descenso em 2019.

 

Para 2020, na busca pelo retorno, a diretoria apostou em Hemerson Maria, mas o treinador foi demitido após seis jogos e nenhuma vitória. Louzer, assim como Dal Pozzo, um desconhecido no cenário nacional, foi mais uma aposta. E certeira. O comandante conquistou o estadual, comemorou o acesso à Série A e tem chance de levar o clube ao primeiro título na Série B.

 

Com Louzer, Chapecoense conquistou o acesso para a Série A e ainda briga pelo título da Segundona — Foto: Márcio Cunha / Chapecoense

Com Louzer, Chapecoense conquistou o acesso para a Série A e ainda briga pelo título da Segundona (Foto: Márcio Cunha / Chapecoense)

 

Principais Destaques*:

  • Mais jogos na mesma passagem: Gilmar Dal Pozzo – 98 jogos (2012-14)
  • Mais passagens: Cacau (2002/03 e 2005), Roberto Cavalo (2003 e 2004), Guilherme Macuglia (2006 e 2010), Mauro Ovelha (2008/10 e 2010/11), Vinícius Eutrópio (2014/15 e 2017) e Guto Ferreira (2015/16 e 2018)– 2 vezes
  • Melhor aproveitamento: Leandro Machado – 67% em 4 jogos (15/09 a 19/11 de 2008)
  • Mais títulos: Agenor Piccinin – 2 conquistas (Copa Santa Catarina 2006 e Catarinense 2007)
  • Menos tempo: China – 15 dias (2006)
  • Pior aproveitamento: China – 7% em 5 jogos (2006)
 

* Técnicos interinos não incluídos na conta.


POR: EDUARDO FLORÃO, GUILHERME MANIAUDET E ROBERTO MALESON – GLOBO ESPORTE SC

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