Conhecer de pertinho uma granja, estar em um engenho de farinha, andar a cavalo, saborear tudo o que aprendeu na escola, só que ao ar livre. Que criança não tem essa vontade?
Alunos de quatro, cinco anos de idade de uma escola de São José, na Grande Florianópolis, colocaram em prática um projeto que surgiu nas salas de aula, passou pelo pátio do colégio e, enfim, cada lição sobre ciências e agricultura foi repassada no sítio do Vale Encantado, no Sul da Ilha. Ver de perto a diferença entre os ovos de cada ave e descobrir como eles surgem – tudo o que estava nos livros, agora é uma realidade. O contato com os animais surpreende, principalmente com os coelhos. A professora Amanda Silva explica que o mamífero foi um dos primeiros a ganhar a atenção das crianças, muito por conta da Páscoa.
“Então a gente fez uma pesquisa sobre os coelhos e, dentro dela, trabalhamos um pouquinho sobre o pulo deles, uma das questões que as crianças trouxeram como curiosidade; aprendemos sobre a alimentação dos coelhos, que ele são um animais herbívoros e elas também puderam alimentá-los”, completa Amanda.
Moniki dos Santos, administradora do sítio, diz que quase toda semana recebe crianças de escolas da Grande Florianópolis e que todas têm muita curiosidade sobre o processo de como é feita a farinha de mandioca, por exemplo.“A gente mostra para eles como funciona, que a gente pega a mandioca, faz a raspagem e as crianças participam desse processo. Então elas conseguem perceber que a farinha tem todo um processo moroso, que demanda energia e tempo para chegar no pacotinho”.
A visita surgiu por meio do projeto Tecendo Histórias na Fazenda. Dessa forma, tudo o que foi aprendido na sala de aula foi colocado em prática. Despertar na criança o sentimento da vida no campo, preservando o meio ambiente, mostrando que a agricultura é feita de forma correta, com responsabilidade e que isso pode virar uma profissão, é uma das missões da visita ao sítio.
A importância da atualização do material didático
Iniciativas que aproximam os estudantes do campo e ensinam sobre as atividades agropecuárias são essenciais para esclarecer e aprimorar o aprendizado.
Diante disso, a equipe do programa Agro, Saúde e Cooperação conversou com um dos representantes da Associação De Olho no Material Escolar, que estimula a atualização do material didático relacionado ao agro e encomendou um estudo que revelou que 60% do material escolar do Programa Nacional do Livro Didático contém informações negativas sobre o agronegócio.
Rodrigo Paniago, que faz parte da associação, conta que o mais interessante dessas citações negativas é que 97% delas não tinham qualquer fundamentação científica, nenhum dado estatístico.
“E aí identificamos que a nossa percepção, que o material didático estava descolado da realidade, da atualidade do agro e a academia pôde provar isso. Então hoje nós temos um embasamento científico para confirmar que isso é uma verdade e é por isso que nós temos uma série de projetos para tentarmos mudar isso, fazer a nossa parte”.
Rodrigo também explica que hoje a associação conta com profissionais de diversas áreas, desde a comunicação, até da biologia, da medicina, que trabalham de forma voluntária para levar conteúdos de qualidade, com embasamento científico, para mudar essa realidade.
Para ele, essa relação com o agro gera uma cadeia de oportunidades, mas a desinformação sobre a área é muito grande:
“As pessoas não têm noção de como as coisas são, de como o alimento é produzido e chega até a mesa. Do quão sustentável é, por exemplo, a produção agropecuária brasileira e que ela é reconhecida lá fora. Quanto mais as pessoas souberem, os estudantes tiverem conhecimento do agro, eles irão entender como funciona e quais são as oportunidades. Agora, se eles estiverem distantes, o agro perde, a segurança alimentar perde, a produção perde”.
Crescer com uma consciência ambiental, no lugar em que uma árvore é sinônimo de diversão, com direito a fruta no pé; brincar com um bichinho e comer o que a terra produz. Estudar assim é levar para a vida a lição de que o meio ambiente precisa ser preservado para curtir agora e no futuro.
Fonte: Agro, Saúde e Cooperação / ND+