Rui Car
15/01/2022 10h44

Ômicron pode indicar fim da pandemia, explica infectologista

Com olhar otimista, porém cauteloso, infectologista reforça que a Ômicron pode indicar o fim da pandemia com um requisito

Assistência Familiar Alto Vale
Arte: Getty Images / iStockphoto

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Dois anos após o início da pandemia da Covid-19, ainda há muitas dúvidas sobre quando ela chegará ao fim. Desde que foi detectada na África do Sul, em novembro do ano passado, o aumento de casos de Ômicron tem deixado países em alerta e gerado muitas dúvidas sobre o futuro.

 

A variante foi classificada como de preocupação pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e é a mais contagiosa do vírus desde o surgimento do então “novo coronavírus”. No entanto, dados indicam hoje que ela pode ser considerada menos letal, como sugere o infectologista Dr. Martoni Moura e Silva.

 

Com olhar otimista, porém cauteloso, o especialista reforça que a Ômicron pode indicar o fim da pandemia diante de um requisito extremamente importante: que as medidas sanitárias continuem sendo tomadas.

 

Evitar aglomerações, seguir com o uso de máscara, entre outras ações já conhecidas pela população.

 

Além disso, seguir o ciclo vacinal é de extrema importância. “Se a população continuar se cuidando, com a imunidade da vacina, daqui a 30 dias, teremos uma queda no número de casos”, completa Moura.

 

Com os sintomas leves, o vírus pode sair de circulação, no entanto, é preciso que os cuidados sejam mantidos, já que “uma nova variante pode surgir e assim voltaremos à estaca zero”, reforça o infectologista.

 

Pandemia está longe de virar endemia

 

A endemia é uma doença local, quando não há aumento significativo no número de casos. O especialista afirma que só estaremos vivendo dessa forma quando os números de casos começarem a declinar de forma regular.

 

Ainda está longe de ocorrer, já que primeiramente falta chegar o pico no maior número de casos de Ômicron, para assim vir a queda. Até se estabilizar, uns três meses para frente”, completa.

 

Comportamento das variantes

 

O especialista ainda mostra como é o comportamento das variantes em comparação com a Ômicron. A primeira, que deu início à pandemia, foi considerada selvagem, já que ainda não tinha competência no tratamento.

 

Em sequência, veio a variante Gama, mais agressiva e letal, e em seguida a Delta, com um poder de disseminação maior, mas em um momento em que a população já estava se vacinando, por isso, se comportou de maneira menos agressiva.

 

Já a Ômicron possui um pico viral do terceiro ao sexto dia. “Se a Ômicron tivesse surgido no início da pandemia, não teríamos sofrido tanto”, reforça o Dr. Martoni Moura e Silva.

 

Sendo assim, o infectologista descarta a possibilidade de um novo lockdown, porém enfatiza que o momento é de “mais atenção nas medidas preventivas”.

 

A principal razão do aumento acelerado na última semana foi por causa do afrouxamento das medidas de prevenção à Covid.

 

Tanto a H3N2 quanto a Ômicron são transmitidas por meio das vias aéreas, por isso, a importância de usar máscaras e evitar lugares mais propensos à infecção, como shows e restaurantes fechados com aglomeração.

 

Não podemos vencer a doença na marra, precisamos ter dados científicos robustos, para não colocar em risco a população”, completa  Dr. Moura e Silva.

 

Além disso, ele enfatiza a necessidade das doses de reforço da vacina: “A Ômicron é mais leve, mas ainda precisamos estar com a defesa em dia”, acrescenta.

 

O especialista ainda notou nos pacientes dele que a Ômicron não agride os pulmões, diferente de como as outras variantes se manifestaram, gerando um número elevado de internações em UTIs e mortes.

 

Isolamento e cuidados

 

Assim que sentir os sintomas, o infectologista alerta sobre a importância de procurar um médico, seja por meio da telemedicina ou ir a uma consulta presencial. Também é importante que se faça testes de qualidade, em que será detectada a presença do vírus ou não.

 

O infectologista defende o isolamento mesmo em casos assintomáticos, no entanto, discorda do que foi proposto pelo Ministério da Saúde em determinar somente 5 dias, uma vez que o pico da Ômicron varia entre o terceiro e o sexto dia.

 

Logo, é preciso que se tenha um exame de excelente qualidade para não atestar um paciente livre do período de transmissão com um teste falso negativo.

 

Não recomendo seguir essa orientação do Ministério da Saúde. Nenhuma sociedade científica no Brasil tem recomendado isso”, completa.

 

O especialista ainda recomenda o isolamento de sete dias em pacientes que estiverm há 24 horas assintomáticos ou com melhora satisfatória, podendo sair no oitavo dia.

 

Em casos mais graves, o isolamento é de 20 dias e, em pacientes que apresentem sintomas mais arrastados até o sétimo dia, deve-se seguir o isolamento de 10 dias.

 

Sendo assim, é real a chance de se superar a pandemia causada pelo coronavírus. Mas, para isso, é necessário se vacinar, adotar hábitos para deixar o sistema imunológico no maior grau de defesa, e reforçar todas as medidas sanitárias para combater a doença.

 

Fonte: Lara Hinkel / ND+
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