Rui Car
21/08/2018 11h30 - Atualizado em 21/08/2018 08h54

10 conselhos sobre como lidar com a mentira na adolescência

Saber como agir ao flagrar um filho mentindo é decisivo para evitar o afastamento e fortalecer a confiança mútua

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Mentir consiste em não dizer a verdade na intenção de enganar. Mas assim como não há apenas uma forma de dizer a verdade, a mentira também apresenta diversas modalidades. Pode-se ocultar a verdade, dissimular a situação, distorcer a realidade, dizer o que não é ou não dizer o que é, aumentar ou diminuir, não fazer ou não pensar o que se diz, prometer o impossível, usar a ambiguidade e tudo o mais que signifique não priorizar a verdade.

 

A mentira está por toda a parte: na maquiagem, na publicidade, na política, nas tintas do cabelo, na informação, no exagero em contar nossas pequenas façanhas, nos cremes antirrugas, nas estatísticas, etc.

 

A mentira da infância à adolescência

Mesmo que nos custe, temos que reconhecer que nossos filhos adolescentes já não são “tão crianças”. Eles estão nascendo de novo, despertando para a sua independência, de forma gradual. Às vezes não mentem, mas não nos contam toda a verdade. Por exemplo, nos inteiramos através dos professores, e não dos filhos, que eles aprontaram algo no colégio. Eles consideram que algumas coisas não precisam ser contadas, como pequenos erros e transgressões. Tampouco podemos bancar o fiscal: os filhos ocultam esse tipo de coisa para não se envergonhar ou não nos envergonhar. Mas não precisamos fazer um drama por esses feitos; são apenas erros. Se eles nos contassem antes, com certeza se sentiriam melhor e, sobretudo, teriam reforçado essa confiança mútua tão necessária na família entre pais e filhos.

 

Consequências da mentira nos adolescentes

Muitas vezes, a verdade nos coloca em apuros, enquanto uma significante mentira nos tira deles com extrema facilidade. É o que ocorre quando um adolescente diz ao seu pai que passará a noite na casa de um amigo em que os pais confiam, quando na verdade vai dormir na casa de outro amigo, que não é do agrado dos seus pais.

 

A única forma que temos de quantificar a gravidade de uma mentira são as consequências que ela provoca. Algo comum a todas as mentiras é que elas buscam o benefício próprio, exceto aquelas mentiras “piedosas” que usamos para supostamente evitar um dano para os outros, como quando não dizemos toda a verdade a alguém doente.

 

A mentira é usada para se evadir de responsabilidades ou para evitar castigos, mas os adolescentes geralmente a usam para empregar sua liberdade do jeito que querem e não do jeito que os pais delimitam.

 

A mentira tem um atrativo especial devido à sua capacidade de mudar a realidade. Esse poder da mentira faz com que existam mitômanos, pessoas que constroem um mundo paralelo sobre as suas próprias falsidades. O abuso da mentira pode nos fazer perder a referência à verdade e trazer consequências psicóticas. Se utilizamos a mentira a torto e a direito, mesmo que sejam sutis, leves ou piedosas, não haverá nada para nos segurar, porque teremos perdido a referência à verdade.

 

10 conselhos sobre a mentira

1) Se o seu filho planeja algo que parece ousado demais para a idade dele, reflita com ele sobre a razão pela qual você acredita que isso não é conveniente. Que ele saiba quais são os seus medos e reservas. Não diga simplesmente “não”.

 

2) Cuide do exemplo que você transmite. Se você diz à sua filha: “Não diga isso ao papai”, querendo que ela oculte algo de seu marido, a estará exercitando na mentira.

 

3) Trabalhe a autoestima. Quanto mais eles não se sintam seguros consigo mesmos, com maior facilidade lançarão mão de mentiras.

 

4) Ressalte o valor atraente da veracidade. Dizer sempre a verdade, ter palavra, faz de nós pessoas nas quais se pode confiar.

 

5) Ensine a ele que a amizade é incompatível com a mentira.

 

6) Nunca o rotule nem o chame de mentiroso. Demonstre confiança, porque estamos seguros de que essa não é a sua forma de ser autêntica, mas sim um incidente passageiro.

 

7) Não maximize o seu erro. Considere cada mentira como uma gafe e convide-o a retificar. Quando ele reconhecer que mentiu, valorize o fato de que tenha reconhecido.

 

8) Dê confiança. Que ele se dê conta de que ganha mais liberdade conforme se pode confiar nele.

 

9) Veja televisão com ele para lhe ensinar a detectar mentiras. Os roteiros de muitas séries são construídos a partir de um mal-entendido ou de uma falta de veracidade que se enreda cada vez mais até não haver outro remédio senão dizer a verdade.

 

10) Castigá-lo ao descobrir uma mentira? Se o castigamos, seu medo se alimenta. É preciso conversar sobre por que ele mentiu, sobre qual é o seu medo. Descobrir uma mentira é uma boa ocasião para começar um diálogo. Não apele ao drama, com frases como “você falhou comigo” ou “eu confiava em você”. Faça-o ver o que teria acontecido se ele tivesse dito a verdade. Faça também com que ele veja que descobrir a mentira foi positivo, porque é uma ocasião para renovar a confiança.

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