Passado o tempo das ausências, de saudades e de solidão, chegou a hora tão esperada dos reencontros, do abraço apertado, do olho no olho, da presença física da pessoa amada que nenhuma plataforma digital conseguirá substituir.
Este é o Natal da união, de estarmos juntos das pessoas que a pandemia do coronavírus nos privou. Mas agora o tempo está a nosso favor, e os bons ventos trazem alegria, afeto e celebração para o Natal de 2021. Vamos celebrar a vida e honrar aqueles que partiram. Depois de dois anos, a alegria do reencontro de toda a família ressurge com mais força.
Depois de dois anos, a alegria do reencontro
A fisioterapeuta Karolyne Moterle, 34 anos, é de Catanduvas e há 11 anos mora em Florianópolis, longe da família. Durante a pandemia, Karolyne teve poucas oportunidades de estar junto das suas duas irmãs, Larissa, 30, que mora em São Paulo, e Nathália, 27, que vive na cidade natal com os pais, Nilvo Moterle, 63, aposentado, e Ely Moterle, 54, pedagoga.
Em maio deste ano, quando o núcleo da família se reuniu em Catanduvas, a alegria foi tanta que aproveitaram para comemorar o aniversário dos quatro de uma só vez. Ano passado, os pais da Karol, como Karolyne é conhecida, passaram o Natal sozinhos pela primeira vez para se proteger da Covid-19.
“Para nós, Natal é uma data bem família, é aconchego, carinho, reencontro e felicidade, e foi muito triste saber que eles estavam sós”, ressalta a primogênita.
Protegidos para o reencontro
Ela explica que em 2019 foi a última vez que toda a família se reuniu nas festividades natalinas, em um total de 45 pessoas, mas que neste ano, com os parentes vacinados e protegidos, todos voltarão a celebrar juntos.
Com os olhos repletos de lágrimas, a fisioterapeuta revela: “Emociona-me pensar que todos estarão reunidos novamente neste Natal. Será uma festa regada de muitas emoções e carinho de todos os lados, contudo sem a presença dos meus avós maternos, que faleceram na pandemia por outras causas, e não pelo coronavírus. Sentiremos muito a falta deles”.
Segundo a filha, a expectativa dos pais, Nilvo e Eli, para este Natal é enorme, pois a grande festa acontecerá na casa deles.
“Minha mãe já está ansiosa organizando cada detalhe com muito amor, de modo que tudo fique o mais perfeito possível para receber todos os familiares”.
Tão perto e tão longe, pai e filho não se abraçavam há três anos
Desde 20 de março de 2020, quando as fronteiras da Argentina foram fechadas para conter o avanço da pandemia mundial da Covid-19 e entrar em estado de emergência sanitária, o engenheiro de processo Lihue Quinonez Impaléa, 34, residente em Buenos Aires, e o pai, Domingos Impaléa Neto, 54, publicitário florianopolitano e morador da Capital, não estiveram juntos fisicamente até a primeira semana deste mês.
“Com as fronteiras fechadas, a sensação de solidão e isolamento foi enorme, pois, além de não poder estar junto da minha família no Brasil, tinha medo de uma perda iminente das pessoas que amo e que estavam longe”, desabafa Lihue.
O engenheiro conta que nos dois últimos anos passou o Natal sozinho e que agora em dezembro, assim que as fronteiras se abriram, não pensou duas vezes em vir celebrar a data em Florianópolis, junto da família, principalmente porque todos já foram vacinados. Ele conta que durante estes três anos não pôde estar com seus pais e com seu irmão, pois todos residem na capital catarinense.
Lihue dedicou-se intensamente ao trabalho e também a ajudar os idosos moradores de seu edifício na compra e na entrega de alimentos, já que a circulação de pessoas por Buenos Aires foi bastante controlada, assim como a circulação entre as cidades argentinas também foi proibida.
“O primeiro ano foi apavorante e desesperador, assistia ao jornal e sentia medo, pois sabíamos muito pouco sobre o vírus, por isso decidi, junto com outros estrangeiros de Buenos Aires, pegar um táxi clandestino para Córdoba a fim de passar a quarentena com uma parte da família da minha mãe que é argentina”, explica Lihue.
O engenheiro destaca que, durante todo esse período distante do seu núcleo familiar, ele estudou e pesquisou sobre as formas de se proteger da Covid-19, e por videochamada foi comemorando cada membro da família vacinado e protegido. “Quem ama cuida, e mesmo longe estávamos muito conectados emocionalmente e nos apoiando com palavras para superar esse período”.
Apesar de estar junto da atual mulher e do caçula, Neto conta que sofreu muito com a ausência do filho mais velho, e também porque o coronavírus levou vários amigos.
“Ver meu filho descendo do avião nesta semana em Floripa foi uma emoção que nunca havia sentido antes. Este reencontro pós-Covid com todos nós vivos, vacinados e saudáveis foi maravilhoso”, conta o pai emocionado.
Ao ouvir a declaração afetuosa do pai, Lihue conta como essa experiência da pandemia fortaleceu os laços de amor entre ambos: “Mesmo nos falando todo dia, nada como abraçar pessoalmente meu pai e meu irmão, só tenho a agradecer por esse reencontro depois desse período difícil”.
Segundo Neto, este Natal na família Impaléa será regado a violão, churrasco e celebração por esse elo de amor entre o pai e o filho que estava distante, os quais superaram todas as adversidades, mas também representará um brinde especial aos amigos que partiram na pandemia.
Modelo internacional se descobre cantora na pandemia
A família da modelo internacional e cantora Ana Schurmann, 25, de Florianópolis, está espalhada por diferentes países, mas neste ano pós-pandemia, depois de estarem distantes por dois anos e agora vacinados, estarão todos juntos para celebrar o Natal na casa da mãe dela, em Coqueiros.
Marusa tem duas filhas, Ana que mora na Itália e Giovanna Curi que é fotógrafa em Dubai. A mãe se mostra muito segura com relação à decisão das filhas. “Apesar da pandemia, eu sei que minhas filhas são muito experientes e fiquei confiante de que tudo daria certo”, afirma a mãe.
Há muitos anos morando em diversos países em virtude da sua carreira internacional de modelo, Ana conta que na Itália, durante a pandemia, aproveitou para aprofundar-se na carreira de cantora, aprendendo a tocar novos instrumentos, a compor letras e a estabelecer novas parcerias artísticas.
Autodidata desde criança, Ana revela: “Muitas vezes estive sozinha e me senti só, a vida de modelo é imagem e corpo, por isso nestes últimos anos longe de todos aprendi que precisava verbalizar meus sentimentos e expressá-los ao mundo por meio da música. Essa foi minha válvula de escape”.
Há muitos anos, Ana não mora em Floripa. Aos 15 anos, passou no concurso Look of the Year, mudou-se para São Paulo e depois para Nova York, e de lá para cá não parou mais de modelar. Há alguns anos começou a escrever e estudar música. Quando se mudou para a Inglaterra, descobriu-se encantada pelo piano, depois começou a estudar violão e chegou a ser presenteada com uma tar, guitarra iraniana, instrumento que também iniciou a estudar.
A maioria das suas composições são de autoria própria. Contudo, uma de suas músicas criada durante a pandemia, “Tell me”, em parceria com o guitarrista italiano Ricardo Onori em setembro de 2020, passou a compor o playlist da BBC News.
Depois disso, não demorou para que o diretor criativo da marca internacional Max Mara convidasse Ana para criar a trilha sonora dos desfiles da moda. A cantora já compôs música em inglês, francês e italiano, e agora no fim do ano lançará nas plataformas digitais a sua primeira música em português, intitulada “Sacrário”.
“É uma música com uma pegada de bossa nova, leve, otimista, para fazer com que nós brasileiros vejamos o lado do bom da vida e de todas as belezas e alegrias que o nosso país tem a oferecer”, destaca a compositora.
“A pandemia para mim foi superprodutiva, pois me permiti ir a fundo em múltiplas formas de expressar a minha criatividade, inclusive o período me impulsionou a reverberar ainda mais o meu lado artístico”, afirma a cantora. Mas nem por isso a jovem deixou de sentir falta da sua mãe. Na chegada de Ana à ilha, a mãe preparou um banquete para receber a filha com direito a tudo o que a modelo gosta: bacalhau, farofa de castanha, casadinho, docinho de coco e muito mais.
“Eu estava muito ansiosa para desembarcar em Floripa e rever a minha família, passear na Lagoa, em Bombinhas, ficar no jardim da casa da minha mãe com meus cachorros e comer as delícias que ela prepara”, ressalta a jovem artista.
Com a filha ao lado, Marusa pontua: “Nada como ter a filha por perto, o coração bate acelerado. Mesmo que a gente se fale todo dia por telefone, nada se compara a poder abraçá-la e beijá-la pessoalmente”, afirma com um sorriso na face e os olhos brilhando de emoção. Não há dúvida de que o Natal da família Schurmann será pleno de amor, alegrias e boa música.
Fonte: Carolina Coral / ND+