Rui Car
24/12/2021 10h48

Após dois anos de pandemia, Natal traz esperança ao voltar a reunir famílias

As festas deste fim de ano propõem um momento de celebração à vida em meio ao aconchego da família

Assistência Familiar Alto Vale
Natal é tempo de celebrar – sobretudo, depois de meses de pandemia e insegurança (Foto: Acervo pessoal / Divulgação)

Natal é tempo de celebrar – sobretudo, depois de meses de pandemia e insegurança (Foto: Acervo pessoal / Divulgação)

Delta Ativa

Passado o tempo das ausências, de saudades e de solidão, chegou a hora tão esperada dos reencontros, do abraço apertado, do olho no olho, da presença física da pessoa amada que nenhuma plataforma digital conseguirá substituir.

 

Este é o Natal da união, de estarmos juntos das pessoas que a pandemia do coronavírus nos privou. Mas agora o tempo está a nosso favor, e os bons ventos trazem alegria, afeto e celebração para o Natal de 2021. Vamos celebrar a vida e honrar aqueles que partiram. Depois de dois anos, a alegria do reencontro de toda a família ressurge com mais força.

 

Depois de dois anos, a alegria do reencontro

 

A fisioterapeuta Karolyne Moterle, 34 anos, é de Catanduvas e há 11 anos mora em Florianópolis, longe da família. Durante a pandemia, Karolyne teve poucas oportunidades de estar junto das suas duas irmãs, Larissa, 30, que mora em São Paulo, e Nathália, 27, que vive na cidade natal com os pais, Nilvo Moterle, 63, aposentado, e Ely Moterle, 54, pedagoga.

 

Em maio deste ano, quando o núcleo da família se reuniu em Catanduvas, a alegria foi tanta que aproveitaram para comemorar o aniversário dos quatro de uma só vez. Ano passado, os pais da Karol, como Karolyne é conhecida, passaram o Natal sozinhos pela primeira vez para se proteger da Covid-19.

 

Para nós, Natal é uma data bem família, é aconchego, carinho, reencontro e felicidade, e foi muito triste saber que eles estavam sós”, ressalta a primogênita.

 

Protegidos para o reencontro

 

Ela explica que em 2019 foi a última vez que toda a família se reuniu nas festividades natalinas, em um total de 45 pessoas, mas que neste ano, com os parentes vacinados e protegidos, todos voltarão a celebrar juntos.

 

Com os olhos repletos de lágrimas, a fisioterapeuta revela: “Emociona-me pensar que todos estarão reunidos novamente neste Natal. Será uma festa regada de muitas emoções e carinho de todos os lados, contudo sem a presença dos meus avós maternos, que faleceram na pandemia por outras causas, e não pelo coronavírus. Sentiremos muito a falta deles”.

 

Segundo a filha, a expectativa dos pais, Nilvo e Eli, para este Natal é enorme, pois a grande festa acontecerá na casa deles.

 

Minha mãe já está ansiosa organizando cada detalhe com muito amor, de modo que tudo fique o mais perfeito possível para receber todos os familiares”.

 

Tão perto e tão longe, pai e filho não se abraçavam há três anos

 

Desde 20 de março de 2020, quando as fronteiras da Argentina foram fechadas para conter o avanço da pandemia mundial da Covid-19 e entrar em estado de emergência sanitária, o engenheiro de processo Lihue Quinonez Impaléa, 34, residente em Buenos Aires, e o pai, Domingos Impaléa Neto, 54, publicitário florianopolitano e morador da Capital, não estiveram juntos fisicamente até a primeira semana deste mês.

 

Lihue Quinonez Impaléa, 34, residente em Buenos Aires, e o pai, Domingos Impaléa Neto, 54 – Foto: Carolina Coral/Divulgação/ND

Lihue Quinonez Impaléa, 34, residente em Buenos Aires, e o pai, Domingos Impaléa Neto, 54 (Foto: Carolina Coral / Divulgação)

Com as fronteiras fechadas, a sensação de solidão e isolamento foi enorme, pois, além de não poder estar junto da minha família no Brasil, tinha medo de uma perda iminente das pessoas que amo e que estavam longe”, desabafa Lihue.

 

O engenheiro conta que nos dois últimos anos passou o Natal sozinho e que agora em dezembro, assim que as fronteiras se abriram, não pensou duas vezes em vir celebrar a data em Florianópolis, junto da família, principalmente porque todos já foram vacinados. Ele conta que durante estes três anos não pôde estar com seus pais e com seu irmão, pois todos residem na capital catarinense.

 

Lihue dedicou-se intensamente ao trabalho e também a ajudar os idosos moradores de seu edifício na compra e na entrega de alimentos, já que a circulação de pessoas por Buenos Aires foi bastante controlada, assim como a circulação entre as cidades argentinas também foi proibida.

 

O primeiro ano foi apavorante e desesperador, assistia ao jornal e sentia medo, pois sabíamos muito pouco sobre o vírus, por isso decidi, junto com outros estrangeiros de Buenos Aires, pegar um táxi clandestino para Córdoba a fim de passar a quarentena com uma parte da família da minha mãe que é argentina”, explica Lihue.

 

O engenheiro destaca que, durante todo esse período distante do seu núcleo familiar, ele estudou e pesquisou sobre as formas de se proteger da Covid-19, e por videochamada foi comemorando cada membro da família vacinado e protegido. “Quem ama cuida, e mesmo longe estávamos muito conectados emocionalmente e nos apoiando com palavras para superar esse período”.

 

Apesar de estar junto da atual mulher e do caçula, Neto conta que sofreu muito com a ausência do filho mais velho, e também porque o coronavírus levou vários amigos.

 

Ver meu filho descendo do avião nesta semana em Floripa foi uma emoção que nunca havia sentido antes. Este reencontro pós-Covid com todos nós vivos, vacinados e saudáveis foi maravilhoso”, conta o pai emocionado.

 

Ao ouvir a declaração afetuosa do pai, Lihue conta como essa experiência da pandemia fortaleceu os laços de amor entre ambos: “Mesmo nos falando todo dia, nada como abraçar pessoalmente meu pai e meu irmão, só tenho a agradecer por esse reencontro depois desse período difícil”.

 

Segundo Neto, este Natal na família Impaléa será regado a violão, churrasco e celebração por esse elo de amor entre o pai e o filho que estava distante, os quais superaram todas as adversidades, mas também representará um brinde especial aos amigos que partiram na pandemia.

 

Modelo internacional se descobre cantora na pandemia

 

A família da modelo internacional e cantora Ana Schurmann, 25, de Florianópolis, está espalhada por diferentes países, mas neste ano pós-pandemia, depois de estarem distantes por dois anos e agora vacinados, estarão todos juntos para celebrar o Natal na casa da mãe dela, em Coqueiros.

 

Marusa tem duas filhas, Ana que mora na Itália e Giovanna Curi que é fotógrafa em Dubai. A mãe se mostra muito segura com relação à decisão das filhas. “Apesar da pandemia, eu sei que minhas filhas são muito experientes e fiquei confiante de que tudo daria certo”, afirma a mãe.

 

Há muitos anos morando em diversos países em virtude da sua carreira internacional de modelo, Ana conta que na Itália, durante a pandemia, aproveitou para aprofundar-se na carreira de cantora, aprendendo a tocar novos instrumentos, a compor letras e a estabelecer novas parcerias artísticas.

 

Autodidata desde criança, Ana revela: “Muitas vezes estive sozinha e me senti só, a vida de modelo é imagem e corpo, por isso nestes últimos anos longe de todos aprendi que precisava verbalizar meus sentimentos e expressá-los ao mundo por meio da música. Essa foi minha válvula de escape”.

 

Ana Schurmann, 25, de Florianópolis, ao lado da mãe – Foto: Leo Munhoz/ND

Ana Schurmann, 25, de Florianópolis, ao lado da mãe (Foto: Leo Munhoz / ND)

Há muitos anos, Ana não mora em Floripa. Aos 15 anos, passou no concurso Look of the Year, mudou-se para São Paulo e depois para Nova York, e de lá para cá não parou mais de modelar. Há alguns anos começou a escrever e estudar música. Quando se mudou para a Inglaterra, descobriu-se encantada pelo piano, depois começou a estudar violão e chegou a ser presenteada com uma tar, guitarra iraniana, instrumento que também iniciou a estudar.

 

A maioria das suas composições são de autoria própria. Contudo, uma de suas músicas criada durante a pandemia, “Tell me”, em parceria com o guitarrista italiano Ricardo Onori em setembro de 2020, passou a compor o playlist da BBC News.

 

Depois disso, não demorou para que o diretor criativo da marca internacional Max Mara convidasse Ana para criar a trilha sonora dos desfiles da moda. A cantora já compôs música em inglês, francês e italiano, e agora no fim do ano lançará nas plataformas digitais a sua primeira música em português, intitulada “Sacrário”.

 

É uma música com uma pegada de bossa nova, leve, otimista, para fazer com que nós brasileiros vejamos o lado do bom da vida e de todas as belezas e alegrias que o nosso país tem a oferecer”, destaca a compositora.

 

Mãe e filha e o reencontro depois de meses pandêmicos – Foto: Leo Munhoz/ND

Mãe e filha e o reencontro depois de meses pandêmicos (Foto: Leo Munhoz / ND)

A pandemia para mim foi superprodutiva, pois me permiti ir a fundo em múltiplas formas de expressar a minha criatividade, inclusive o período me impulsionou a reverberar ainda mais o meu lado artístico”, afirma a cantora. Mas nem por isso a jovem deixou de sentir falta da sua mãe. Na chegada de Ana à ilha, a mãe preparou um banquete para receber a filha com direito a tudo o que a modelo gosta: bacalhau, farofa de castanha, casadinho, docinho de coco e muito mais.

 

Eu estava muito ansiosa para desembarcar em Floripa e rever a minha família, passear na Lagoa, em Bombinhas, ficar no jardim da casa da minha mãe com meus cachorros e comer as delícias que ela prepara”, ressalta a jovem artista.

 

Com a filha ao lado, Marusa pontua: “Nada como ter a filha por perto, o coração bate acelerado. Mesmo que a gente se fale todo dia por telefone, nada se compara a poder abraçá-la e beijá-la pessoalmente”, afirma com um sorriso na face e os olhos brilhando de emoção. Não há dúvida de que o Natal da família Schurmann será pleno de amor, alegrias e boa música.

 

Fonte: Carolina Coral / ND+
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