Rui Car
17/11/2017 08h11

As crianças devem faltar à escola quando estão doentes?

O governo britânico também emitiu algumas orientações

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Uma mãe usou o Instagram para pedir que pais e mães não levem seus filhos à escola se souberem que eles estão doentes.

 

Esta pode ser uma situação complicada para qualquer pai, quando seu filho reclama de uma dor na garganta ou acorda com o nariz congestionado. Você sabe que um dia sem escola significa encontrar alguém para cuidar da criança, chegar atrasado ou faltar ao trabalho, remarcar compromissos e decidir o que fazer com seus outros filhos (caso os tenha).

 

Além disso, a criança pode se sentir melhor ao chegar à escola e começar as tarefas do dia. Então, será que a melhor opção é faltar ou ir à aula?

 

Uma mãe canadense acredita que faltar é a melhor alternativa, e pede que os pais pensem duas vezes antes de levar seus filhos doentes à escola.

 

Maria Jordan MacKeigan usou o Instagram para compartilhar uma foto de sua filha, Jordan Grace, em um hospital, com o objetivo de mostrar a outras mães e pais o que pode acontecer quando ela pega o que muitos chamam de “resfriado comum”.

 

A filha de Maria tem síndrome de Down, e um dos seus efeitos colaterais é a baixa do sistema imunológico, o que significa que até um simples resfriado pode levar a uma doença séria.

 

“Fiquei imensamente triste e com raiva na escola da minha filha hoje,” escreveu ela na legenda de uma foto de Jordan Grace no hospital. “Eu levei Jordan Grace para casa. Quando minha filha pega um simples resfriado, ela pode acabar assim! Eu não consigo entender por que as pessoas colocam outras vidas em risco somente ‘porque têm muitas coisas para fazer’”.

 

Ela afirmou que a escola não deve ser vista como um local para cuidar das crianças.

 

“A escola não é um clube de babás. Você não apenas pode fazer com que outras crianças adoeçam, mas o seu próprio filho precisa do seu carinho, do seu amor, dos seus cuidados, para recuperar a saúde,” escreveu.

 

“Quando Jordan Grace está doente, eu penso nela primeiro, e em como ela se sentiria mal na escola. Penso no quanto ela precisa da sua mãe ao seu lado para cuidar dela. Mas eu também penso nos outros; eu não quero que minha filha transmita doenças às outras crianças, especialmente no caso daquelas que podem ir parar no hospital porque seus pequenos corpos não conseguem combater a doença sozinhos”.

 

“Se nós nos preocupássemos mais com aqueles ao nosso redor e não apenas com nós mesmos, o mundo seria um lugar muito melhor!” concluiu ela, em sua publicação.

 

Desde que postou o desabafo, a mãe de dois filhos recebeu centenas de curtidas de seguidores que concordam com o seu ponto de vista de que a escola não é o melhor lugar para crianças doentes.

 

No entanto, nem todos estão de acordo, e embora os comentários tenham sido ocultados posteriormente, muitos ressaltaram o quanto é difícil lidar com esta situação quando os dois pais trabalham.

 

Mais tarde, Maria editou seu post para esclarecer alguns pontos.

 

“Se você leu meu post cuidadosamente e sem julgamentos, viu que eu especifiquei que minha frustração era em relação a uma pessoa que não trabalha, mas tem ‘coisas para fazer’ e usa o sistema escolar como um clube de babás!” escreveu ela.

 

“Eu entendo que irei receber muitas críticas, mas por favor leia antes de me responder como se eu não soubesse o que são responsabilidades de trabalho!”

 

Parece que Maria está certa em se preocupar com pais que não dão a devida atenção às doenças de seus filhos, já que estatísticas recentes revelaram que muitos enviam as crianças à escola, mesmo quando estão doentes.

 

Um estudo realizado pela BUPA no Reino Unido descobriu que mais da metade dos pais e mães britânicos admitem enviar seus filhos à creche ou escola quando eles estão doentes.

 

Um em cada cinco pais releva inclusive sintomas como diarreia e vômitos, acreditando que isso não é motivo para manter a criança em casa.

 

Dois terços dos 1.042 pais entrevistados acreditam que seus filhos “se animam” quando chegam à escola, e 19% reclamam que não têm escolha, pois trabalham e não têm com quem deixar a criança.

 

Apesar disso, muitos desses pais também comentaram que o fato de crianças que não estavam bem terem ido à escola fez com que seus próprios filhos ficassem doentes, com 68% afirmando que seus pequenos adoeceram devido ao contato com os colegas de classe.

 

Mais da metade dos pais e mães britânicos admitem enviar seus filhos à escola mesmo quando estão doentes. [Foto: Getty]
 
 

Afinal, qual é a resposta certa para este dilema?

 

NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido) possui algumas diretrizes oficiais para ajudar os pais a decidirem quando é necessário manter seus filhos longe da escola.

 

Eles recomendam usar o bom senso na hora de avaliar se a criança está doente demais para ir à escola, e sugerem responder às seguintes perguntas:

 

  • Meu filho está bem o suficiente para participar das atividades do dia letivo? Em caso negativo, mantenha-o em casa.
  • Meu filho tem uma doença que pode ser transmitida a outras crianças ou funcionários da escola? Em caso positivo, mantenha-o em casa.
  • Eu tiraria um dia de folga do trabalho se estivesse me sentindo desta maneira? Em caso positivo, mantenha seu filho em casa.

 

O governo britânico também emitiu algumas orientações para ajudar escolas e pais a avaliar se as crianças estão em condições de assistir às aulas.

 

 

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