Até alunos do ensino médio estão aderindo à moda do cigarro eletrônico

Um cirurgião norte-americano emitiu um comunicado sobre o vaporizador apenas um dia após uma grande pesquisa constatar que o consumo entre os jovens quase dobrou no ano passado.

 

No comunicado, o cirurgião geral Jerome Adams disse: “O uso dos cigarros eletrônicos entre os jovens disparou no ano passado, em proporções epidêmicas.” Ele citou especificamente os dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCD) e da Pesquisa Nacional de Tabagismo entre os Jovens feita pela Food and Drug Administration (FDA), que constatou que o percentual de jovens estudantes que disseram usar os cigarros eletrônicos no decorrer de 30 dias aumentou cerca de 78% entre 2017 e 2018. Até mesmo alunos do ensino médio já estão usando o vaporizador: O aumento do consumo ficou próximo de 50% no ano passado.

 

“Precisamos proteger nossas crianças de todos os produtos que contém tabaco, incluindo os cigarros eletrônicos de todas as formas e tamanhos”, disse Adams em seu comunicado. “Todas as pessoas podem exercer um papel importante protegendo nossos jovens dos riscos desse tipo de cigarro.” Adams também sugeriu novas restrições locais, incluindo impostos e a proibição de fumar os vaporizadores em lugares fechados, a fim de ajudar na luta contra o consumo de tabaco entre os adolescentes.

 

O comunicado veio à tona apenas um dia depois do lançamento dos dados da pesquisa Monitorando o Futuro, realizada pelo Instituto Nacional de Saúde, que descobriu que 37,3% dos alunos do 3º ano do Ensino Médio disseram ter usado os cigarros eletrônicos no ano passado. Em comparação, o número de alunos que afirmaram o mesmo em 2017 foi de 27,8%.

 

Adams também fala mais especificamente sobre os “novos dispositivos de recarga” que se parecem com um pen-drive e “são mais fáceis de esconder”. Uma das versões mais comuns é a JUUL, que possui uma participação de mais de 70% no mercado de cigarros eletrônicos, somente nos Estados Unidos. O comunicado também aponta que um tipo específico de recarga do JUUL, também chamado de “cápsula”, contém a proporção de nicotina equivalente a 20 maços normais de cigarro, fato que quase 65% dos jovens entre 15 a 24 anos não percebem, de acordo com uma pesquisa recente da Truth Initiative.

 

Através do vaporizador, “você inala o tabaco, que é um produto químico viciante, juntamente com uma série de outros produtos químicos, como propilenoglicol e formaldeído”, conta o pneumologista Raymond Casciari do Hospital St. Joseph, em Orange, Califórnia, ao Yahoo Vida e Estilo. “Há um grande potencial de danos e, com certeza, uma possibilidade ainda maior de vício.”

 

Começar a fazer uso do vaporizador na adolescência também é uma má ideia, disse Casciari. “Qualquer substância que cause irritação no pulmão e é continuadamente e habitualmente colocada nele pode ter efeitos a longo prazo, especialmente se o pulmão ainda estiver em desenvolvimento”, disse ele. Isso pode significar um aumento no risco de infecções, ataques de asma, doenças cardíacas e derrame. Realmente, o risco de câncer de pulmão é “menor com o vaporizador do que com os cigarros normais” informa Casciari. Mas, ao mesmo tempo que ele diz que o vaporizador pode ser melhor para os seus pulmões, “a melhor coisa mesmo para seus pulmões e para sua saúde é não fumar”.

 

O vaporizador também coloca em risco o desenvolvimento cerebral, explicou a médica de Primeiros Socorros Susan Besser do Centro Médico da Misericórdia de Baltimore ao Yahoo Vida e Estilo. “O cérebro do adolescente não está totalmente desenvolvido”, ela disse. “Qualquer substância nociva pode causar um dano cerebral.”

 

Os vaporizadores manuais também podem ser perigosos – existem vários relatos de que eles já explodiram durante o uso, disse Casciari.

 

É difícil saber com precisão o motivo pelo qual tantos jovens estão usando o vaporizador hoje em dia, mas Besser diz que a pressão dos colegas desempenha um papel enorme. O gosto também é um grande motivo. “Ao contrário dos cigarros normais e outros produtos de tabaco, o conteúdo das misturas do vaporizador é feito para ter um gosto doce, alteração que pode incentivar o consumo”, disse ela. “Os adolescentes não percebem que é uma substância tóxica porque ela é doce.” A discrição dos cigarros eletrônicos, ou seja, o fato de que eles não têm cheiro ou fumaça, também é um grande atrativo, diz Besser.