Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais sobre a saúde mental dos moradores de Mariana, atingida pelo rompimento da barragem em novembro de 2015, descobriu que 30% dos afetados pelo vazamento sofrem com depressão. A publicação é da Agência Brasil.
De acordo com a publicação foi diagnosticado em 32% dos entrevistados um quadro de transtorno de ansiedade generalizada, o que mostra uma prevalência três vezes maior que do que a população brasileira.
Os entrevistados alegaram não apenas sintomas de transtorno de ansiedade generalizada, mas também episódios de estresse pós-traumático, risco de suicídio e transtornos relacionados ao uso de substâncias psicotrópicas, como álcool, tabaco, maconha, crack e cocaína.
As estatísticas chocam e entristecem. Para se ter uma ideia, o risco de suicídio foi encontrado em cerca de 16,4% dos entrevistados, que alegaram que ter desejo de morte, ideias suicidas, ou que afirmaram que planejaram cometer suicídio no último mês ou reconheceram já ter tentado alguma vez colocar fim à própria vida.
As crianças também foram afetadas emocionalmente. Segundo o estudo, o público infantil apresentou critérios para transtorno de estresse pós-traumático, superior a 82%.
O relatório elaborado mostra que o adoecimento da população tem relação com o estresse e os processos de sofrimento social que as famílias têm vivenciado. Os pesquisadores afirma que as preocupações com indenização, a perda de emprego, ruptura de laços sociais, juntamente com as doenças físicas e crônicas podem levar a um diagnóstico de depressão em populações afetadas por desastres.
A expectativa dos pesquisadores é que os dados possam incentivar uma discussão sobre políticas públicas e planejamento em saúde, bem como permitir uma melhor orientação e alocação de recursos e estabelecer programas adaptados à realidade atual da população. Também foi sinalizado a importância de planos de ação em casos de tragédia para minimizar os transtornos vinculados à saúde mental.
Fundação Renova
Em nota, a Fundação Renova, instituição criada como um acordo entre as mineradoras e governos com o intuito de gerir as ações de reparação da tragédia disse qe está desenvolvendo pesquisas sobre a saúde mental dos atingidos. No comunicado a fundação afirma que não tem poupado esforços para garantir acesso aos cuidados com saúde aos atingidos.
A tragédia de Mariana provocou vazamento de aproximadamente 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que causaram devastação da vegetação nativa e poluição de afluentes e do Rio Doce, chegando até sua foz no Espírito Santo. Dezenove pessoas morreram e comunidades foram destruídas. Os distritos de Bento rodrigues e Paracatu, ambos em Mariana, foram arrastados pela lama. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do Brasil.