Rui Car
08/06/2018 13h46

Chef Anthony Bourdain se suicida aos 61 anos

Ele também recebeu sete Emmy Awards, incluindo cinco por "Parts Unknown"

Assistência Familiar Alto Vale
Yahoo!

Yahoo!

Delta Ativa

O chef, crítico gastronômico e apresentador de televisão americano Anthony Bourdain cometeu suicídio, na França, aos 61 anos. “É com imensa tristeza que podemos confirmar a morte de nosso amigo e colega, Anthony Bourdain”, afirmou a rede CNN em um comunicado.

 

“Seu amor pelas grandes aventuras, novos amigos e comida e bebida requintadas e as incríveis viagens pelo mundo fizeram dele um contador de história único. Seus talentos sempre nos fizeram ficar admirados, e vamos sentir muita falta dele. Nossos pensamentos e nossas preces estão com sua filha e famílias nesse momento incrivelmente difícil”, acrescentou a emissora.

 

Anthony Bourdain foi encontrado em seu quarto de hotel em Estrasburgo, na França, por seu amigo francês Eric Ripert, coproprietário e chef do Le Bernadin, um dos restaurantes mais famosos dos Estados Unidos, localizado em Nova York.

 

A Procuradoria de Colmar anunciou à AFP que o chef foi encontrado enforcado no hotel de luxo de Kaysersberg.

 

Segundo o presidente da CNN, Jeff Zucker, ele gravava na França um novo episódio de seu programa “Parts Unknown”.

 

“É muito triste”, declarou o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, apresentando condolências à família. “Eu adorava seu programa. Era um personagem”.

 

Chef de formação, Anthony Bourdain passou várias décadas nas cozinhas de vários estabelecimentos, incluindo a Brasserie Les Halles, um restaurante francês localizado no sul de Manhattan.

 

Mas foi sua carreira como autor e apresentador de TV que o tornou conhecido do público em geral.

 

Em 2000, ele publicou “Cozinha Confidencial”, um livro no qual conta os bastidores da vida na cozinha, com o toque rock’n’roll da vida em Nova York e seus muitos excessos.

 

Ele forjou para si a imagem de um combatente, livre pensador, epicurista e humanista, que o acompanhou até o fim.

 

“Ele vai me fazer muita falta”, reagiu no Twitter Tarver King, dono de um restaurante em Lovettsville (Virgínia). “‘Kitchen Confidential’ mudou a minha vida”.

 

– “Contador de histórias” –

Apresentou vários programas de TV sobre gastronomia, até “Parts Unknown”, transmitido desde 2013 pelo canal de notícias CNN.

 

O homem com a voz rouca, de carisma natural e cabelos grisalhos visitava os quatro cantos do mundo em busca de autenticidade, celebrando as mais variadas tradições culinárias.

 

Ele não hesitava em ir a locais inesperados, longe dos destinos turísticos, chegando a visitar a região autônoma de Nagorno-Karabakh, o que lhe valeu o título de “persona non grata” pelo Azerbaijão.

 

“É irreverente, honesto, curioso, jamais condescendente, jamais obsequioso”, observou o júri que lhe concedeu o Peabody Award, prêmio da televisão e rádio americanas, no primeiro ano de seu programa.

 

“As pessoas se abrem para ele e revelam muito mais sobre suas vidas e seu país do que fariam para um repórter comum”, completou o júri.

 

“Fazemos perguntas muito simples: o que te faz feliz? O que você come? O que gosta de cozinhar?”, explicou Bourdain ao receber o prêmio.

 

Ele também recebeu sete Emmy Awards, incluindo cinco por “Parts Unknown”.

 

Adepto do jiu-jitsu, não viajava sem seu quimono e também era conhecido por seus engajamentos, contra o assédio sexual em restaurantes e em favor da abertura e integração cultural.

 

Estava, há vários meses, em um relacionamento com a atriz italiana Asia Argento, a quem apoiou em sua cruzada contra o produtor Harvey Weinstein, a quem ela acusa de tê-la estuprado.

 

Na rede em que Bourdain trabalhava, os locutores mal continham suas lágrimas ao recordar o colega e pediram que as pessoas que sofrem com desespero, ou conhecem alguém que esteja lutando contra a depressão, que procurem um Centro de Valorização da Vida.

 

“Perdemos um herói”, comentou no Twitter o escritor especializado em gastronomia Michael Ruhlman, amigo de Anthony Bourdain.

 

A jornalista gastronômica da “New Yorker” Helen Rosner elogiou a “capacidade de contar histórias” de um homem para quem “dizer a verdade era uma forma de poder”.

Justen Celulares