Rui Car
03/04/2017 09h05 - Atualizado em 03/04/2017 08h37

“Chip da beleza”: conheça o implante hormonal febre entre as famosas

O procedimento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde em alguns casos

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O implante hormonal foi uma das estratégias de boa forma mais faladas no mundo das famosas no último Carnaval. Tanquinho, bumbum no lugar, pouca concentração de gordura corporal e muita energia estão entre os efeitos desse bastonete que ganhou apelidos como “chip da beleza” e “chip fashion”. Petra Mattar, Patrícia Jordane, Luisa Langer, a Índia da Playboy (Cintia Valentim) e musas das escolas de samba Acadêmicos da Rocinha, União da Ilha e Acadêmicos do Tatuapé estão na lista das mulheres que contaram com essa ajudinha extra para exibir um corpão na avenida.

 

Originalmente, o implante hormonal era usado como método contraceptivo de longa duração, indicado para combater sintomas da TPM, como tratamento para endometriose e para inibir a menstruação. Mas após a aprovação de uma concentração maior de hormônios no chip pela Anvisa, em 2015, ele passou a ser usado com fins estéticos. “O conteúdo pode variar entre seis tipos de hormônios: elcometrina, gestrinona, nomegestrol e levonorgestrel, que são os hormônios anticoncepcionais; e estradiol e testosterona que são hormônios bioidênticos (produzidos pelo corpo)”, afirmou o ginecologista membro da diretoria da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo, Paulo Nowak.

 

O endocrinologista mineiro Claudio Ambrosio atende celebridades de todo o país. Ele constrói o “chip” de acordo com as necessidades hormonais de cada paciente. A perda de peso e ganho de massa muscular relatados por famosas após o implante do “chip da beleza” se devem aos hormônios androgênios, ou seja, de origem masculina, explicou Nowak. “Hormônios como gestrinona e testosterona melhoram o condicionamento físico, facilitam o crescimento de músculos, reduzem a gordura corporal e melhoram a libido”, disse o ginecologista.

 

O implante

Segundo Nowak, o chip é, na verdade, um pequeno bastão de silicone semipermeável que é colocado sob a pele, normalmente na parte interna do braço ou no glúteo. O bastonete libera uma dose contínua de hormônios que pode durar de seis meses até três anos. O custo do procedimento varia bastante, de cerca de R$ 3 mil até R$ 8 mil. “O uso do implante abrange desde meninas com puberdade precoce, passando por mulheres em idade fértil e chegando a mulheres menopausadas com necessidade de reposição hormonal”, acrescentou Nowak.

 

Efeitos colaterais

A presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Flávia Conceição, afirmou que o uso de hormônios com finalidades estéticas não é reconhecido pela SBEM. A organização informou em nota que o “chip da beleza” pode causar efeitos adversos. Crescimento exagerado de pelos, acne e alteração da voz estão entre as consequências do uso de hormônios sem necessidade, segundo Nowak. O ginecologista alertou que mulheres com tendência à trombose devem ficar longe do implante hormonal.

 

Mulheres “do mundo real”

Quando famosas descobrem um “segredo” para ficar em forma, não demora muito tempo para a receita se espalhar. O uso do implante hormonal está cada vez mais popular entre as mulheres, no entanto, a maioria ainda escolhe o procedimento por ser um método prático de evitar a gravidez. Os demais benefícios vêm como bônus. A estudante de Serviço Social Lumara Teodoro, 27 anos, contou que o uso do chip melhorou o humor, efeitos da TPM e ajudou no controle do peso. “Não emagreci, porém consegui manter o peso, o que era uma luta antes do implante”, disse.

 

Mas o que motivou Lumara a colocar o implante em 2013 foi a possibilidade de controlar os sintomas do ovário policístico. A atendente de shopping Erika Domenegheti Cruz, 29 anos, deicidiu pelo chip de hormônios há 15 meses, como método contraceptivo e de tratamento de endometriose. Para ela, o ponto positivo do implante é a praticidade. “Continuo tendo cólicas e engordei depois do implante”, reclamou Erika, citando os pontos negativos. A confeiteira Luciana Massaro, 34 anos, tem o chip há quase três anos e os sintomas da TPM também continuaram para ela.

 

Os efeitos do bastonete variam de acordo com o organismo da mulher e, claro, da composição hormonal que ele possui. A desenvolvedora de software Carla Leone Babadopulos, 27 anos, não notou alterações no corpo ou nos sintomas antes da menstruação. “Apenas minha libido diminuiu”, disse. “Mas nāo precisar se preocupar com datas e horários é libertador”, argumentou Carla. A estudante de Publicidade e Propaganda, Isadora Reis Espinheira, 22 anos, implantou o bastonete hormonal há cerca de um mês e comemora não precisar “colocar o despertador para lembrar da pílula”. “Até agora não vi desvantagens”, acrescentou Isadora.

 

Em média, as entrevistadas pagaram cerca de R$ 1 mil para o implante do chip. O procedimento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde em alguns casos.

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