Ao sair para uma sessão de cinema com o filho Victor, de 18 anos, no dia 23 de novembro, Claudia Cruz Costa não imaginava que receberia uma prova tão grande de cuidado e carinho. É que ao chegarem ao shopping em Curitiba foram avisados de que a energia havia acabado e o filme estava cancelado. Só que Victor é autista e mudanças de planos que acontecem repentinamente lhe causam certo desconforto.
“O Victor ficou irritado, porque as coisas saíram do previsto e não queria voltar para casa de jeito nenhum”, contou Claudia ao Sempre Família. Ao verem como o jovem ficou diante da mudança de planos, os atendentes da rede de cinemas começaram a buscar maneiras de ajudar mãe e filho. “Já tive outras experiências com pessoas com autismo e sei dessa dificuldade. Então pensei: ‘Porque não fazer eles felizes com atitudes simples?’”, explicou Matheus Rodrigues, de 23 anos, subgerente da rede Cinépolis, no Jockey Plaza Shopping.
Mas a atitude que para Matheus seria simples, para Claudia e Victor foi uma expressão de amor ao próximo. “Pedi aos atendentes um lugar em que pudesse ir com o Victor para ele se acalmar. Eles me levaram a uma das salas VIP”, disse a mãe. “Então perguntei se um deles faria a gentileza de comprar um refrigerante para nós e logo veio uma moça com a bebida. O outro atendente disse que havia conversado com o subgerente, que ele entendia o que a gente estava passando e que iria ajudar”.
Ao chegar à sala, Matheus conversou diretamente com Victor. “Ele foi muito cuidadoso e explicou que a gente iria assistir ao filme com um gerador e que talvez a bateria acabasse no finzinho. E do jeito dele, o Victor respondeu que estava tudo bem”. Victor tem um grau moderado de autismo e não é verbal.
“Assisti ao filme muito feliz pelo olhar diferenciado daquelas pessoas. A gratidão pelo cuidado que tiveram com a gente é grande”
Claudia soube então que a supervisora do cinema naquele shopping também é mãe de uma criança autista e por isso todos os funcionários compreendem bem esse tipo de situação. Jéssica Thaís Simões contou ao Sempre Família que tem um menino de 4 anos e que todos que trabalham com ela entendem sua realidade. “Eles veem o quanto dói tudo o que fazem com nossos filhos e o quanto eles são especiais. Não temos nenhuma recomendação escrita na rede, mas todos têm empatia e se colocam no lugar do outro aqui”, explicou. “Ficou muito feliz em trabalhar com pessoas maravilhosas como estas”, completou.
Quanto à Claudia, essa foi a sessão de cinema mais emocionante da sua vida até então. “Assisti ao filme muito feliz pelo olhar diferenciado daquelas pessoas. A gratidão pelo cuidado que tiveram com a gente é grande”, reforçou. “Eu ganhei o dia servindo essa família. Isso dignifica a minha profissão e uma das diretrizes da nossa empresa é ir além do serviço. Sempre digo aos que trabalham comigo que somos muito mais do que meros funcionários. Nós podemos e temos o dever de mudar a sociedade, servir as pessoas e fazer do mundo um lugar melhor”, finalizou Matheus.
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