Rui Car
30/04/2018 15h10 - Atualizado em 30/04/2018 13h39

Cirurgiões salvam criança de 7 anos reconectando sua perna do jeito errado

O poder da ciência pode ser transformador, para o bem e para o mal

Assistência Familiar Alto Vale
HypeScience

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Amelia Eldred tinha o sonho de se tornar dançarina e se apresentar em um palco, quando recebeu a notícia de que teria um grande obstáculo para alcançar tal objetivo: um tumor de 10 centímetros no fêmur de sua perna esquerda.

 

Com apenas 7 anos, a fim de salvar a perna da pequena Amelia, os médicos tentaram primeiro quimioterapia. Quando o tumor não respondeu ao tratamento, os cirurgiões decidiram ser criativos: precisariam amputar o membro, mas propuseram à família uma solução para que a criança tão criança mantivesse sua mobilidade.

 

Qual? Reconectar sua perna “ao contrário”.

 

O procedimento

Durante um procedimento médico raro e complexo, cirurgiões britânicos amputaram a perna de Amelia na coxa, retiraram o tumor e então reconectaram a parte inferior da perna na parte superior da perna, para trás.

 

A ideia é de que Amelia possa um dia usar o tornozelo como uma articulação do joelho, simplesmente encaixando uma prótese no pé para poder andar, correr e dançar mais uma vez.

 

“Não parece tão diferente”, Amelia contou ao portal BBC News. “Mas é diferente quando eu tenho que me mover porque é o contrário – quando eu movo para cima ou para baixo ou lado a lado, eu faço o contrário porque é o lado errado”.

 

Osteossarcoma

Amelia, da cidade inglesa de Tamworth, foi diagnosticada ano passado com uma forma de câncer ósseo chamado osteossarcoma, ou sarcoma osteogênico.

 

A perna de Amelia quebrou enquanto ela brincava e, quando seus pais a levaram para a emergência, a garota foi enviada para o Hospital Infantil de Birmingham, onde os médicos confirmaram o diagnóstico. O osteossarcoma é o tipo mais comum de câncer ósseo em crianças e geralmente afeta o fêmur e a tíbia na parte superior e inferior da perna e o úmero no braço. Quando tratado precocemente, a taxa de sobrevida a longo prazo é de 70 a 75%.

 

Esses tumores podem ser tratados com quimioterapia ou cirurgia, como a plastia de rotação, um procedimento normalmente utilizado para tratar câncer em crianças nas quais a parte inferior da perna é girada em 180 graus, essencialmente transformando o tornozelo em um joelho.

 

Preservando a mobilidade

De acordo com Lee Jeys, cirurgião que realizou o procedimento em Amelia, ela “era a paciente perfeita” e até “disse ‘adeus, perdedor’ ao câncer enquanto nos preparávamos para amputar”.

 

Os pais de Amelia também falaram de sua confiança e positividade. “Dessa forma, ela será capaz de fazer todas as coisas que costumava amar, todos os esportes e a dança”, comentou Michelle Eldred, mãe da menina.

 

“Amelia sempre foi uma criança ativa. Frequentou vários clubes: natação, atletismo, dança de rua, balé e sapateado, acrobacia e ginástica. Além disso, adora andar de bicicleta e correr. Ela sonha um dia em voltar a dançar e se apresentar em um palco”, disse ao portal Birmingham Live.

 

No entanto, Michelle também afirmou que a pequena tem desenvolvido novos sonhos desde a cirurgia: “Ela fala de como sua nova perna permitirá que ela viaje pelo mundo um dia e talvez até entre nos Jogos Paraolímpicos”.

 

O poder da ciência pode ser transformador, para o bem e para o mal. Não é a coisa mais bonita vê-lo usado a serviço do sonho de uma criança? [ScienceAlert]

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