Rui Car
03/04/2018 14h20

Cleo Pires muda para virar cantora, mas continua polêmica

'Falar de sexo deveria ser natural, não feminismo'

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G1

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Delta Ativa

Aos 12 anos, numa entrevista, perguntaram o que Cleo Pires queria ser quando crescesse. “Eu falei: ‘Já quis ser stripper, mas mudei de ideia. Agora quero ser cantora'”, lembra, rindo.

 

A língua sem freios da atriz incomoda sua assessoria – que pede para a frase acima não ser destacada. Mas a verdade é que não há motivo para pânico: polêmica só tem feito bem à imagem de Cleo.

 

A filha de Fábio Júnior e Glória Pires cresceu sob os olhos do público. E, quando todo mundo achava que a conhecia bem, ela reinventou sua marca, assumindo a pose de mulher fatal e falando sempre abertamente sobre sexo.

 

“O fato disso criar tanta polêmica é a demonstração de um puta machismo”, diz ao G1. E completa:

 

“[Falar sobre sexo] não deveria ser feminismo. Deveria ser natural podermos falar sobre quem somos e o que gostamos. Isso é um problema para mulheres, mas não é para os homens.”

O tema “permeia tudo”, diz a atriz. E, mesmo com participação mais discreta, habita “o mesmo lugar” de onde vêm as inspirações para seu recém-lançado projeto musical: o EP “Jungle kid”, com cinco músicas, disponíveis em streaming.

 

 

Sim, ela conseguiu realizar um dos sonhos que tinha aos 12 anos. Foi nessa época também que decidiu mudar o nome artístico para cantar. “Queria ser só Cleo, igual a Cher. Era apaixonada por ela.”

 

“Sempre cantei instintivamente, tenho noção de afinação”, afirma. Mas, com o tempo, percebeu que aulas para a voz seriam “essenciais”.

 

“Gostava de cantar Alanis, Mariah, coisas mais gritadas. Mas eu fumava, bebia… De repente, comecei a não alcançar alguns lugares. Com as aulas, consigo coisas mais agudas e também uns graves com mais consistência.”

 

Cleo na capa do EP 'Jungle kid' (Foto: Reprodução/Instagram/Cleo)Cleo na capa do EP 'Jungle kid' (Foto: Reprodução/Instagram/Cleo)

Cleo na capa do EP ‘Jungle kid’ (Foto: Reprodução/Instagram/Cleo)

 

As letras do “Jungle kid” – três em inglês e duas em português – têm provocação (“Eu sou uma cobra / Pronta pra atacar”, em “Bandida”) e alguma melancolia (“Crescer era muito cruel”, da música título).

 

Já a sonoridade, conta a agora cantora, é resultado de uma mistura de influências que vai de Nine Inch Nails, banda de metal dos Estados Unidos, a Yuri Martins, DJ e produtor de hits do funk brasileiro. Na receita, nenhuma preocupação com ser diferentona.

 

“Eu acho que muita coisa [na música] se parece, mas não acho isso ruim. A autenticidade está em fazer o que você gosta, não em fazer algo diferente.”

Com dois lyric videos já divulgados, a artista prepara um clipe e quer lançar um álbum – “tem mais umas 15 músicas quase prontas”, segundo ela. E nem precisa reclamar, vai ter Cleo na TV também: ela está escalada para a próxima novela das 19h da Globo.

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