Rui Car
02/10/2017 15h10 - Atualizado em 02/10/2017 13h39

Como deixar de escovar os dentes pode atrapalhar o seu sono

Por Roberto Terini*

Assistência Familiar Alto Vale
Delta Ativa

Você sabia que a escovação antes de dormir é a mais importante? Deixar de fazer a higiene bucal antes de se deitar aumenta a proliferação de bactérias, como provavelmente você já sabe, mas não é o único fator que relaciona o estado de nossa boca ao nosso sono.

 

Quando dormimos, o fluxo salivar diminui e os restos de alimentos se tornam um prato cheio para a proliferação das bactérias da boca. A saliva controla a acidez bucal e impede o aumento de bactérias, além de lubrificar o meio bucal. Dessa forma, essa escovação diminui a incidência de cáries e gengivite. O uso concomitante de fio dental e enxaguantes bucais, além das escovações após as outras refeições do dia também são fundamentais para manter as bactérias atuando minimamente.

 

A má higiene antes de dormir leva também ao mau hálito quando você acorda. A gengivite ocasionada pela escovação deficiente pode evoluir para a periodontite, que é a inflamação e dos ossos que envolvem os dentes. Os germes presos à placa bacteriana e ao tártaro podem cair na corrente sanguínea e causar problemas em outros órgãos do corpo — o coração, por exemplo. Mulheres grávidas têm na periodontite um fator causador de partos prematuros.

 

Outros fatores interferem na qualidade do sono, como posicionamento incorreto da língua, dentes desalinhados e desgaste nas articulações, que levam a distúrbios como bruxismo, ronco e apneia. Pessoas com esses distúrbios tendem a dormir de boca aberta, levando ao ressecamento da boca e consequentemente também ao mau hálito, cáries e gengivite.

 

O bruxismo é o ato de apertar e ranger os dentes involuntariamente, levando ao desgaste dos dentes, cansaço muscular e disfunção da articulação temporomandibular (ATM). Neste caso, é recomendado o uso de placas de mordida, principalmente no período noturno. 

 

A apneia caracteriza-se pela obstrução da garganta, com interrupções breves e repetidas da respiração durante o sono. Este indivíduo tem uma diminuição da qualidade de vida, alterações de humor, falta de concentração e acidentes devido à sonolência diurna. Os sintomas são ronco alto e interrompido, sono agitado e engasgos.

 

O ronco ocorre principalmente em homens adultos, associado ou não à apneia. Entre os fatores que levam ao ronco e também à apneia estão obesidade, consumo de álcool, fumo, desvio de septo nasal, amígdalas aumentadas, forma da boca e cabeça que dificultem a passagem do ar, rinites, sinusites, sedentarismo.

 

O tratamento é multiprofissional, sendo que o dentista poderá indicar aparelhos intraorais, que têm a função de jogar a mandíbula mais para a frente e são usados durante o sono, sendo de fácil adaptação. Estes aparelhos são indicados para ronco e apneia leve. Em casos mais avançados, existem alternativas como os CPAPs, que são um compressor de ar e máscara que injetam ar nas vias aéreas superiores, e as cirurgias feitas por otorrinolaringologista e por cirurgião bucomaxilofacial.

 

Assim, qualquer desses sintomas acima indica a necessidade de se procurar seu médico e também seu dentista, para que seja feito um diagnóstico correto e um tratamento adequado para recuperar sua qualidade de vida.

 

 

*Roberto Terini é dentista e escreve semanalmente para o Yahoo Vida & Estilo.

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