Rui Car
04/12/2017 11h37 - Atualizado em 04/12/2017 08h39

Como sincronizar suas ondas cerebrais com as de um bebê

Ondas cerebrais?

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HypeScience

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Segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge (Reino Unido), quando um adulto faz contato visual com um bebê, suas ondas cerebrais se sincronizam, o que provavelmente favorece a comunicação e a aprendizagem.

 

Um artigo sobre a pesquisa, que também teve colaboração de cientistas da Universidade Tecnológica de Nanyang (Cingapura) e da Universidade de East London (Reino Unido), foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

 

Ondas cerebrais

Quando um pai ou uma mãe e uma criança interagem, vários aspectos de seu comportamento podem sincronizar, incluindo seu olhar, suas emoções e seus batimentos cardíacos.

 

Neste estudo, os cientistas decidiram se aprofundar em uma sincronia menos estudada: a da atividade cerebral.

 

As ondas cerebrais refletem a atividade em grupo de milhões de neurônios, e estão envolvidas na transferência de informações entre regiões do cérebro. Estudos anteriores já mostraram que, quando dois adultos estão conversando entre si, a comunicação é mais bem-sucedida se suas ondas cerebrais estão em sincronia.

 

Os pesquisadores então realizaram um teste para explorar se os bebês podem sincronizar suas ondas cerebrais com os adultos também, e se o contato visual pode influenciar isso.

 

Primeiro experimento

A equipe examinou os padrões de ondas cerebrais de 36 crianças (17 em um primeiro experimento, e 19 em um segundo) usando eletroencefalografia, e compararam essa atividade cerebral com a de um adulto cantando canções infantis.

 

Na primeira experiência, a criança observou um vídeo de um adulto cantando. O adulto – cujos padrões de ondas cerebrais já haviam sido gravados – estava olhando diretamente para a criança, ou evitando o seu olhar enquanto ainda cantava, ou com a cabeça virada, mas ainda fazendo contato visual com a criança.

 

Conforme previsto, os pesquisadores descobriram que as ondas cerebrais dos bebês estavam mais sincronizadas com as dos adultos quando o olhar do adulto se encontrava com o do bebê. Curiosamente, o maior efeito de sincronização ocorreu quando a cabeça dos adultos estava virada, mas eles ainda faziam contato visual.

 

Os pesquisadores acreditam que isso é devido ao fato de que o contato visual parece altamente deliberado e, portanto, fornece um sinal mais forte para a criança de que o adulto pretende se comunicar com ela.

 

Segundo experimento

No segundo experimento, um adulto de verdade cantou para o bebê, enquanto olhava diretamente para a criança ou enquanto evitava seu olhar.

 

Desta vez, suas ondas cerebrais foram monitoradas ao vivo para ver se seus padrões estavam sendo influenciados pelos do bebê ou o contrário.

 

Como resultado, tanto os bebês quanto os adultos ficaram mais sincronizados com a atividade cerebral um do outro quando o contato mútuo dos olhos foi estabelecido.

 

Isso ocorreu mesmo que os adultos tivessem a oportunidade de ver os bebês o tempo todo, ainda que não fizessem contato ocular direto, e os bebês se mostraram interessados em olhar para o adulto mesmo quando estes evitavam o seu olhar.

 

De acordo com os pesquisadores, isso demonstra que a sincronização de ondas cerebrais não é apenas devido ao contato visual, mas sim a intenção compartilhada de se comunicar.

 

Comunicação

Para medir a intenção dos bebês de se comunicar, a equipe observou a quantidade de vocalizações (sons) que eles faziam aos adultos.

 

Conforme previsto, os bebês fizeram um maior esforço para se comunicar, emitindo mais vocalizações, quando o adulto fez contato ocular direto. Eles também faziam vocalizações mais longas se apresentavam maior sincronia cerebral com o adulto.

 

“Quando o adulto e a criança estão se olhando, eles estão sinalizando sua disponibilidade e intenção de se comunicar. Achamos que ambos os cérebros adultos e infantis respondem a um sinal de olhar ficando mais em sincronia com o parceiro. Esse mecanismo poderia preparar pais e bebês para se comunicar, o que também tornaria a aprendizagem mais efetiva”, sugere a principal autora do estudo, Dra. Victoria Leong. [MedicalXpress]

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