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Quando você se torna mãe ou pai, todas as prioridades que um dia teve são direcionadas para o seu filho. É por isso que os pais costumam se tornar superprotetores e as mães adotam uma postura de “mamãe ursa”, entendendo que seu bem mais precioso precisa profundamente da sua presença. No entanto, há casos em que seu filho pode estar sofrendo nas mãos de outra pessoa sem o seu conhecimento. Os sinais de alerta e as reações das crianças variam dependendo da idade, da personalidade e de diversos outros fatores, fazendo com que seja difícil notar perceber corretamente se o seu filho está sendo maltratado por um professor, técnico esportivo, familiar, ou até por um dos pais.
Apesar disso, ter conversas abertas e sinceras em que a vulnerabilidade não é vista como um problema costuma fazer uma grande diferença, ainda que as mesmas possam ser desconfortáveis, no início. A psicóloga clínica Jessica Nicolosi explica que conversar com as crianças sobre os comportamentos dos outros pode parecer estranho, já que você não quer assustá-las ou confundi-las. Ainda assim, é fundamental começar explicando aos filhos o que é apropriado e o que não é, no que diz respeito aos seus corpos e seu espaço pessoal, além de falar sobre como respeitar os mesmos limites nas relações com os outros, segundo Jessica. Além disso, é preciso ressaltar o ponto mais importante: se eles se sentirem ameaçados, assustados ou prejudicados, você estará sempre disposta para ouvir e ajudar. “Faça com que seus filhos saibam que podem falar com você sobre qualquer coisa e que você vai apoiá-los – e cumpra a sua promessa quando o momento surgir,” Jessica acrescenta.
Se você está preocupado com mudanças recentes no comportamento ou no bem-estar do seu filho, confira a seguir os sinais de que algo pode estar acontecendo, de acordo com especialistas:
Sinais de alerta em um professor
Os professores são considerados pessoas altruístas, profissionais que ganham menos do que deveriam e trabalham por amor à profissão. Por isso, é muito desanimador ter informações de casos em que um professor cruza o limite do aceitável e interage de forma inapropriada com seus alunos. Gayani DeSilva explica que demonstrar favoritismo por alguns estudantes ou prometer recompensas especiais podem ser sinais perigosos. “Os professores devem tratar todas as crianças com respeito e cordialidade,” ela explica. “Os pais devem atuar como voluntários em sala de aula para ver como os professores se comportam com todas as crianças. O professor deve ser consistente com todos. Se os pais notarem diferenças de comportamento, melhor ficarem alertas”.
Se já houve um caso de abuso, a conselheira de saúde mental Heiddi Zalamar explica que seu filho pode não querer ir à escola, ou expressar um grande desprezo pelo professor. No caso de crianças mais novas, é comum que se sintam doentes ou tenham acidentes frequentes. Nos mais velhos, você pode notar que o professor sempre quer passar um tempo sozinho com seu filho. “Se isso estiver acontecendo, os pais podem pedir para conversar com o psicólogo, enfermeiro ou diretor da escola sobre suas preocupações. Os funcionários devem reportar qualquer tipo de comportamento suspeito,” ela recomenda.
Sinais de alerta em um técnico esportivo
Toda criança deve se manter ativa para estar saudável e na sua melhor forma, e para muitas delas, isso significa participar de atividades esportivas na escola. Seja um treino de futebol, aulas de balé, práticas de atletismo ou natação, fazer exercícios desde pequenos costuma ajudar a criar um gosto pela atividade física na vida adulta. Os técnicos que lideram estas modalidades devem desafiar e incentivar as crianças, sem fazer com que elas se sintam desconfortáveis.
Se algo questionável estiver acontecendo, Gayani explica que a criança provavelmente não vai querer continuar se dedicando à atividade, ou vai fazer comentários sobre o professor ou técnico. É importante prestar atenção quando isso acontecer para que você possa entender o panorama geral. “Pergunte o que mudou. Questione de uma forma gentil. Segure a ansiedade de saber cada pequeno detalhe,” ela recomenda. “Apoie o desejo do seu filho de se afastar, e saiba que em algum momento ele vai contar os detalhes, se souber que você se preocupa mais com a sua experiência do que com o seu desempenho no time”.
Sinais de alerta em um amigo ou familiar
Seja o melhor amigo do parquinho ou a sua irmã que está sempre por perto, estes tipos de relacionamentos devem ser carregados de confiança. Como todo mundo precisa de um sistema de apoio, do jardim de infância até a casa de repouso, ensinar o valor da amizade ao seu filho é essencial. No entanto, também é preciso criar um ambiente em que compartilhar experiências sobre este tipo de dinâmica seja algo bem-vindo, de acordo com Gayani. Quando você fala abertamente sobre o que significa ser um bom amigo – e o que não – seu filho vai se sentir empoderado e seguirá seus ensinamentos. Sinais de alerta de que algum tipo de abuso está acontecendo incluem situações em que seu filho se afasta de uma pessoa específica, ou até se esconde dela, de acordo com Heiddi.
Se você sentir que algo está errado ou algo estranho está acontecendo, ela sugere perguntar. “Pergunte ao seu filho por que ele não quer mais ser amigo daquela determinada pessoa. O que mudou? Você também pode conversar com o pai do amigo para que ele esteja ciente da situação,” acrescenta ela. Quando o caso envolve um familiar, tente conversar com outros parentes para saber o que pode ter acontecido no passado, ou pode estar acontecendo no presente.
Sinais de alerta em um dos pais
Considerando que o índice de divórcio continua relativamente alto, é comum que a criança tenha que dividir seu tempo entre os dois pais. Embora o abuso possa ocorrer em famílias separadas, ele também pode estar presente em lares aparentemente felizes onde pai e mãe ainda estão juntos. Conforme Gayani explica, qualquer mudança na atitude do seu filho em relação a visitar ou passar um tempo com o outro pai pode indicar um conflito.
O abuso parental é algo mais difícil de identificar, já que não é da natureza humana acreditar que seu ex-parceiro ou parceira possa estar fazendo mal ao seu filho. Se as emoções estão à flor da pele entre os pais, a situação fica ainda mais complicada. “Tente não tirar conclusões precipitadas, já que é fácil projetar os seus próprios sentimentos negativos em relação ao outro pai na criança,” disse Gayani.
Se seu filho ou filha costumava adorar passar um tempo com o pai ou mãe, e agora não quer mais ou parece ter medo de ir, Heiddi diz que este é um sinal importante. Outros indícios mais óbvios são hematomas e marcas visíveis em áreas em que as crianças não costumam apresentar alterações – como bochecha, peito, pescoço e coxas. Crianças mais novas também podem ter pesadelos, fazer xixi na cama e não querer dormir sozinhas, acrescenta ela.
“Se você notar que seu filho tem sentimentos ambíguos em relação ao outro pai, busque a ajuda de um terapeuta especializado em crianças. Deixe que o profissional explore a dinâmica com o outro pai e faça sugestões para lidar com a situação,’ recomenda Gayani.
