Rui Car
28/03/2017 11h37 - Atualizado em 28/03/2017 08h30

Conheça a escola que adotou uniformes de gênero neutro

A diretora Heidi Hayward disse que foram os alunos que inspiraram a mudança

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O vestuário de gênero neutro está se tornando cada vez mais popular, seja nas ruas, nas passarelas e até mesmo em vestimentas oficiais, como visto recentemente na British Royal Air Force, que aboliu as saias. O mesmo já acontece com algumas escolas do Reino Unido, que aboliram uniformes baseados em gênero. Agora foi a vez de uma escola do ensino médio da Nova Zelândia entrar na onda, eliminando uniformes designados por gênero e permitindo que os alunos optem por quaisquer peças que desejem usar.

 

Então, se um aluno de lá resolver dar uma de Jaden Smith, pode começar a frequentar as aulas de saia. Se você quiser usar uma saia em um dia e uma calça jeans no outro, também pode. Garotas que usam apenas shorts e calças compridas na escola, preferindo não arriscar um momento Marilyn Monroe durante uma ventania súbita, também estão liberadas.

 

A diretora Heidi Hayward disse que foram os alunos que inspiraram a mudança. De acordo com o Sydney Morning Herald, logo depois que Hayward começou a trabalhar na escola, algumas jovens perguntaram por que eram obrigadas a usar saia todos os dias. “Se me disserem que eu preciso usar saia todos os dias para trabalhar porque sou uma mulher, eu sei qual seria minha resposta”, disse ela. “Esse é um bom exemplo de como estamos fora de sintonia com as normas da sociedade. Nada mais justo do que mudar isso”.

 

Logo após a reclamação, as garotas foram autorizadas a usar calças, mas os comentários de alunos ainda obcecados com a designação de gênero fizeram Hayward jogar as normas para o ar.

 

A mudança faz sentido. Afinal de contas, se as mulheres podem usar calças, os homens podem usar saias. São apenas roupas e eles estão na escola para aprender. Oferecer opções apropriadas ao ambiente da escola e não impedir que cada um use o que quiser, reduz a pressão social sobre os jovens.

 

“Estou certa que essa política será bem recebida pela maioria dos pais e crianças. Já era tempo” disse a psicóloga infantil Michele Borba ao Yahoo Style. “Já estive em muitas escolas com políticas nas quais meninas precisavam usar saias. Os lugares parecem congelados no tempo. As calças são práticas. O mundo da moda e dos negócios já abraçou o uso dessa peça por mulheres” (olá, terninhos!).

 

Uniformes de gênero neutro também ajudam a prevenir o assédio moral, de acordo com a especialista em desenvolvimento infantil e educação Ann-Marie Hayes, da Austrália, onde propostas similares estão sendo analisadas por todo o país. “Se colocarmos o bem-estar dos nossos alunos em primeiro plano, garantiremos que eles possam ir à escola e encontrar lá um local seguro, onde possam ser respeitados”, ela disse.

 

Um artigo de 2014 do Guardian considera os uniformes de gênero neutro como um ponto de partida para ensinar crianças sobre igualdade. “Os uniformes devem fazer o que seu nome sugere: unificar os estudantes, em vez de dividi-los”, diz o artigo. “Isso não irá resolver todos os problemas da disparidade de gênero, mas seria um lembrete de que, ao menos nas escolas, é esperado que o intelecto de homens e mulheres seja desenvolvido e respeitado da mesma forma. Também reduziria a lista interminável de escolhas constrangedoras que pessoas, por algum motivo, acham difícil se identificar como pertencente a um gênero”.

 

Em junho do ano passado, 80 escolas do Reino Unido adotaram os uniformes de gênero neutro. “Trata-se de reconhecer os direitos dos alunos que se sentem incapazes de se encaixar nos gêneros binários. Isso faz menos diferença para os estudantes do que podemos imaginar”, disse Liana Richards, diretora do Uplands Community College, Guardian. “Ainda não vimos muitas diferenças, embora algumas meninas tenham decidido usar os uniformes com calças, que devem ser usados com gravata”.

 

O fato é que as crianças são capazes de aprender, independentemente do que estão vestindo. E se a escola é um lugar de aprendizagem, por que não deixar os alunos mais confortáveis? Agora só falta as escolas americanas aderirem ao movimento…

 

 

Jihan Forbes
Editor associado
Yahoo Style

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