Rui Car
03/02/2020 13h46

Depilação Infantil: tirar os pelos de crianças, pode?

Uma questão de autoestima infantil?

Assistência Familiar Alto Vale
Por: Marcela de Mingo - Yahoo!

Por: Marcela de Mingo - Yahoo!

Delta Ativa

É possível encontrar de tudo no Instagram, inclusive uma hashtag dedicada à depilação infantil. Acredite se quiser, existem clínicas de estética no Brasil que estão oferecendo serviços exclusivos para clientes mirins, ainda crianças ou na pré-adolescência. 

 

Pode parecer absurdo, mas é sabido que a preocupação com a aparência começa cedo, principalmente quando se fala das meninas. Conseguir se encaixar em um padrão de beleza é algo sabido e muito explorado – existem, inclusive, estudos que explicam como as meninas deixam de fazer programas com amigos por insegurança a respeito da própria aparência, e que são pouquíssimas aquelas que se auto-qualificam como “bonitas”. 

 

Segundo a Maria Paula Del Nero, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o desenvolvimento do corpo de um ser humano começa ainda na infância – isso significa que a fase de puberdade não acontece apenas na adolescência, mas a partir dos 8 anos de idade para as meninas e 9 para os meninos. É nesse período que os pelos começam a aparecer. 

 

Isso, no entanto, não significa que essa é a melhor idade para começar uma rotina de depilação. Segundo a médica, o ideal é esperar que o processo de desenvolvimento se complete, o que acontece na faixa de 12 a 15 anos para as meninas e de 14 a 16 anos para os meninos. “A pele da criança é fina e sensível, e a depilação com lâminas, por exemplo, é mais agressiva e pode machucar”, explica. 

 

Aliás, a depilação pode ser feita de diversas maneiras, como cera quente, lâminas, cremes depilatórios ou fotodepilação, e dependendo do tipo e da qualidade da aplicação, pode ter efeito negativos no corpo da criança ou do adolescente. “Dentre essas implicações podemos destacar: irritações na pele, queimaduras, infecções de pele e órgãos reprodutivos, pelos encravados, foliculites, lesões e abcessos. A depilação pode causar micro-traumas, facilitando a entrada de patógenos e propiciando um processo infeccioso da região”, complementa Júlia Teixeira Nicolosi, especialista em enfermagem neonatal.

 

Por isso, a mestre em enfermagem explica que a depilação deve ser feita em uma criança ou adolescente após a orientação médica e com bom senso – por exemplo, não é realista esperar os mesmos efeitos que a depilação tem em um adulto, especialmente as que fazem uso de lasers, por conta da fase de desenvolvimento ainda incompleta e a sensibilidade da pele, natural desse momento da vida. 

 

Uma questão de autoestima infantil

Existe, claro, um outro lado. Tanto Júlia quanto Maria Paula atentam para o fato de que a autoestima de uma criança ou adolescente pode ser afetada por conta dos pelos do corpo. Se uma criança tem pelos em excesso, isso pode ser motivo para bullying dos amiguinhos da escola, o que pode gerar um efeito negativo na sua autoimagem. Nesse caso, é prudente buscar, com a ajuda de um médico, a melhor forma de tratar dessa questão. 

 

O efeito contrário também pode ser verdadeiro: uma depilação mal-sucedida pode deixar marcas no corpo que influenciam a visão que a criança tem de si mesma e estimulam os comentários dos outros, gerando desconfortos. 

 

Por isso, caso a depilação surja como uma solução para questões de autoestima, é importante que seja feita sempre em lugares de confiança e com produtos de qualidade. Importante também manter em mente o porquê da criança adotar essa prática e não deixá-la confundir a depilação como um reforço a padrões de beleza. 

 

“É importante que os pais se atentem aos motivos que a criança está desejando realizar o procedimento. Crianças com menos de 9 anos com pelos ou crianças com excesso de pelos podem indicar alterações hormonais, necessitando de atendimento médico”, alerta Julia.

 

Segundo Maria Paula, meninos e meninas devem ser orientados desde cedo a adotarem hábitos de cuidado que colaborem para o seu bem-estar geral, como lavar o rosto, aplicar protetor solar diariamente, além de hidratar a pele e escovar os dentes com frequência. “Se forem bem orientadas desde cedo diminuiremos a incidência de câncer de pele e por tabela as rugas e manchas causadas pelo dano solar. E diminuiremos a incidência de dermatite atópica. Cuidado com a pele é sempre bem vindo e vai muito além da vaidade, é saúde”, diz. 

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