Rui Car
13/07/2020 10h05

Desmatamento na Amazônia em junho é o maior dos últimos 5 anos

A área destruída tem o tamanho da cidade de Belém (PA)

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Fonte: Superinteressante

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No mês de junho, o Brasil bateu um novo recorde, mas não há motivos para comemorar. Em apenas um mês, houve deflorestamento em uma área da Floresta Amazônica de 1.034,4 km², equivalente à cidade de Belém, no Pará. O número é 10,6% maior do que o registrado no mesmo mês em 2019 – e o mais alto já registrado nos últimos cinco anos.

 

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (10) pelo sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Deter é um levantamento rápido, mas não oficial. Ele serve para informar as equipes de fiscalização em tempo real e permitir flagrantes. Os números serão posteriormente confirmados pelo Prodes, o sistema que fornece a taxa oficial de desmatamento anualmente.

 

Além do recorde de junho, o levantamento do Deter mostra que, nós últimos 11 meses, 7,5 mil km² de áreas florestais foram sinalizadas como locais onde estava ocorrendo desmatamento. Isso representa um aumento de 64% em relação ao período de 11 meses terminado em junho de 2019, e de 112% em relação ao mesmo período terminado em 2018.

 

Com o deflorestamento, vem o fogo. Por volta de dois meses após a remoção da cobertura vegetal – quando as folhas e galhos já tiveram tempo de secar –, os agricultores, pecuaristas ou garimpeiros que querem explorar a área ateiam fogo aos tocos de árvore que ficaram no chão (as madeiras nobres, em geral, já foram retiradas por madeireiros igualmente ilegais). Depois, com as raízes carbonizadas e bastante frágeis, basta usar tratores com correntes para nivelar o terreno e sumir com todos os indícios de que o local já abrigou mata nativa.

 

O pulo do gato é que incêndios são uma forma comum de preparar o terreno para o plantio. Assim, caso um fiscal veja o incêndio, fica fácil para o novo ocupante do terreno argumentar que ele sempre teve uma fazenda produtiva ali – e que aquele é só o incêndio mais recente para abrir caminho para a nova temporada. Esse golpe, com frequência, vem acompanhado de documentos falsos que sinalizam a posse do terreno há anos ou décadas. É assim que uma área pública cai na mão de um grileiro. Entenda melhor o processo nesta reportagem da SUPER.

 

A pecuária é a aplicação mais comum: estima-se que entre 70% e 80% das áreas desmatadas na Amazônia hoje contam com cabeças de gado. Mas é uma aplicação extremamente improdutiva. O pasto é de má qualidade, e em geral há apenas uma cabeça de gado por hectare, uma densidade baixíssima. Os bois são só um pretexto: o verdadeiro objetivo é a especulação imobiliária. Um naco de floresta roubado do governo e vendido limpo é muito atraente para potenciais compradores (e muito lucrativo para os grileiros).

 

Dados do Inpe indicam que apenas em junho, foram 2.248 focos ativos de queimadas na Amazônia, 19,6% a mais do que a mesma época em 2019 – e o maior já registrado nos últimos 13 anos. Como as últimas queimadas registradas devem ser referentes a abril, podemos esperar índices ainda maiores para os próximos meses.

 

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