Rui Car
10/05/2017 15h10 - Atualizado em 10/05/2017 13h46

Edição faz do ‘MasterChef Brasil’ o melhor reality

O candidato Vitor Bourguignon foi submetido à prova no programa

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Jeferson de Sousa - Tela Plena (Yahoo)

Jeferson de Sousa - Tela Plena (Yahoo)

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Reza a regra das métricas que você deve publicar o texto logo depois de um evento, tipo, o episódio do ‘MasterChef’ de ontem, no qual Douglas Holler (apelidado nas redes de Leo Régis em alusão a sua semelhança com o personagem de ‘Rock Story’) foi eliminado. Mas a eliminação de Douglas não vem ao caso para este texto – é apenas mais um candidato que se encaminhou para a porta de saída por cometer erros técnicos. O que interessa aqui é outro acontecimento: o dedo cortado de Vitor Bourguignon.

 

E qual a importância desse corte? Bem, ele evidenciou um dos melhores aspectos do ‘MasterChef BR’: a edição.

 

É certo que, depois de algumas edições do reality culinário (juntando aí as versões “Junior” e “Profissionais”), fica complicado manter o suspense e o entusiasmo do público. Tudo tende a parecer um pouco óbvio: um desafio será proposto, os chefs irão desfiar suas broncas e grosserias, os concorrentes ficarão estressados com o tempo, um deles vai pisar na bola mais do que os outros e será eliminado, e daí Ana Paula Padrão irá consolá-lo nos bastidores. Para ficar na analogia gastronômica, é uma receita que segue os mesmos ingredientes. E é aqui que entra a edição.

 

Como muita gente sabe (ou se não sabe, pelo menos desconfia), o que se vê em um episódio de reality não ocorre na sequência que vai ao ar. Há muita remontagem, momentos que são cortados, planos são alternados – tudo isso regado com uma cobertura musical para dar o sabor final. E nisso a produção do ‘MasterChef’ tem mostrado uma eficiência acima da média (que me perdoem os realities de outros canais).

 

Voltemos ao acidente do mais recente episódio. Tudo corria conforme o previsto quando Vitor B. fez um profundo talho no dedo. Após exame da socorrista de plantão, concluiu-se que, dada a magnitude do corte, seria preciso que se fizesse um procedimento mais efetivo para estancar o sangue – ou seja, Vitor precisaria levar uns pontos.

 

Foi aí que edição mostrou sua habilidade. Criou-se um clima de suspense digna de um thriller. Vitor deixa a bancada em lágrimas de frustração por não poder completar a tarefa. Os outros concorrentes ficam consternados com o ocorrido – seria Vitor desclassificado por não concluir a prova? Todos apresentam seus pratos e, ao final do julgamento dos chefs, Vitor volta com um curativo no dedo. E agora?

 

Para surpresa geral, Ana Paula propõe o desafio: conseguiria o competidor finalizar a prova com o dedo imobilizado e no tempo restante, a contar do momento em que havia parado? Vitor topa a empreitada. Todos os outros concorrentes vão para o mezanino e tem início um momento em que tanto os concorrentes quanto o espectador ficam tensos com cada uma das escolhas e procedimentos do cozinheiro. Ao final, seu prato e atitude ganham elogios dos jurados.

 

Contado assim a sequência parece bem menos eletrizante, mas o fato é que foi um dos episódios mais bacanas do programa este ano. É claro que, de fato, nada disso aconteceu nessa sequência – houve um longo momento de espera até que todos se apresentassem e também não havia nenhuma trilha sonora criando tensão nesses momentos. Mas aí é que está a arte do negócio. E por isso o ‘MasterChef’ continua sendo o melhor reality.

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