Rui Car
20/08/2019 10h45 - Atualizado em 20/08/2019 08h30

Esta imensa supernova é diferente de tudo que já vimos até hoje

Este ambiente é incomum para uma estrela tão massiva

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Estrelas já são, normalmente, coisas impressionantes por si só. Mas quão grande tem que ser um evento astronômico para impressionar até astrônomos, que passam anos a fio olhando para as estrelas o tempo todo? Aparentemente, ele precisa ser do tamanho da SN2016iet: uma supernova misteriosa localizada a um bilhão de anos-luz de distância.

 

Cientistas anunciaram, no último dia 15, a descoberta da estrela mais massiva conhecida já destruída por uma explosão de supernova. O achado desafia modelos conhecidos de como as estrelas massivas morrem e fornece informações sobre a morte das primeiras estrelas do universo. A novidade foi publicada em um artigo no periódico “The Astrophysical Journal”.

 

A SN2016iet forçou os astrônomos a ignorarem décadas de pesquisa e se concentrarem em uma nova espécie de supernova. Nesse caso, a explosão pode aniquilar totalmente sua estrela-mãe – não deixando nenhum traço. O evento inédito pode representar o modo pelo qual as estrelas mais massivas e as mais antigas do Universo morrem.

 

Evento único

Observada pela primeira vez em novembro de 2016 pelo satélite Gaia da Agência Espacial Européia (ESA), a supernova passou por três anos de observações intensivas que revelaram características únicas, para as quais não há análogos na literatura astronômica. Além de ter uma duração incrivelmente longa e ser altamente energética, ela também tem impressões digitais químicas incomuns e existe em um ambiente pobre em metais.

 

“Quando percebemos o quão completamente incomum a SN2016iet é minha reação foi ‘uou – tem algo muito errado com nossos dados?’”, contou o pesquisador Sebastian Gomez, da Universidade de Harvard, e principal autor do artigo, em comunicado à imprensa. “Depois de um tempo, determinamos que a SN2016iet é um mistério incrível, localizado em uma galáxia anteriormente não catalogada, a um bilhão de anos-luz da Terra”.

Na análise, a equipe de pesquisadores usou vários telescópios, incluindo o Gemini, Havaí, o MMT Observatory, no estado norte-americano do Arizona, e os telescópios Magellan, no Chile. Esse estudo atento revelou apenas uma fraca emissão de hidrogênio no local da supernova, evidenciando que a estrela progenitora da SN2016iet vivia em uma região isolada, com muito pouca formação estelar. Este ambiente é incomum para uma estrela tão massiva.

 

“Tudo a respeito desta supernova parece diferente: sua mudança de brilho com o tempo, seu espectro, a galáxia em que está localizada e até mesmo onde está localizada dentro de sua galáxia”, apontou o professor de astronomia de Harvard Edo Berger, um dos autores do artigo. “Às vezes, vemos supernovas que são incomuns em um aspecto, mas por outro lado são normais; esta é única de todas as maneiras possíveis”.

 

Supernova por instabilidade de pares

As observações e análises mostram que a SN2016iet começou como uma estrela incrivelmente massiva – com 200 vezes a massa do nosso sol – que se formou isoladamente a aproximadamente 54 mil anos-luz do centro de sua galáxia anã hospedeira. Durante uma vida curta, de apenas alguns milhões de anos, a estrela perdeu cerca de 85% da sua massa até que finalmente explodiu e morreu.

 

A colisão dos detritos da explosão com o material descartado na última década antes da explosão levou à aparência incomum da supernova. Ela deu aos cientistas o primeiro caso sólido de uma supernova por instabilidade de pares.

 

Berger explica que essa ideia de supernova por instabilidade de pares existe há décadas. “Mas finalmente ter o primeiro exemplo observacional, que coloca uma estrela moribunda no regime correto de massa, com o comportamento correto, e em uma galáxia anã pobre em metais é um incrível passo à frente. A SN2016iet representa a maneira pela qual as estrelas mais massivas em o universo, incluindo as primeiras estrelas, morrem”.

 

Nos próximos passos, a equipe continuará estudando a SN2016iet, procurando pistas adicionais sobre como ela se formou e observando sua evolução. “A maioria das supernovas desaparece e se torna invisível contra o brilho de suas galáxias hospedeiras em poucos meses. Porém, como a SN2016iet é tão brilhante e isolada, podemos estudar sua evolução por muitos anos”, afirmou Gomez. “Essas observações já estão em andamento e mal podemos esperar para ver que outras surpresas essa supernova nos reserva”. [Harvard University, Gemini TelescopeCNNFuturism]

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