Rui Car
25/10/2018 09h55 - Atualizado em 25/10/2018 08h26

Estamos ingerindo plástico. O que isso causa em nosso organismo?

O plástico está “matando a espécie humana” lentamente

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Cientistas revelaram, pela primeira vez, que estamos ingerindo partículas microscópicas de plástico nas nossas refeições. A descoberta foi realizada após exames de fezes terem detectado plástico em todas as amostras analisadas.

 

O estudo contou com participantes do Reino Unido e de sete outros países, e uma quantidade de até 20 pedaços de plástico foi encontrada em cada 10g de fezes.

 

Embora a pesquisa não tenha descoberto a proveniência das partículas de plástico, um diário alimentar mantido pelos participantes mostrou que todos eles consumiam alimentos e bebidas embaladas em plástico.

 

Os pesquisadores acreditam que o plástico pode vir da embalagem que armazena o alimento, ou das técnicas usadas para processá-lo e fabricá-lo. No entanto, ele também pode vir do plástico consumido pela vida marinha.

 

Falando sobre as descobertas, o pesquisador líder do estudo, Dr. Philipp Schwabi, da Universidade de Medicina de Viena, na Áustria, disse: “Uma de nossas preocupações é saber o que isso significa para nós, e especialmente para pacientes com doenças gastrointestinais”.

 

“Embora as concentrações mais altas de plástico, em estudos realizados com animais, tenham sido identificadas no intestino, as menores micropartículas podem entrar na corrente sanguínea, sistema linfático, e alcançar o fígado”.

 

“Agora que temos as primeiras evidências da presença de micropartículas de plástico no organismo dos seres humanos, precisamos de mais pesquisas para entender o que isso significa para a nossa saúde”.

 

Os especialistas já expressaram suas preocupações em relação ao impacto que a ingestão de partículas plásticas pode ter em nossos corpos, alertando que o plástico no intestino pode prejudicar o funcionamento do sistema imunológico e favorecer a transmissão de toxinas e vírus.

 

“A realidade da situação é que não há pesquisas científicas suficientes para concluir se o consumo de plástico é ou não prejudicial para o corpo humano, e caso seja, para definir quais efeitos negativos ele tem na nossa saúde,” alerta Abbas Kanani, farmacêutico da Chemist Click.

 

“Estudos realizados com animais, analisando os efeitos da ingestão de plástico, descobriram que ele provoca um impacto negativo no fígado, na fertilidade e no funcionamento hormonal desses animais, mas ainda não temos pesquisas sobre o impacto nos humanos”.

 

Kanani acredita que o desafio é estudar os efeitos do consumo de plástico na saúde humana, já que as pessoas não podem simplesmente comer este material para atingir o propósito da pesquisa.

 

“O plástico também não é um fator único. Ele tem diversas formas e pode conter muitos aditivos diferentes, como pigmentos, amaciantes, substâncias que repelem a água, etc., por isso é difícil determinar se os efeitos negativos na nossa saúde são causados apenas pelo plástico ou seus aditivos,” acrescenta.

 

“Existem diferentes fatores que precisam ser avaliados, desde a fonte do plástico até os diversos tipos e componentes envolvidos. Apesar disso, tenho certeza de que, com o tempo, teremos evidências mais conclusivas, embora até o momento não saibamos ao certo como o plástico afeta a saúde humana”.

 

O que a ingestão de plástico pode causar em nossos corpos? [Foto: Getty]
 
 

Não é a primeira vez que se discute o impacto da ingestão de plástico em nossos corpos. No começo deste ano, especialistas emitiram um alerta de que a poluição provocada pelo plástico pode ser “catastrófica” para a saúde humana.

 

Amostras de água do mar coletadas durante uma viagem de 72 mil quilômetros da regata Volvo Ocean Race ao redor do mundo, revelaram traços de microplásticos em todo o planeta, incluindo as águas mais remotas do Oceano Antártico.

 

Os especialistas não se surpreenderam com esta informação. Comentando as descobertas, a Dra. Luiza Mirpuri, consultora médica da organização, disse: “Será uma catástrofe, não agora, mas na terceira geração, porque teremos mais doenças decorrentes destes novos poluentes”.

 

“Surgem mais casos de câncer, mais doenças alérgicas, mais infertilidade. Somos menos férteis do que os nossos avós”. A Dra. Mirpuri terminou afirmando que o plástico está “matando a espécie humana” lentamente.

 

 

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