Rui Car
05/08/2019 11h12 - Atualizado em 05/08/2019 08h51

Exame de sangue detecta Alzheimer com 94% de precisão

Os cientistas decidiram acrescentar fatores de risco para melhorar o teste,

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HypeScience

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Cientistas da Universidade de Washington (EUA) descobriram um teste que pode detectar mudanças cerebrais precoces que indicam doença de Alzheimer com até 94% de precisão.

 

O teste se utiliza de uma medida e dois fatores de risco: os níveis da proteína amiloide beta no sangue; a idade do paciente; e a presença da variante genética APOE4.

 

O exame de sangue se saiu melhor para identificar a doença do que o teste padrão utilizado hoje para detectar acúmulos de amiloide no cérebro: a tomografia pet scan.

 

Ensaios clínicos para cura e prevenção da doença

Um teste como este é essencial para o desenvolvimento de ensaios clínicos que avaliem a eficácia de remédios para prevenir e combater o Alzheimer. Estes estudos precisam de participantes que tenham sinais precoces da doença, mas que ainda não tenham sintomas cognitivos.

 

“Neste momento, selecionamos pessoas para testes clínicos usando tomografias cerebrais, o que consome muito tempo e muito dinheiro. Com um exame de sangue, poderíamos potencialmente rastrear milhares de pessoas por mês. Isso significa que podemos encontrar mais eficientemente participantes para ensaios clínicos, o que nos ajudará a encontrar tratamentos mais rapidamente e pode ter um enorme impacto no custo da doença, bem como no sofrimento humano que a acompanha”, explicou um dos autores do estudo, Randall J. Bateman, ao MedicalXpress.

Segundo os médicos, o ideal é que o tratamento para Alzheimer comece o mais cedo possível, antes dos sintomas aparecerem, para ser o mais eficaz possível. Nos dias atuais, com pacientes diagnosticados tardiamente, as terapias não servem nem para diminuir a perda cognitiva dos afetados.

 

Metodologia

O novo estudo envolveu 158 adultos com mais de 50 anos. Todos, menos dez dos participantes tinham cognição normal. Todos fizeram um exame de sangue e um pet scan.

 

O exame de sangue foi desenvolvido em uma pesquisa anterior e utiliza uma técnica chamada de espectrometria de massa para medir a quantidade de duas proteínas amiloides no cérebro: a beta 42 e a beta 40.

 

Os pesquisadores classificaram cada exame e cada tomografia como “amiloide positiva” ou “amiloide negativa”. Depois compararam os resultados, e descobriram que eles eram iguais em 88% do tempo, o que é bom, mas não é preciso o suficiente para um diagnóstico clínico.

 

Então, os cientistas decidiram acrescentar fatores de risco para melhorar o teste, incluindo idade (depois dos 65 anos, a chance de ter a doença dobra a cada cinco anos), a variante genética APOE4 (que aumenta o risco da doença de três a cinco vezes) e gênero (dois a cada três pacientes de Alzheimer são mulheres).

 

Idade e presença de APOE4 aumentaram a eficácia do teste para 94%. Gênero não fez diferença, pois, apesar de afetar a quantidade de amiloide no cérebro, não mudou o status positivo ou negativo dos pacientes.

 

Falsos positivos x diagnósticos precoces

Um dos achados mais interessantes do estudo é que os exames de sangue de alguns participantes foram considerados “falso positivos” inicialmente, porque suas tomografias deram negativas.

 

No entanto, cerca de 4 anos depois, algumas dessas pessoas refizeram tomografias e tiveram um resultado positivo. Ou seja, seus testes não eram falsos, mas sim diagnósticos precoces, mais eficazes que a tomografia.

 

Essa é a melhor população para se participar de um estudo que teste a utilidade de tratamentos precoces.

 

“Se você quiser rastrear uma população assintomática para um teste de prevenção, você teria que rastrear [usando pet scan], digamos, 10.000 pessoas para conseguir apenas 1.500 ou 2.000 que se qualificariam”, afirmou Bateman. “Reduzir o número de tomografias pode nos permitir realizar o dobro de testes clínicos pelo mesmo tempo e dinheiro. São milhões de pacientes que sofrem enquanto não temos um tratamento. Se pudermos executar esses testes mais rapidamente, isso nos aproximará do fim desta doença”.

 

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Neurology. [MedicalXpress]

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