Rui Car
23/10/2017 07h13

Falência da Oi poderia comprometer serviços em mais de 2 mil cidades

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O governo federal montou grupo de trabalho para tentar buscar solução de mercado e evitar a falência da Oi, hipótese prevista em lei caso as negociações com os credores fracassem. Dos R$ 64 bilhões devidos, R$ 11 bilhões são para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e R$ 20 bilhões para bancos públicos federais.

 

Eduardo Tude, presidente da consultoria especializada na área Teleco, avalia que já houve avanço em relação às propostas anteriores e seria possível caminhar para um acordo. O desfecho, diz, pode demorar. Tude entende que é possível que o encontro, agora remarcado para 6 de novembro, não tenha quórum e a situação se arraste, à espera de consenso, para a segunda chamada da assembleia, prevista para 27 de novembro.

 

– Se a empresa for à falência, todos perdem – lembra Tude.

 

Autor de livro sobre recuperação judicial, o administrador Julio Cesar Teixeira de Siqueira sustenta que os dois lados deveriam ceder um pouco para chegarem a bom termo, sob pena de grande impacto no serviço. A Oi é a única operadora de telefonia fixa em mais de 2 mil dos 5,5 mil municípios brasileiros.

 

– Se falir, teremos um apagão em várias cidades – alerta Siqueira, que também considera o caso da Oi o teste de fogo da legislação de recuperação judicial, para verificar se é efetiva na tarefa de dar fôlego às empresas no pagamento de dívidas enquanto tentam se consolidar, ou começará a ser encarada como protelação.

 

Os problemas financeiros, resultados de sucessão de maus negócios, vêm causando à Oi perda de participação de mercado. Em telefonia fixa, na qual era líder até 2016, caiu para o segundo lugar, de acordo com a Teleco. Em banda larga fixa, saiu de fatia de 27,3% em 2015 para 22,8% em agosto deste ano. Na telefonia móvel, é a quarta, com 17,3%, sem ameaçar as líderes Vivo, Claro e TIM. Para Tude, reflexo da falta de caixa:

 

– A Oi precisa da injeção de capital para poder ampliar sua rede.

 

Esse é o principal desafio, ressalta Paulo Wyss, da Mazars Cabrera. A Oi está entre as líderes apenas em telefonia fixa, “um negócio que está morrendo”, avalia, enquanto não tem dinheiro para investir em telefonia móvel e internet.

 

 

Jornal de Santa Catarina

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