Rui Car
29/01/2020 09h49 - Atualizado em 29/01/2020 09h50

Fumar maconha pode ser perigoso para o coração, diz estudo

O estudo foi conduzido por uma equipe de pesquisadores médicos

Assistência Familiar Alto Vale
Foto: Getty Images - Por: Abby Haglage

Foto: Getty Images - Por: Abby Haglage

Delta Ativa

Um novo estudo no Journal of American College of Cardiology (Jornal do Colégio Americano de Cardiologia) sugere que aqueles com problemas cardíacos devem ser cuidadosos.

 

O estudo foi conduzido por uma equipe de pesquisadores médicos do Brigham, Hospital da Mulher e do Centro Médico da Universidade de Columbia que realizaram uma ampla revisão dos efeitos cardiovasculares da maconha na saúde cardiovascular. A conclusão: muitos dos medicamentos usados para tratar problemas cardíacos têm o potencial de interagir com a maconha medicinal.

 

Embora a interação possa variar de acordo com o medicamento, o problema está no fato de que ambas as substâncias são frequentemente processadas no fígado, o que pode interferir na maneira como o corpo absorve o medicamento.

 

Entre os medicamentos específicos listados estão estatinas (atorvastatina, lovastatina e sinvastatina), varfarina e anti-inflamatórios não esteroides, incluindo ibuprofeno e naproxeno. Além das interações medicamentosas, a análise descobriu que fumar maconha pode produzir “substâncias químicas cardiotóxicas” – semelhantes às produzidos por fumar cigarros – colocando-a entre os três principais gatilhos para um ataque cardíaco (atrás só da cocaína e de uma refeição muito pesada).

 

Dr. Muthiah Vaduganathan, cardiologista do Centro do Coração e Saúde Vascular e do Hospital da Mulher em Boston, bem como o principal autor do estudo, diz que a revisão se baseia em pesquisas anteriores que mostram uma ligação entre o uso de maconha e problemas cardíacos. “Nossa análise sugere que fumar maconha traz muitos dos mesmos riscos para a saúde cardiovascular que fumar tabaco”, disse Vaduganathan em comunicado. “Embora o nível de evidência seja modesto, há dados suficientes para aconselhar cautela no uso de maconha para nossos pacientes de maior risco, incluindo aqueles que tiveram um ataque cardíaco ou uma arritmia ou que foram hospitalizados com insuficiência cardíaca”.

 

Enquanto fumar tabaco é geralmente visto como algo mais perigoso para a saúde do coração, Vaduganathan explica que a inalação de maconha pode representar ainda mais perigo. “Fumar maconha envolve longas tragadas com maior retenção de ar”, disse ele ao Yahoo Vida & Estilo. “Como tal, o consumo de toxinas químicas e alcatrão acontece em um grau semelhante ou maior com o consumo de maconha”. Mas antes que os defensores do vaping sugiram que essa é uma opção mais segura, Vaduganathan diz que o método apresenta seus próprios riscos.

 

“O vaping aumenta muito a distribuição da maconha no organismo, muito além do que acontece quando a maconha é fumada”, disse Vaduganathan ao Yahoo Vida & Estilo. “De fato, quando os produtos de combustão do tabaco e da maconha (quando fumados) são comparados, ambos contêm uma variedade semelhante de toxinas e substâncias. Essa informação suscita preocupações de que a maconha, quando fumada ou consumida através do vaping, possa representar riscos cardiotóxicos semelhantes aos do tabaco”.

 

Seja fumando tabaco, vaping ou consumindo maconha, espera-se que as pessoas que leem o estudo entendam que a droga não é inofensiva. “Os pacientes estão cada vez mais questionando sobre a segurança relativa do uso de maconha; enquanto comunidade cardiovascular, precisamos estar equipados com respostas baseadas em evidências”, disse ele. “Como tal, até que mais dados estejam disponíveis, aconselhamos cautela quanto ao uso da maconha por nossos pacientes de maior risco com doença cardiovascular já diagnosticada”.

Justen Celulares