Rui Car
29/11/2019 08h29

A história de violência doméstica de Melissa Benoist: “Aprendi a ser socada”

Como começa um relacionamento abusivo?

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Melissa Benoist, a ‘Supergirl da série de TV do mesmo nome, gravou um vídeo doloroso para o seu IGTV. Em 14 minutos, ela explica como foi vítima de violência doméstica e agressão física, e que decidiu compartilhar a história para ajudar outras mulheres em situação semelhante. 

 

Atenção: este texto contém detalhes de um caso de relacionamento violento, que podem ser gatilhos para pessoas fragilizadas, sejam sobreviventes ou estejam passando por uma situação semelhante.

 

“Eu sou uma sobrevivente de violência doméstica”, começa ela. “Aprendi o que é ser segurada e estapeada repetidamente, ser socada tão forte que cheguei a perder o ar, arrastada pelo cabelo no concreto, tomar cabeçadas, beliscada até a minha pele romper, jogada na parede até o gesso quebrar e enforcada”. 

 

Durante o vídeo, Melissa lê um texto em que relata os detalhes do relacionamento, explicando, de início, que o abusador era mais novo do que ela. Apesar de não citar nomes, sabe-se que entre os anos de 2015 e 2017, Melissa foi casada com o colega de elenco de Glee, Blake Jenner, 4 anos mais novo. Este é o único relacionamento público que a atriz teve com um homem que encaixa na descrição.

 

Atualmente, Melissa é casada com Chris Wood, que também é parte do elenco de SuperGirl e é seis anos mais velho que ela. 

 

Como começa um relacionamento abusivo? 

Melissa explica que o relacionamento começou como outro qualquer. Ela, que tinha acabado de sair de uma relação, encontrou no abusador um amigo com quem poderia conversar, e entendia que ele, assim como ela, estava se recuperando de uma série de feridas emocionais. 

 

A relação evoluiu rápido e os primeiros sinais vieram logo: ciúmes, tentativas de controle e raiva quando ela conversava com outros homens. O abusador encontrou maneiras de checar os seus aparelhos eletrônicos, como celular e computador, passou a exigir que ela trocasse de roupa com frequência antes de sair de casa e proibia a atriz de fazer cenas contendo beijos ou flertes no trabalho – o que fez com que ela recusasse ofertas profissionais e tivesse dificuldades na carreira. 

 

Cinco meses depois do relacionamento começar, vieram os abusos físicos. Nesta primeira vez, o abusador jogou um smoothie no seu rosto, e ela conta que se viu mais preocupada com a bebida manchar o sofá do que com o fato de ter sido abusada. 

 

Ela disse que aprendeu a se trancar em quartos para tentar escapar das agressões, mas que desistiu depois de perceber que a porta era facilmente derrubada. Após os ataques, o abusador a colocava na banheira e abria a torneira para que ela se limpasse enquanto ele “se recuperava”.  Depois, ela conta, ele voltava com o discurso de costume para esse tipo de situação: ele se sentia culpado, pedia desculpas, chorava e dizia que sua intenção nunca foi machucá-la. 

 

“No fundo, eu não acreditava que ele poderia mudar, eu só me iludi acreditando que poderia ajudá-lo. Alguém precisava avisá-lo de que o seu comportamento não era ok e quem melhor do que aquele em quem ele estava descontando tudo?”, diz. 

 

Para ela, o momento decisivo foi quando ele jogou um iPhone no seu rosto, afetando a sua visão, cortando uma parte do rosto e quebrando o seu nariz. No hospital, ela mentiu sobre o que tinha acontecido mesmo quando foi questionada pelos policiais, mas sabia que aquele era o momento de começar a buscar uma saída. 

 

Em uma conversa com uma amiga, durante um dia em que o abusador não estava no set de filmagens junto com ela, ela conversou pela primeira vez sobre a sua situação e começou o processo longo de sair de um relacionamento abusivo. 

 

Violência Doméstica no Brasil

Melissa decidiu gravar o seu depoimento para ajudar outras mulheres em situação de risco, e é sabido que, de uns anos para cá, a conversa sobre violência doméstica mudou muito – ainda bem. 

 

No Brasil, os números ainda são bem alarmantes:  segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada dois minutos uma mulher é vítima de violência doméstica por aqui e, por dia, 180 são vítimas de estupro. 

 

Mais alarmante ainda é saber que mais de 50% das vítimas normalmente não denunciam a violência que sofrem por medo do julgamento alheio, vergonha do que viveram e até por receio de não estarem seguras o suficiente para saírem de uma relação violenta. 

 

“Compartilhando a minha história, eu espero conseguir empoderar outros a pedirem ajuda e saírem de um relacionamento abusivo. Todos merecem serem amados sem violência, medo e agressões físicas”, escreveu Melissa na legenda de uma imagem em que falava sobre o assunto no Instagram. 

 

Caso você ou alguém que você conheça esteja em um relacionamento violento, é possível fazer uma denúncia anônima discando 180, a qualquer horário ou dia da semana. 

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