Rui Car
11/10/2018 15h10 - Atualizado em 11/10/2018 14h29

Inconsciente coletivo: ele existe mesmo?

Entenda como o inconsciente coletivo se manifesta e qual a relação com o inconsciente individual

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Conceito que revolucionou o entendimento sobre a natureza humana: Sigmund Freud definiu o inconsciente pessoal ao tratar de seus pacientes e construiu toda a teoria psicanalítica embasada nesse pressuposto. Para ele o inconsciente é composto de conteúdos reprimidos pela consciência. Foi o primeiro a falar sobre os traumas emocionais, os conflitos mentais, as lembranças escondidas na mente.

 

 

Para a psicanálise, o inconsciente é um reservatório composto por coisas que a pessoa teve dificuldade de elaborar, por todo conteúdo visto pelo sistema da mente como ameaçador e doloroso exercendo grande influência no comportamento psíquico do indivíduo. Experiências reprimidas, sentimentos, pensamentos, impulsos, e memórias esquecidas que estão fora da nossa consciência.

 

 

Carl G. Jung, se encanta com as descobertas de Freud tornando seu discípulo. Após anos de estudo amplia o conceito de inconsciente indo além do pessoal. Para Jung a psique humana é composta pelo ego consciente, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.

 

Inconsciente coletivo

O inconsciente coletivo é compartilhado por todos indivíduos através da história e composição genética. Nele encontramos toda a sabedoria universal, toda a história da humanidade passada através das gerações.nos conectando com o todo e garantindo a evolução emocional de nossa espécie.

 

 

Uma boa metáfora é compará-lo com um grande HD externo que guarda toda a experiência humana e que todos nós temos a senha de acesso. Chegamos ao mundo com uma memória herdada com todo o aprendizado da humanidade, todos seus medos e desejos e com a capacidade de acessá-las durante nosso desenvolvimento.

 

 

O inconsciente coletivo armazena entre outros conteúdos o que Jung denominou de arquétipos conjuntos de “imagens primordiais” originadas de uma repetição progressiva de uma mesma experiência durante muitas gerações.

 

São as dimensões básicas da humanidade, as Imagens de nosso imaginário que todos entendem independente de sua cultura, religião e educação. Entre elas, estão o herói, o vilão, a grande Mãe, estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.

 

 

Como o inconsciente se manifesta

A linguagem do inconsciente é simbólica e se expressa por meio de reações autônomas.de diferentes formas principalmente por meio dos sonhos. Também ocorrem expressões do inconsciente nos atos falhos (lapsos de linguagem), e associação livre de idéias (fala livre sem crítica e sem preocupação com a coerência).

 

Essas portas de acesso ao inconsciente fazem parte da estratégia da psicoterapia verbal. O psicólogo treinado em sua escuta auxilia na conscientização desses conteúdos e através dela o alívio da dor e sofrimento.

 

O centésimo macaco

O macaco japonês Macaca Fuscata vinha sendo observado há mais de trinta anos em estado natural. Em 1952, os cientistas jogaram batatas-doces cruas nas praias da ilha de Kochima para os macacos. Eles apreciaram o sabor das batatas-doces, mas acharam desagradável o da areia. Uma fêmea de um ano e meio, chamada Imo, descobriu que lavar as batatas num rio próximo resolvia o problema. E ensinou o truque à sua mãe. Seus companheiros também aprenderam a novidade e a ensinaram às respectivas mães.

 

 

Aos olhos dos cientistas, essa inovação cultural foi gradualmente assimilada por vários macacos. Entre 1952 e 1958 todos os macacos jovens aprenderam a lavar a areia das batatas-doces para torná-las mais gostosas. Só os adultos que imitaram os filhos aprenderam este avanço social. Outros adultos continuaram comendo batata-doce com areia.

 

Foi então que aconteceu uma coisa surpreendente. No outono de 1958, na ilha de Kochima, alguns macacos, não se sabe ao certo quantos, lavavam suas batatas-doces. Vamos supor que, um dia, ao nascer do sol, noventa e nove macacos da ilha de Kochima já tivessem aprendido a lavar as batatas-doces. Vamos continuar supondo que, ainda nessa manhã, um centésimo macaco tivesse feito uso dessa prática. Então aconteceu! Nessa tarde, quase todo o bando já lavava as batatas-doces antes de comer. O acréscimo de energia desse centésimo macaco rompeu, de alguma forma, uma barreira ideológica.

 

Os cientistas observaram uma coisa deveras surpreendente: o hábito de lavar as batatas-doces havia atravessado o mar. Bandos de macacos de outras ilhas, além dos grupos do continente, em Takasakiyama, também começaram a lavar suas batatas-doces. Assim, quando um certo número crítico atinge a consciência, essa nova consciência pode ser comunicada de uma mente a outra.

 

O número exato pode variar, mas o Fenômeno do Centésimo Macaco significa que, quando só um número limitado de pessoas conhece um caminho novo, ele permanece como patrimônio da consciência dessas pessoas. Mas há um ponto em que, se mais uma pessoa se sintoniza com a nova percepção, o campo se alarga de modo que essa percepção é captada por quase todos. E você pode ser o centésimo macaco!

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