Rui Car
08/02/2019 10h45 - Atualizado em 08/02/2019 08h51

Já ouviu falar em amamentação pelo dedo? Saiba como funciona

Um pouco mais trabalhosa, essa estratégia exige cuidado dos pais

Assistência Familiar Alto Vale
Por Gabriela Navalon / Yahoo!

Por Gabriela Navalon / Yahoo!

Delta Ativa

Já ouviu falar em finger feeding ou, em português, dedo-sucção? A tática de amamentação com o leite materno através do dedo tem sido usada por mulheres que têm dificuldade para amamentar, como é o caso da influenciadora Shantal Verdelho, mãe de Filippo, que nasceu no dia 9 de janeiro, fruto do relacionamento com Mateus Verdelho. Com o seio machucado e precisando deixar a região livre da mamada para recuperar os seios e evitar uma inflamação, o casal decidiu experimentar a técnica.

 

Mas o que é finger feeding?

Usada para oferecer leite materno ao recém-nascido, o finger-feeding é uma saída que utiliza uma sonda conectada a uma seringa presa ao dedo mínimo ou indicador. A sonda fica mergulhada no copo de leite materno, que pode ser colhido com bomba. Então, o dedo é posicionado dentro da boca do bebê. 

 

Além disso, com o finger feeding qualquer pessoa pode alimentar a criança. Para Shantal e Mateus, essa foi a deixa para que o pai pudesse vivenciar um pouco o que é a amamentação. “O Mateus sempre falou que o pai poderia ter essa oportunidade de amamentar, já que é a mãe quem passa pela gestação. Calhou de eu precisar desse alívio, então juntamos o útil ao agradável”, contou a influenciadora ao Yahoo. “Quem falou que eu não ia ‘dá de mamá’? Agora sim, estou profissional completo no bagulho”, brincou o modelo.

 

Por que escolher o finger feeding?

Esta técnica visa evitar que outros meios de alimentação, como a mamadeira, sejam iniciados precocemente, já que a sonda faz com que o bebê ainda tenha um trabalho de sugar o leite e não desmame precocemente.

 

“Com o finger feeding, a posição da língua, dos lábios e a força necessária para que o leite passe pela sonda até a boca do bebê são parecidos com a sucção na mama se comparado com a mamadeira. Na mamadeira, o fluxo do leite é constante e não demanda movimentação contínua do bebê. Por isso, a chance de sucesso quando iniciado o aleitamento via seio materno é maior se, no período de treinamento ou dificuldade de pega, ele for alimentado com finger feeding e não com mamadeira”, explica Mônica Carceles, pediatra neonatologista e coordenadora do Berçário da Pro Matre Paulista.

 

Quando aderir ao finger feeding

Apesar de ser uma saída interessante, ela não é indicada para todo mundo. A consultora de amamentação Fernanda Gome da da ImunoVacin, frisa que a amamentação é um processo fisiológico que deve ser aproveitado pela mãe sempre que puder.

 

Só se lança mão de outros recursos para alimentar o bebê quando a amamentação no seio não é possível por algum problema, como o de Shantal. “O finger feeding é mais utilizado para ‘treinar’ ou ‘ensinar’ o bebê que possui alguma disfunção oral com o objetivo de ensinar uma sucção adequada (justamente para ele não machucar o seio da mãe) ou como uma forma provisória de alimentação quando o seio precisa de uma folga devido a fissuras ou outras razões”. Bebês que estão em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ou em observação no hospital também podem receber alimento dessa forma.

 

Por quanto tempo pode-se fazer finger feeding?

O ideal é optar pela técnica em momentos específicos já que o dedo é mais rígido que o seio e a quantidade também varia. “O fluxo de leite que sai pela sonda pode ser maior que o do seio e isso causa confusão de fluxo”, explica Fernanda, que também alerta para falta de estímulo da mama, o que pode causar diminuição da produção de leite e levar a um desmame precoce.

 

A obstetriz, consultora em aleitamento e laserterapeuta do Gama – Maternidade Ativa Ana Paula Schimidt Garbulho indicou o método para uma mãe que ficaria um dia apenas sem conseguir amamentar e não queria utilizar a mamadeira. “Ela ia fazer uma cirurgia e ficaria 24 horas longe da bebê. Era bem pontual então optamos por isso”, explica a especialista.

 

Para Shantal e Mateus, a técnica serviu pontualmente também, já que havia a preocupação de confundir o bebê. “Por mais que seja mais difícil mamar pelo canudo do que pela mamadeira, ainda assim é um volume maior de leite do que com o peito, então não pode ser uma coisa que você vai usar com frequência. A gente quer incluir a técnica só quando necessário mesmo e podemos variar, quando for o caso podemos dar a mamadeira com o meu leite ou fazer o finger feeding”, afirma Shantal.

 

E os cuidados?

Um pouco mais trabalhosa, essa estratégia exige cuidado dos pais. A higiene, por exemplo, é um ponto de atenção. “A mão precisa estar bem higienizada ou com luva. Também é bom observar as unhas, em que tamanho estão e se estão sujas. Não é bom reutilizar as sondas, elas são baratas e podem ser descartadas”, diz Ana Paula.

 

Além disso, há um local específico na boca do recém-nascido onde é melhor encaixar o dedo e uma maneira certa de segurar o bebê. Por isso, vale lembrar que é bacana consultar uma profissional que oriente. Mônica Carceles ainda reitera que é necessário uma indicação para o uso da técnica, já que na maioria dos casos, as dificuldades são resolvidas com um bom auxílio de amamentação. “O mais importante é ter um bom acompanhamento inicial para que a pega seja feita adequadamente ou para avaliar qual é o tipo de dificuldade. A técnica não deve ser utilizada sem indicação, avaliação e orientação de profissionais especializados”, garante ela.

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