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A tentativa de reaproximação com os evangélicos é uma obsessão do Partido dos Trabalhadores (PT), já que esse segmento foi o fator decisivo na derrota durante as eleições 2018. Agora, o ex-presidente Lula voltou ao tema e quer fundar “núcleos evangélicos” na legenda.
Lula determinou que o PT crie “núcleos evangélicos” nos estados para aproximar o partido das igrejas e aprofundar o relacionamento. A ideia, que vem sendo articulada há meses, já havia sido ventilada pelo ex-ministro Fernando Haddad, candidato a presidente derrotado, que declarou a intenção de “influenciar evangélicos”.
Esse pedido de Lula mostra que o ex-presidente continua disposto à contradição, desde que recoloque seu partido no poder. Em abril do ano passado, ainda na prisão, o líder petista afirmou que os evangélicos são “preconceituosos”.
Segundo informações do portal Poder 360, Lula declarou que o PT precisa “aprender com os pastores”, já que esses líderes evangélicos “falam bem e o que as pessoas querem ouvir”.
Um dos que simpatizam à proposta do PT é o pastor Daniel Elias, da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, participante do movimento do PT.
No entanto, o líder pentecostal admite que a articulação enfrenta dificuldades: “O grupo ligado à direita chegou primeiro e fidelizou, usando a linguagem do crente, citando a Bíblia. Embora haja evangélicos que não gostem de Bolsonaro, eles estão calados”, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo.
O afastamento dos evangélicos que simpatizavam com o partido aconteceu de forma intensa ao longo dos últimos anos devido à postura mais agressiva adotada no governo Dilma Rousseff (PT), quando ideais de extrema esquerda foram sinalizados pela então presidente, como a proposta de legalização do aborto, adoção da ideologia de gênero nas escolas, entre outros pontos.
Durante a última campanha eleitoral, o plano de governo proposto pelo PT mantinha essas premissas, além de sinalizar com a possibilidade de legalização das drogas. Ademais, falava na criação de uma nova constituição e a transformação do Poder Legislativo – hoje dividido entre Câmara e Senado – em “unicameral”, semelhante ao que foi feito na Venezuela anos atrás e facilitou a perpetuação do chavismo no poder.
Mesmo com toda a intenção de levar o projeto dos “núcleos evangélicos” adiante, muitos integrantes do PT acreditam que a tentativa de atrair as cúpulas das igrejas ou até mesmo os fiéis está fadada ao fracasso, embora vejam espaço para atrair parte do eleitorado que se encaixa nesse segmento.
O assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, Arthur Weintraub – irmão do ministro da Educação, Abraham Weintraub – ironizou a insistência do PT em tentar se alinhar aos evangélicos: “Sabem fazer ao menos uma citação da Bíblia? Sabem explicar como Bíblia acaba no lixo?”, escreveu, recapitulando o episódio constrangedor das últimas eleições presidenciais.
