Rui Car
27/11/2020 08h41

Maradona é enterrado ao lado dos pais em cemitério na Argentina

Multidão se reuniu em Buenos Aires para se despedir do ídolo argentino

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Corpo de Diego Maradona foi enterrado no fim da tarde desta quinta-feira na Argentina (Foto: Emiliano Lasalvia / AFP)

Corpo de Diego Maradona foi enterrado no fim da tarde desta quinta-feira na Argentina (Foto: Emiliano Lasalvia / AFP)

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O corpo de Diego Maradona foi enterrado no fim da tarde desta quinta-feira (26) no cemitério Jardim da Paz, a 35 km de Buenos Aires, em um dia que ficará marcado na história da Argentina – e do mundo. O ex-jogador de futebol foi sepultado ao lado de seus pais. O velório aconteceu na Casa Rosada, sede do governo argentino, onde uma multidão se despediu da lenda, do ídolo Maradona.

 

A cerimônia, inicialmente prevista para terminar as 16h, foi estendida até as 19h, diante da massa de fãs que aguardavam na fila por horas e não conseguiriam se despedir do craque na programação original. Pouco depois desse anúncio, porém, a visitação foi interrompida, e o caixão retirado do local onde estava exposto. 

 

Sem possibilidade de retornar com a visitação, a cerimônia terminou deixando muitos frustrados. Por volta das 18h, o corpo saiu em cortejo de carro – aos gritos de “olé, olé, olé, olé, Diego, Diego” – até o cemitério Jardim da Paz. 

 

Lá estão enterrados os pais de Maradona, Tota e Diego, que morreram em 2011 e 2015, respectivamente. Trata-se de um cemitério-parque. Não há famosos sepultados no local, diferentemente dos emblemáticos da Recoleta e Chacarita, mas ir para lá era a vontade manifestada por Diego, segundo familiares.

 

Antes de as portas da Casa Rosada se abrirem para a multidão de fãs que esperavam para dar o último adeus a Maradona, a família do ídolo se despediu dele numa cerimônia privada, à qual os jornalistas não tiveram acesso. 

 

Estavam presentes sua ex-mulher Claudia Villafañe, suas filhas mais velhas, Dalma e Giannina, e também sua companheira mais recente, Veronica Ojeda, com o filho mais novo, Dieguito Fernando, além de outra filha do ex-jogador, Jana Maradona. Apenas um dos filhos reconhecidos, Diego Júnior, não compareceu, por estar na Itália, em tratamento médico por conta do coronavírus.

 

Centenas de mensagens enviadas por atletas e personalidades políticas de todo o mundo refletiram a popularidade internacional do astro argentino. 

 

Lionel Messi e Pelé, outras estrelas mundiais do futebol, encabeçaram uma longa lista de emotivas despedidas a Maradona.

 

“Ele é um gênio”

 

De acordo com o resultado preliminar da necropsia, Maradona sofreu uma “insuficiência cardíaca aguda, em um paciente com uma miocardiopatia dilatada, e insuficiência cardíaca congestiva crônica que gerou edema agudo de pulmão”.

 

Perto da meia-noite, o corpo do ex-jogador de futebol foi levado do necrotério para uma funerária, de onde foi transportado para a Casa Rosada, cercada por um forte dispositivo de segurança. Claudia Villafañe, ex-esposa de Maradona e suas duas filhas, Dalma e Gianinna, chegaram antes da meia-noite à sede presidencial.

 

No trajeto, e a cada trecho, a caravana de dezenas de viaturas e motocicletas policiais recebia aplausos. Quando o veículo chegou à funerária, quase mil torcedores já estavam no local.

 

— Ele é um gênio, ele é o povo, ele é como nós, a vida, o amor — disse Andrés Quintero, de 42 anos, que viajou duas horas, da cidade de Tigre, para acompanhar o velório.

 

O presidente argentino Alberto Fernández decretou três dias de luto nacional.

 

A morte provocou uma comoção mundial e as homenagens dominaram Buenos Aires. Milhares de torcedores se reuniram na quarta-feira no bairro da Boca, onde fica a célebre Bombonera, ou no central Obelisco. No estádio do Boca Juniors, torcedores criaram um santuário com flores e velas.

 

Torcedores também entraram no estádio Diego Armando Maradona, do Argentinos Juniors, ao noroeste de Buenos Aires, para prestar homenagem ao ídolo. ‘El Pelusa’ estreou neste gramado na primeira divisão aos 15 anos.

 

O estádio foi iluminado durante a noite. “Diego é minha vida, você é a alegria do meu coração”, gritou a multidão.

 

Saúde delicada

 

Maradona se recuperava de uma operação para a retirada de um coágulo da cabeça desde 3 de novembro. No dia 11 ele recebeu alta, mas a saúde do ídolo era delicada e ele enfrentava uma nova síndrome de abstinência.

 

Ele estava com problemas de saúde no dia de seu aniversário de 60 anos em 30 de outubro, quando reapareceu de seu confinamento devido à pandemia no estádio do Gimnasia y Esgrima, equipe que comandava.

 

Seu advogado, Matías Morla, revelou que Diego enfrentava uma depressão quando o coágulo foi detectado.

 

— Ele tinha um comportamento diferente, estava muito deprimido e fazia comentários sobre parentes que haviam falecido, que sentia falta deles — disse.

 

Morte de causas naturais

 

O promotor John Broyard afirmou que a morte do astro do futebol aconteceu ao meio-dia de quarta-feira por causas naturais.

 

Maradona tinha cinco filhos, duas delas, Dalma e Gianinna, com a ex-esposa Claudia Villafañe. Havia desconforto na família com o ambiente em que ele viva nos últimos anos. Seus outros filhos, que teve com três mulheres, são Jana, Diego Júnior, e Diego Fernando. 

 

Maradona passou por várias cirurgias, inclusive em situações dramáticas em 2000 e 2004. Ele também teve uma operação em um joelho e caminhava com extrema dificuldade. Os excessos e vícios estão na origem de seus problemas de saúde.

 
Argentinos se emocionam ao passar pelo caixão do ídolo

Argentinos se emocionam ao passar pelo caixão do ídolo (Foto: TN TV / Reprodução)

O auge de sua carreira aconteceu no título da Argentina na Copa do Mundo do México-1986. Sua partida mais famosa aconteceu nas quartas de final deste Mundial, quando Maradona fez um gol com a mão, a famosa ‘mano de Dios’, e o segundo que é considerado o mais bonito da história das Copas.

 

Maradona havia superado há alguns anos o vício em drogas pesadas. Mas continuava consumindo bebidas alcoólicas e era medicado com tranquilizantes e ansiolíticos.

 

Há algum tempo não era o mesmo. Quando comparecia ao estádio do Gimnasia, não caminhava ou falava da maneira como todos estavam acostumados.

 

Apesar da pandemia, muitos esperam que o velório reúna uma multidão similar aos funerais de Evita em 1952 ou Juan Perón, em 1974.

 

*Com informação da Folhapress.


FONTE: VIA DIÁRIO CATARINENSE – NSC


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