Rui Car
31/07/2019 08h45

Mariana Santos convive com síndrome do pânico há quase 40 anos: “Pequenas mortes”

"Fiz terapia quando criança, comecei com sete anos"

Assistência Familiar Alto Vale
Patrick Monteiro - Yahoo!

Patrick Monteiro - Yahoo!

Delta Ativa

Mariana Santos convive com a síndrome pânico e momentos de ansiedade há quase 40 anos e conversou com o Yahoo! sobre como convive com os sintomas.

 

“Sofro com isso a vida inteira, trabalho com isso a vida inteira e graças a Deus consigo conviver com isso. Administro tudo isso com muita leveza. Fiz terapia quando criança, comecei com sete anos, por já ter indícios de ansiedade andando de carro. Os trajetos são complicados para mim, chegar nos lugares. Quando fico tensa é horrível porque é uma sensação contínua de pequenas mortes. O corpo sente isso”, começou contando.

 

Problemas de locomoção

No ar em ‘Malhação Toda a Forma de Amar’ como a guerreira Carla, ela explicou melhor como são as crises dela. “Tenho pânico de túnel, elevador durante muito tempo foi um problema e só marcava médico em andar baixo; viaduto, avião, imagina! Eu moro em São Paulo, pensa como é minha vida. Eu venci! Não consigo andar de ônibus por causada estrada. Tudo que não se via a rua eu tenho pânico. Só sabe quem tem e ninguém é anormal por ter isso. Estou trabalhando, estou aqui.

 

Depressão x Frustração

Questionada se em algum momento ficou em depressão, ela não se permitiu. “Nunca me deprimia, mas é lógico que tinham momentos que pensava: ‘Ah, não consegui chegar na esquina hoje’; ‘Puts, hoje andei até aqui e passei mal’. Aí caía no lugar da frustração. Mas sempre fui muito bem humorada e nunca me cobrei ser perfeita, a perfeição. Me boicotei muitos anos da minha vida. É muito mais confortável ficar quieta em casa, mas a vontade de trabalhar era muito grande e queria fazer. Muitas vezes estava triste, mas chegava nos Estúdios Globo e melhorava, ou no teatro também.

 

Peça autoral

Mariana vai estrear a peça “Só de Amor’ no próximo dia 2, no Rio, em que conta os percalços do pânico e como fez para superar. “Não conseguia andar sozinha na rua e minha mãe me acompanhava para todos os lugares. Só que tadinha dela, não conseguia dar um passo sozinha. E a vontade de atuar me levava para sair de casa, passando mal mas eu ia. Não tinha dinheiro para táxi e ia desenhando, fazendo circulo nos cadernos, apertando coisas no metrô e acada estação era uma coisa horrível. Chegava lá, ensaiava, estava no céu e a volta era mais uma questão.

 

Desafio de cada dia

Hospedada na Barra da Tijuca, a peça será encenada na Gávea, há uns 30 minutos do local. “Já estou pensando no caminho de volta porque a Avenida Niemeyer estará fechada, terei de pegar um túnel gigantesco… Fujo do metrô, mas consigo. É muito ruim. Ouço uma música, respiro fundo e faço pensamentos positivos. Parece ridículo, mas muita gente passa por isso. Falar ajuda e eu vivo fazendo isso”, afirma.

Justen Celulares