Rui Car
16/04/2019 11h30 - Atualizado em 16/04/2019 08h50

Médicos se enganam e tratam tumor cerebral apenas como ‘dores de cabeça’

Hiley começou a sentir dores de cabeça em novembro de 2017

Assistência Familiar Alto Vale
Por Christina Oehler - Yahoo!

Por Christina Oehler - Yahoo!

Delta Ativa

Depois de 15 idas ao médico devido a enxaquecas, os sintomas de Beckie Hiley continuavam a ser pouco investigados. A britânica, de 19 anos, passou meses lidando com dores de cabeça que a impediam de viver uma vida normal – ela não conseguia ir ao trabalho ou à escola, e mal conseguia comer, sem passar mal. Apesar de seus sintomas debilitantes, os médicos disseram que era apenas uma dor de cabeça. Foi preciso uma ida de emergência ao hospital para ela finalmente conseguir um diagnóstico: câncer no cérebro.

 

Hiley começou a sentir dores de cabeça em novembro de 2017. Na época, ela estava tomando um medicamento para uma condição médica diferente e achou que era apenas um efeito colateral do tratamento. Mas depois de terminar a medicação em março de 2018, a dor piorou. Hiley estava iniciando um novo emprego e, com o passar dos meses, a dor só se tornou mais intensa.

 

 

“[As dores de cabeça] nunca surgiam do nada como se espera em casos de tumores no cérebro”, Hiley disse à Health. “Eu acordava com dor de cabeça – o que por si só já é um sintoma – e ia dormir com dor de cabeça. O único momento no qual eu não sentia a dor era quando estava dormindo.”

 

Hiley diz que os médicos interpretaram os sintomas como dor de cabeça causada por “estresse” ou “tensão”, mas nenhum de seus padrões de dor parecia se encaixar com o que os médicos afirmavam ser o problema. “Pra ser bem sincera, a dor era excruciante”, diz ela.

 

A dor começou na testa, diz Hiley, mas, conforme o tempo foi passando, espalhou por toda a cabeça. No outono de 2018, as dores de cabeça começaram a vir acompanhadas de vômitos intensos, náusea e fadiga.

 

“Eu nem sequer conseguia beber água da torneira. Tudo tinha que ser fervido ou engarrafado para eu conseguir manter no meu estômago”, contou. Por quase um mês, ela tinha a mesma rotina: um dia, ela acordava com uma terrível dor de cabeça. No dia seguinte, ela vomitava qualquer coisa que tentasse comer ou beber. E nos dois ou três dias seguintes, ela ficava doente antes de voltar a se sentir “normal” por alguns dias – e então o padrão se reiniciava.

 

Durante esse tempo, Hiley começou a desenvolver sintomas ainda mais preocupantes, como um zunido no ouvido direito, que ela descobriu mais tarde ser o resultado da pressão em sua cabeça. Apesar de todos esses sintomas, os médicos ainda acreditavam que sua dor era apenas resultado do estresse – mas Hiley sabia que era algo maior do que isso.

 

“Eu tinha uma intuição de que o meu cérebro estava tentando me dizer que havia algo errado e que eu precisava entender a dor que eu estava sentindo e descobrir o que estava causando isso”, diz ela. Durante a pior fase da sua dor, ela começou a sentir sua visão ficar embaralhada. Felizmente, essa foi a razão pela qual ela procurou um oftalmologista – o profissional que finalmente descobriu que ela sofria de algo além de simples dores de cabeça causadas por estresse.

 

O optometrista notou que seu nervo óptico (o nervo que transmite informações visuais ao cérebro) estava inchado, o que finalmente levou os médicos a fazerem uma tomografia computadorizada. O exame mostrou uma lesão em seu lobo frontal, e uma biópsia revelou que ela tinha um tipo de tumor cancerígeno em seu cérebro chamado de astrocitoma gemistocítico.

 

“Obviamente, foi bem difícil de aceitar o meu diagnóstico, mas finalmente alguém me ouviu”, diz Hiley. A jovem teve o tumor removido, mas no início de 2019, exames mostraram que ele havia retornado. “Ser diagnosticada significa que você passa por tantos estágios de tristeza, e ser diagnosticada com um tumor mais de uma vez significa que eu passaria por todo esse processo de novo”, disse ela sobre a recorrência. Ela está passando por quimioterapia e radiação, depois de ter tido sua segunda cirurgia no cérebro em fevereiro.

 

Beckie Hiley
 

“Sentir como se você não estivesse sendo levada a sério, como se ninguém lhe ouvisse, é muito ruim”, diz Hiley. “ Com tantos sintomas ninguém tentou ver além do óbvio. Eu era uma menina jovem, saudável, que tomava uma pílula anticoncepcional conhecida por causar dores de cabeça a outras mulheres, e a culpa das minhas dores foi creditada a pílula. Eu era, no geral, saudável, tirando os sintomas do tumor, mas ver pessoas que se recusam a usar um pouco de bom senso foi uma experiência horrível”.

 

Apesar de sua situação, Hiley está fazendo limonada com os limões que a vida lhe deu: ela usa sua história para conscientizar organizações como The Brain Tumor Charity e HeadSmart para ajudar outras pessoas a aprenderem mais sobre os sinais e sintomas de tumores cerebrais em pessoas jovens.

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