Rui Car
27/03/2017 08h35

O compartilhamento de localizações no Maps voltou

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A Google construiu um império de 580 bilhões de dólares mantendo suas engrenagens de inovação funcionando sempre à frente da concorrência. Mas na quarta-feira passada a empresa realizou uma façanha impressionante e curiosa: impressionou o público com uma ideia de oito anos atrás.

 

A empresa apresentou um novo conjunto de funcionalidades para o seu popular aplicativo Maps, que permite aos usuários compartilhar as suas localizações com amigos e contatos em tempo real. Graças a esta atualização, os usuários do Google Maps agora poderão informar rapidamente os amigos se estão atrasados para uma reunião ou se estão presos no trânsito.

 

Se você está se perguntando por que eles não tinham pensado nisso antes, a resposta é que eles pensaram. Em 2009, quando os smartphones ainda estavam engatinhando, a Google introduziu algo chamado Latitude.

 

O aplicativo Latitude, para citar o post que o anunciava, “permite que você compartilhe sua localização com seus amigos e veja seus locais aproximados, se eles optarem por compartilhá-los com você”. Em outras palavras, é quase exatamente a mesma característica que a Google agora está lançando como a última novidade.

 

Dê uma olhada nos dois lado a lado.

 

Aqui está o Google Latitude, por volta de 2009:

 

 

E aqui está uma captura de tela do novo recurso de compartilhamento de localização do Google Maps:

As interfaces parecem quase idênticas, mesmo que a tecnologia tenha mudado drasticamente nos últimos oito anos. (A versão inicial do Google Latitude era para telefones BlackBerry).

 

No momento que o Latitude foi lançado, o app atraiu preocupações de privacidade generalizada. A Privacy International, um grupo europeu de vigilância, publicou um relatório destacando o risco de que os usuários poderiam não estar cientes de que o Latitude foi habilitado e poderiam, assim, ter suas localizações rastreadas. Uma porta-voz do Google disse à Computerworld na época que a empresa levou a sério os comentários dos usuários sobre privacidade e estava adicionando notificações para alertar os usuários quando o Latitude estava ativado.

 

Oito anos mais tarde, as preocupações com a privacidade não desapareceram, mas, em geral, o clamor foi uma nota de rodapé para a história. Em vez disso, a maior parte da cobertura se concentrou nos benefícios de compartilhar locais – por exemplo, permitindo que os pais acompanhem as crianças que brincam com smartphones – sem se preocupar com como isso poderia dar errado.

 

O mundo mudou desde 2009, quando o Google tentou isso pela primeira vez. Dois bilhões de pessoas estão no Facebook. Milhões de pessoas usam pulseiras que registram sua atividade física. O gadget do momento é um dispositivo meio alto-falante meio microfone com o inocente nome Alexa que os consumidores voluntariamente colocam em suas cozinhas para obter atualizações sobre o clima ou sobre placares esportivos.

 

Não é a primeira vez que um produto polêmico uma vez controverso ressurge em uma embalagem nova alguns anos mais tarde e tem uma recepção muito mais calorosa. Basta ver quanto as pessoas acham legal o Spectacle, um óculos de sol que grava vídeos lançado no ano passado pela empresa que criou o Snapchat, apenas alguns anos após o lançamento do Google Glass.

 

O retorno ao compartilhamento de localização do Google Maps é um bom lembrete da rapidez com que a tecnologia se move e do quão fluidas podem ser nossas normas sociais aparentemente profundamente enraizadas.

 

 

Jéssica Maes/HyperScience

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