Rui Car
21/03/2018 13h48

O que acontece no cérebro do seu filho quando você grita com ele

Saiba que eles trazem danos irreparáveis ao desenvolvimento neurológico da criança

Assistência Familiar Alto Vale
Sempre Família

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Você chega em casa depois de um dia puxado, com vontade de ver seus filhos e passar um tempo com eles – mas ai se eles saírem da linha. Se você costuma gritar com eles, saiba que o dano é irreversível, não apenas no nível das emoções e do relacionamento entre pais e filhos, mas afetando seriamente o desenvolvimento neurológico da criança.

 

“Por mais que logo nos desculpemos com eles por ter perdido a cabeça e demonstremos carinho, o dano está feito”, assegura a psicóloga Piedad Gonzáles Hurtado. Os contínuos gritos “têm seu impacto no cérebro humano e no desenvolvimento neurológico da criança, já que o ato de gritar tem uma finalidade muito concreta em todas as espécies, que é a de alertar um perigo. O nosso sistema de alarme se ativa e libera cortisol, o hormônio do estresse, que tem como finalidade habilitar as condições físicas e biológicas necessárias para fugir ou lutar”.

 

Quando os gritos são parte do dia-a-dia, a liberação excessiva e permanente de cortisol afeta diretamente a formação do cérebro da criança. O hipocampo – estrutura cerebral relacionada com as emoções e a memória – terá um tamanho mais reduzido. “O corpo caloso, ponto de união entre os dois hemisférios cerebrais, também recebe menos fluxo sanguíneo, afetando assim o seu equilíbrio emocional, a sua capacidade de atenção e outros processos cognitivos”, diz Gonzáles.

 

Um estudo conjunto da Universidade de Michigan e a de Pittsburgh, publicado na revista Child Development, verificou como isso afeta o comportamento das crianças. Em uma pesquisa com quase mil famílias compostas por pai, mãe e filhos entre 13 e 14 anos, os pesquisadores constataram que 45% das mães e 42% dos pais admitiram ter gritado com seus filhos e em alguns casos os insultado. Os adolescentes dessas famílias desenvolveram diversos problemas de conduta no ano sucessivo, diferentemente daqueles de famílias sem gritos – desde dificuldades no aprendizado e sintomas de depressão até brigas na escola e pequenos roubos em lojas.

 

“O problema é que algumas pessoas repetem o padrão educativo de seus pais e podem pensar que utilizar os gritos serve para manejar o comportamento inadequado de seus filhos”, diz Gonzáles. “Custa se desprender do que foi aprendido. Agora, adultos, são incapazes de usar outras ferramentas, outras alternativas mais úteis e respeitosas”.

 

“Mas é possível modificar condutas que reconhecemos que são daninhas para os nossos filhos”, garante a psicóloga. Ela recomenda que se aplique estratégias claras, como ficar atento, manter a calma e parar para refletir antes de reagir a alguma estripulia, bem como buscar distrações, canalizando a energia da ira para alguma atividade produtiva. Mas se o problema persistir e o grito for um padrão habitual de relacionamento com os filhos, é muito importante buscar ajuda psicológica.

 

 

Com informações de ABC.

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