Rui Car
02/04/2018 08h10

Operários de Jesus: O Inferno na Visão Espírita (Parte 02)

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Localizados o Céu e o inferno, as seitas cristãs foram levadas a não admitir para as almas senão duas situações extremas: a felicidade perfeita e o sofrimento absoluto. O purgatório é apenas uma posição intermediária e passageira, ao sair da qual as almas passam, sem transição, à mansão dos justos.

Outra não pode ser a hipótese, dada a crença na sorte definitiva da alma após a morte. Se não há mais de duas habitações, a dos eleitos e a dos condenados, não se podem admitir muitos graus em cada uma sem admitir a possibilidade de os franquear e, conseguintemente, o progresso. Ora, se há progresso, não há sorte definitiva, e se há sorte definitiva, não há progresso. Jesus resolveu a questão quando disse: “Há muitas moradas na casa de meu Pai.”13 (João, 14:2.)

Os limbos

É verdade que a Igreja admite uma posição especial em casos particulares.

As crianças falecidas em tenra idade, sem fazer mal algum, não podem ser condenadas ao fogo eterno, mas também, não tendo feito bem, não lhes assiste direito à felicidade suprema. Ficam nos limbos, diz-nos a Igreja, nessa situação jamais definida, na qual, se não sofrem, também não gozam da bem-aventurança. Esta, sendo tal sorte irrevogavelmente fixada, fica-lhes defesa para sempre. Tal privação importa, assim, um suplício eterno e tanto mais imerecido, quanto é certo não ter dependido dessas almas que as coisas assim sucedessem. O mesmo se dá quanto ao selvagem que, não tendo recebido a graça do batismo e as luzes da Religião, peca por ignorância, entregue aos instintos naturais. Certo, este não tem a responsabilidade e o mérito cabíveis ao que procede com conhecimento de causa. A simples lógica repele uma tal doutrina em nome da Justiça de Deus, que se contém integralmente nestas palavras do Cristo: “A cada um, segundo as suas obras.” Obras, sim, boas ou más, porém praticadas voluntária e livremente, únicas que comportam responsabilidade. Neste caso não podem estar a

criança, o selvagem e tampouco aquele que não foi esclarecido.

Quadro do inferno pagão

O conhecimento do inferno pagão nos é fornecido quase exclusivamente pela narrativa dos poetas. Homero e Virgílio dele deram a mais completa descrição, devendo, contudo, levar-se em conta as necessidades poéticas impostas à forma. A descrição de Fénelon, no Aventuras de Telêmaco, posto que haurida na mesma fonte quanto às crenças fundamentais, tem a simplicidade mais concisa da prosa.

Descrevendo o aspecto lúgubre dos lugares, preocupa-se, principalmente, em realçar o gênero de sofrimento dos culpados, estendendo-se sobre a sorte dos maus reis com vista à instrução do seu régio discípulo. Por muito popular que seja esta obra, nem todos têm presente à memória a sua descrição, ou não meditaram sobre ela de modo a estabelecer comparação, e assim acreditamos de utilidade reproduzir os tópicos que mais diretamente interessam ao nosso assunto, isto é, os que se referem especialmente às penas individuais. “Ao entrar, Telêmaco ouve gemidos de uma sombra inconsolável:

Qual é, pergunta-lhe, a vossa desgraça? Quem fostes na Terra?

Nabofarzan,  responde a sombra, rei da soberba Babilônia.

Ao ouvir meu nome tremiam todos os povos do Oriente; fazia-me adorar pelos babilônios num templo todo de mármore, representado por uma estátua de ouro, a cujos pés se queimavam noite e dia os preciosos perfumes da Etiópia; jamais alguém ousou contradizer-me sem de pronto ser punido; inventavam-se dia a dia prazeres novos para tornar-me a vida mais e mais deliciosa.

“Moço e robusto, quantos, infelizmente! quantos prazeres me restavam ainda por usufruir no trono! Mas certa mulher, que eu amava e que me não correspondia, fez-me sentir claramente que eu não era um deus: envenenou-me, e… nada mais sou. As minhas cinzas foram ontem encerradas com pompa em urna de ouro: choraram, arrancaram cabelos, pretenderam fingidamente atirar-se às chamas da minha fogueira, a fim de

morrerem comigo, vão ainda gemer junto do túmulo das minhas cinzas, mas ninguém me deplora; a minha memória horroriza a própria família, enquanto aqui embaixo sofro já horríveis suplícios.”

Telêmaco, compungido ante esse espetáculo, diz-lhe: Éreis vós verdadeiramente feliz durante o vosso reinado? Sentíeis porventura essa paz suave sem a qual o coração se conserva opresso e abatido em meio das delícias? Não, respondeu o babilônio, não sei mesmo o que quereis dizer. Os sábios exaltam essa paz como bem único; quanto à raiva,

nunca a senti, meu coração agitava-se continuamente por novos desejos de temor e de esperança. Procurava aturdir-me com o abalo das próprias paixões, tendo o cuidado de entreter essa embriaguez para torná-la permanente, contínua; o menor intervalo de razão, de calma, ser-me-ia muito amargo. Eis a paz que fruí; qualquer outra parece-me antes uma fábula, um sonho. São esses os bens que choro.

Assim falando, o babilônio chorava qual homem pusilânime, enervado pelas prosperidades, desabituado de suportar resignadamente uma desgraça. Havia junto dele alguns escravos mortos em homenagem honrosa aos seus funerais. Mercúrio15 os entregara a Caronte com o seu rei, outorgando-lhes poder absoluto sobre esse rei, a quem tinham servido na Terra. Essas sombras de escravos não temiam a sombra de Nabofarzan, que retinham encadeada, infligindo-lhe as mais cruéis afrontas. Dizia-lhe uma: Não éramos nós homens iguais a ti? Insensato que eras, julgavas-te um deus, a ponto de esqueceres a tua origem comum a todos os homens.

Continua na próxima semana.

Com base no livro: O céu e o inferno de Allan Kardec.

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