Rui Car
09/04/2018 08h15

Operários de Jesus: O Inferno na Visão Espírita (Parte 03)

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Esboço do inferno cristão

A opinião dos teólogos sobre o inferno resume-se nas seguintes citações.  Esta descrição, sendo tomada dos autores sagrados e da vida dos santos, pode tanto melhor ser considerada como expressão da fé ortodoxa na matéria, quanto é ela reproduzida a cada instante, com pequenas variantes, nos sermões do púlpito evangélico e nas instruções pastorais.

“Os demônios são puros Espíritos, e os condenados, presentemente no inferno, podem ser considerados puros Espíritos, uma vez que só a alma aí desce, e os restos entregues à terra se transformam em ervas, em plantas, em minerais e líquidos, sofrendo inconscientemente as metamorfoses constantes da matéria. Os condenados, porém, como os santos, devem ressuscitar no dia do juízo final, retomando, para não mais deixá-los, os mesmos corpos carnais que os revestiam na vida. Os eleitos ressuscitarão,

contudo, em corpos purificados e resplendentes, e os condenados em corpos maculados e desfigurados pelo pecado. Isso os distinguirá, não havendo mais no inferno puros Espíritos, porém homens como nós. Conseguintemente, o inferno é um lugar físico, geográfico, material, uma vez que tem de ser povoado por criaturas terrestres, dotadas de pés, mãos, boca, língua, dentes, ouvidos, olhos semelhantes aos nossos, sangue nas

veias e nervos sensíveis. Onde estará esse inferno? Alguns doutores o têm colocado nas entranhas mesmas do nosso globo; outros não sabemos em que planeta, sem que o problema se haja resolvido por qualquer concílio. Estamos, pois, quanto a este ponto, reduzidos a conjecturas; a única coisa afirmada é que esse inferno, onde quer que exista, é um mundo composto de elementos materiais, conquanto sem Sol, sem estrelas, sem Lua, mais triste e inóspito, mais desprovido de todo gérmen e das aparências benéficas que porventura se encontram ainda nas regiões mais áridas deste mundo em que pecamos. Os teólogos mais circunspectos não se atrevem, à semelhança dos egípcios, dos hindus e dos gregos, a descrever os horrores dessa morada, limitando-se a no-la mostrar como premissas no pouco que dela fala a escritura, o lago de fogo e enxofre do Apocalipse e os vermes de Isaías,  esses vermes que formigam eternamente sobre os cadáveres do Tofel, e os demônios atormentando os homens que eles levaram à perdição, e os homens a chorarem, rangendo os dentes, segundo a expressão dos evangelistas.

Santo Agostinho não concorda que esses sofrimentos físicos sejam apenas reflexos de sofrimentos morais e vê, num verdadeiro lago de enxofre, vermes e verdadeiras serpentes saciando-se nos corpos, casando suas picadas às do fogo. Ele pretende mais, segundo um versículo de Marcos, que esse fogo estranho, posto que material como o nosso e atuando sobre corpos materiais, os conservará como o sal conserva o corpo das vítimas. Os condenados, vítimas sempre sacrificadas e sempre vivas, sentirão a tortura desse fogo que queima sem destruir, penetrando-lhes a pele; serão dele embebidos e saturados em todos os seus membros, na medula dos ossos, na pupila dos olhos, nas mais recônditas e sensíveis fibras do seu ser. A cratera de um vulcão, se aí pudessem submergir, ser-lhes-ia lugar de refrigério e repouso.

Assim falam com toda a segurança os teólogos mais tímidos, discretos e comedidos; não negam que haja no inferno outros suplícios corporais, mas dizem que para afirmá-lo lhes falta suficiente conhecimento, pelo menos tão positivo como o que lhes foi dado sobre o suplício horrível do fogo e dos vermes. Há, contudo, teólogos mais ousados ou mais esclarecidos que dão do inferno descrições mais minuciosas, variadas e completas.

E conquanto se não saiba em que lugar do Espaço está situado esse inferno, há santos que o viram. Eles não foram lá ter com a lira na mão, como Orfeu; de espada em punho, como Ulisses, mas transportados em espírito. Desse número é Santa Teresa. Dir-se-ia, pela narrativa da santa, que há uma cidade no inferno: ‘Ela aí viu, pelo menos, uma espécie de viela comprida e estreita como essas que abundam em velhas cidades, e percorreu-a horrorizada, caminhando sobre lodoso e fétido terreno, no qual pululavam monstruosos repteis. Foi, porém, detida em sua marcha por uma muralha que interceptava a viela, em cuja muralha havia um nicho onde se abrigou, aliás sem poder explicar a ocorrência. Era’, diz ela, ‘o lugar que lhe destinavam se abusasse, em vida, das graças concedidas por Deus em sua cela de Ávila.

Apesar da facilidade maravilhosa que tivera em penetrar esse nicho, não podia sentar-se, ou deitar-se, nem manter-se de pé. Tampouco podia sair. Essas paredes horríveis, abaixando-se sobre ela, envolviam-na, apertavam-na como se fossem animadas de movimento próprio. Parecia-lhe que a afogavam, estrangulando-a, ao mesmo tempo que a esfolavam e retalhavam em pedaços. Ao sentir queimar-se, experimentou, igualmente, toda a sorte de angústias. Sem esperança de socorro, tudo era trevas em torno de si, posto que através dessas trevas percebesse, não sem pavor, a hedionda viela em que se

achava, com a sua imunda vizinhança. Este espetáculo era-lhe tão intolerável quanto os apertos mesmos da prisão.’

Esse não era, sem dúvida, mais que um pequeno recanto do inferno. Outros viajantes espirituais foram mais favorecidos, pois viram grandes cidades no inferno, quais enormes braseiros: Babilônia e Nínive, a própria Roma, com seus palácios e templos abrasados, acorrentados todos os habitantes.

Traficantes em seus balcões, sacerdotes reunidos a cortesãos em salas de festim, chumbados às cadeiras ululantes, levando aos lábios rubras taças chamejantes. Criados genuflexos em ferventes cloacas, braços distendidos, e príncipes de cujas mãos escorria em lava devoradora o ouro derretido.

Continua na próxima semana.

Com base no livro: O céu e o inferno de Allan Kardec.

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