Rui Car
09/03/2017 10h45 - Atualizado em 09/03/2017 08h19

Piadas – sobretudo sem graça – podem custar o seu emprego

Perdendo o emprego e a piada

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Quem não conhece o ditado “Perco o amigo, mas não perco a piada”? Volta e meia essa expressão aparece para justificar uma oportunidade não desperdiçada de ser espirituoso, em que se pese o alvo do gracejo. No ambiente de trabalho, porém, uma piada — sobretudo aquelas sem-graça — pode-lhe custar não só um amigo, mas também o emprego. Embora seja preciso encarar as dificuldades com bom-humor nesses tempos de crise, vale a pena pensar duas vezes antes de querer ser engraçado diante dos colegas de escritório.

 

Uma série de oito experimentos realizada por psicólogos demonstrou como o humor pode influenciar seriamente o status de uma empresa e de seus funcionários. O resultado do estudo, divulgado pelo Journal of Personality and Social Psychology, mostra o quanto a relação entre o humor (quando bem-sucedido em divertir as pessoas) e o status profissional é mediada pela sensação de competência e confiança. Piadas engraçadas, segundo os pesquisadores, aumentariam a percepção positiva do contador pelas pessoas ao redor, ao passo que anedotas inapropriadas diminuiriam o “conceito” que se faz de quem as conta.

 

Reunindo 457 voluntários, uma empresa de fachada foi criada exclusivamente para o experimento com o intuito de colocar à prova o status do profissional diante do impacto de suas piadas. Os voluntários tiveram de avaliar nove piadas diferentes, classificando-as como engraçadas ou não, além de opinar se elas seriam adequadas para o ambiente em que estavam. Em seguida, as mesmas anedotas avaliadas anteriormente foram encenadas na empresa fictícia, de modo que os voluntários a avaliassem dentro de um contexto mais corporativo. Num primeiro momento, ouviam uma conversa comum entre funcionários — sem as piadas — e num segundo momento ouviam a mesma conversa, porém com uma anedota inserida “no roteiro”. A ideia era que os voluntários julgassem a personalidade desses funcionários nas duas situações, levando em conta critérios como a competência e a confiança inspiradas por eles.

 

O resultado dos experimentos apontou que piadas inadequadas podem ser um grande problema para a imagem profissional de uma pessoa. De maneira geral, os funcionários que contaram piadas inapropriadas, de acordo com a visão dos voluntários, foram avaliados negativamente, apresentando baixos índices de credibilidade, competência e confiança. Em contrapartida, as piadas consideradas engraçadas e que não destoaram do ambiente profissional acabaram ajudando na avaliação positiva dos funcionários.

 

Não é segredo que um pouco de humor nas empresas, onde o clima pode ser bem sisudo e pouco propenso à descontração, pode ajudar na produtividade, desarmando as pessoas e arrefecendo as hierarquias. Brincadeiras, longe de serem um fator de distração, desempenham um fator decisivo no relacionamento interpessoal. Um estudo sobre o papel do humor no trabalho, divulgado pela publicação britânica Leadership & Organization Development, mostra inclusive que o uso de humor autodepreciativo no trabalho por um líder pode ajudá-lo a passar uma imagem mais acessível a seus subordinados. Mas como tudo tem limite, vale dosar o bom-humor, sob o risco de prejudicar sua carreira ao passar uma impressão que não inspire confiança. Evitar piadas sexistas e preconceituosas em geral é o básico. Lembre-se: ria com as pessoas, e não delas.

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